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Festa da Sagrada Família de Nazaré22/12/2020 g4xb

“Jesus, Maria e José, nossa família vossa é!”
 
Tema central da Liturgia
 
A liturgia de hoje chama-nos à reflexão sobre a atualidade dos valores do Reino de Deus que devem ser observados na vivência familiar. É importante ressaltar que a família sempre foi, ao longo da História da Salvação, lugar privilegiado do encontro entre a humanidade e Deus e, portanto, lugar da bênção. Mirando o exemplo da Sagrada Família de Nazaré somos chamados a acolher Jesus em nossos lares e nos dispormos como um todo a seguir seus os exercitando a oração que abre a família a fazer sempre a vontade de Deus.
 
Que o Bom Deus abençoe hoje e sempre sua família! Digamos com confiança e fé: “Jesus, Maria e José, nossa família vossa é”!
 
 
1ª Leitura: Eclo 3, 3-7.14-17a
 
A primeira leitura de hoje pertence ao Livro do Eclesiástico, também chamado, por conta de seu autor, “Sabedoria de Jesus, filho de Sirac” ou simplesmente Livro do Sirácida. Jesus ben Sirac foi um sábio homem de Israel que, em torno do ano 185 a.C., reuniu neste livro as pérolas da sabedoria hebraica. Originalmente o livro foi escrito em hebraico, mas, mais ou menos cinquenta (50) anos depois foi traduzido para o grego, pelo neto do autor, daí o prólogo. Ao longo dos anos este livro alcançou grande sucesso entre os judeus, daí, recebeu várias recensões e comentários; também em âmbito cristão recebeu grande destaque, por isso, acabou por ganhar o nome de “Eclesiástico”, por conta de seu constante uso nas liturgias.
 
A Bíblia da CNBB traz a preciosa informação sobre autor e contexto de produção: “Jesus ben Sira viveu por volta de 200 a.C., quando os judeus de Jerusalém tinham boas relações com seus governantes egípcios (os primeiros ptolomeus, sucessores de Alexandre Magno no Egito, que inclusive mandaram traduzir a Bíblia para o grego). Foi contemporâneo do irável sumo sacerdote Simão II (pai de Onias III, assassinado pouco antes da perseguição desencadeada pelo rei sírio Antíoco Epífanes; cf. Mc 4, 30-35). Composto, portanto, antes da crise do helenismo, o livro respira um ar cosmopolita. É uma valiosa amostra do ambiente judeu-helenista de Jerusalém no início do 2º século a.C., quando ali conviviam as culturas judaica e grega. O livro parece responder do ponto de vista da fé aos questionamentos do Eclesiastes, escrito pouco antes”.
 
Partindo do conteúdo, o Livro do Eclesiástico pode ser subdivido em quatro partes:
 
Cap. 1 – 23: máximas sapienciais colocadas na boca do sábio.
Cap. 24, 1 – 42, 14: fala da Sabedoria personificada; outras máximas do sábio.
Cap. 42, 15 – 50, 31: elogio da criação e dos anteados.
Cap. 51: apêndice ao livro contendo oração e exortação.
 
É importante ressaltar que a convivência da cultura judaica com a helênica em Jerusalém não foi das mais amistosas, pois, a segunda estava praticamente sufocando a primeira. Daí, é necessário ter em mente que intencionalidade do autor do Eclesiástico ao compilar estas máximas sapienciais: é uma clara atitude de resistência à cultura grega; por isso, o forte apelo à tradição. Nossa perícope de hoje localiza-se na primeira parte do livro, lugar do ajuntamento da sabedoria tradicional do povo. A fim de manter vivas história e tradição judaicas, Jesus ben Sirac redigirá as máximas sapienciais do povo como que um pai amoroso e cuidadoso dando ensinamento a seu filho (cf. v. 19a).
 
Justamente por este pano de fundo, o tema familiar será muito enfatizado por este sábio. Em nossa perícope em questão, Jesus ben Sirac irá compilar uma série de ditos sapienciais sobre a família, todos voltados para a ação prática dos filhos para com os pais, relacionando-os ao quarto mandamento do decálogo mosaico: “Honrar pai e mãe” (cf. Ex 20, 12); daí, ele utilizar o verbo “honrar/respeitar” cinco (05) vezes neste pequeno trecho cf. v. 3-7). Honrar/respeitar é levar em consideração, dar seu devido lugar ou peso a alguém, reconhecendo, assim, a real importância dos pais nas vidas dos filhos como presença divina, fonte de vida. Entretanto, tal sabedoria filial implica ações bem práticas: amparar os pais na velhice e não lhes causar desgosto (cf. v. 14), na velhice deles, ser compreensivo e não os humilhar (cf. v. 15a). Ao filho que assim honrar/respeitar seus pais, alcança o perdão dos pecados, evita cometê-los no futuro e terá sua oração ouvida (cf. v. 4), ajunta tesouros para Deus (cf. v. 5), terá alegria com seus próprios filhos e quando orar será atendido (cf. v. 6), terá vida longa e será um consolo para sua mãe (cf. v. 7), toda caridade exercida para com os pais não será esquecida ou em vão, mas, servirão para sua própria edificação servindo como reparação dos pecados pessoais (cf. v. 15-17a).
 
 
Salmo 127 (128), 1-5 (R/. cf. 1)
 
O salmo de hoje é um Salmo Sapiencial. Hermann Gunkel assim define este gênero sálmico:
 
Enquanto há elementos sapienciais encontrados em salmos de uma variedade de gêneros, há salmos que exibem uma concentração de temas sapienciais para serem considerados de um tipo distinto. Como tal, estes salmos não exibem um padrão singular único, mas compartilham de um número de características, incluindo:
(1) O salmista fala de suas palavras como sabedoria, instrução, etc.
(2) Ele descreve o “temor do Senhor”.
(3) Ele aborda seus ouvintes como “filhos”.
(4) Ele adverte, ensina, e usa figuras, técnicas de pergunta e resposta, bem-aventuranças, descrições dos caminhos do Senhor. 
 
De forma geral, o Salmo 127 (128) apresenta sapiencialmente um lar que vive na presença do Senhor. A casa onde reina o amor de Deus é um lar feliz, que goza de paz e da alegria verdadeiras; o chefe da família é abençoado no trabalho, na casa, na esposa e nos filhos.
 
 
2ª Leitura: Cl 3, 12-21
 
Para enfrentar as dificuldades que a comunidade de Colossas ava, o Apóstolo trabalhará três aspectos centrais em sua epístola: I) parte dogmática (1, 15 – 2, 5), II) advertência contra os erros (2, 6 – 3, 4) e III) exortações quanto à vivência particular e familiar da fé cristã em espírito apostólico (3, 5 – 4, 6).
 
A Bíblia tradução CNBB assim nos situa sobre esta carta: “A Carta aos Colossenses (Cl) deve ser situada certo tempo depois das grandes cartas, talvez durante o cativeiro em Cesaréia ou em Roma (por volta de 60 dC). Redigida por um colaborador de Paulo, este a assinou de próprio punho (4, 18).
Paulo não era pessoalmente conhecido em Colossas, cidade na Ásia Menor (Turquia). A comunidade ali foi evangelizada por Epafras, que trabalhou também em Laodicéia, comunidade irmã dos colossenses e parceira no intercâmbio da correspondência (2, 1; 4, 12-16). A carta aos Colossenses é destinada também aos fiéis de Laodicéia e servirá, depois, como modelo para a carta circular conhecida como “carta aos Efésios” (Ef).
A intenção da carta pode ser de proteger a comunidade contra pessoas que desprezam a simplicidade do evangelho de Cristo e o complicam com especulações cósmicas e prescrições ascéticas, bem ao gosto de certa cultura helenista, talvez misturada com elementos da tradição judaica”.
 
O ideal viver cristão (v. 12-17): Estamos nas exortações do Apóstolo sobre a forma do bem viver a fé. É importante ressaltar que Paulo instrui a comunidade de Colossas a viver de nova forma, abandonar o velho e aderir radicalmente ao novo, por isso, deixa bem clara a vocação cristã: “Vós sois amados por Deus, sois os seus santos eleitos” (v. 12a) e corpo de Cristo que vive sua paz (cf. v. 15). Por isso, todos devem revestir-se de sincera misericórdia, bondade humildade, mansidão e paciência (v. 12b), virtudes fundamentais para que a comunidade seja um ambiente de acolhida e crescimento mútuo, dando condições, de seus membros serem es uns para com os outros e vivam a reconciliação e o perdão (cf. v. 13). Todavia, o mais importante na comunidade deve ser o amor, capaz de conduzir todos os membros à perfeição/santidade (cf. v. 14). Para que a comunidade seja tudo isto, porém, é necessário que se viva a paz de Cristo (cf. v. 15) e que a palavra do mesmo Cristo habite em todos os membros (cf. v. 16a), pois, tudo o que os membros da comunidade cristã devem fazer seja em nome do Senhor Jesus Cristo (cf. v. 17), justamente por isso, há a necessidade da exortação e oestação mútua, sendo a correção fraterna exercida com sabedoria (cf. v. 16b).
 
O ideal viver cristão em família (v. 18-21): apresentada a forma comunitária do viver cristão, Paulo se dirige especificamente às famílias cristãs. É interessante notar que todo o dito para a vivência comunitária deve estar presente como pressuposto na constituição da família cristã, assim, tudo o que foi dito antes deve haver aqui. Com este pressuposto, o Apóstolo aprofunda um pouco mais o nível relacional familiar, demonstrando a corresponsabilidade para o bem-viver familiar de todos os membros que a constituem. As esposas devem ser solícitas aos maridos, ou seja, devem acolhê-los com respeito e ser suas auxiliares (cf. v. 18). Os maridos devem amar suas esposas e não devem ser grosseiros para com elas, demonstrando igual respeito e não se portando como donos destas (cf. v. 19). Os filhos devem ter presente a constante obediência aos pais [aqui é necessário ter mente as instruções da Primeira Leitura de hoje] (cf. v. 20). Os pais não devem exigir demais dos filhos, a fim de que estes não tenham seu progresso natural interrompido ou dificultado por cobranças em demasia (cf. v. 20).
 
 
Evangelho: Lc 2, 22-40
 
O Evangelho de hoje preocupa-se em nos apresentar a identidade de Jesus mesmo a parir de sua tenra idade: verdadeiro Deus e verdadeiro homem, o messias libertador da humanidade. Para tal, há a apresentação de um quadro muito bem definido (o Templo de Jerusalém) e os testemunhos de duas pessoas em sintonia com Deus e seu projeto de salvação (Simeão e Ana).
 
A apresentação no Templo (v. 22-24): a Lei previa que todo primogênito do sexo masculino deveria ser apresentado ao Senhor (cf. Ex 13, 1-2.11-16). É preciso ressaltar que o costume de oferecer a Deus o primogênito masculino desde meninos a animais vem da cultura cananeia, da qual os hebreus acabaram por absorver algumas práticas. Porém, o povo hebreu não tomou este costume em sua integralidade: embora pertencentes a Deus, os primogênitos oferecidos ao Senhor seriam apenas humanos e estes, não seriam dados em sacrifício, mas, substituídos por animais – no caso dos pobres um casal de rolinhas ou pombas (cf. v. 23-24, numa clara referência a Lv 12, 2-8 que legisla sobre o prazo de quarenta dias após o nascimento e o animal a ser ofertado no Templo: ritos de apresentação do recém-nascido e purificação da mãe). É interessante notar que os pais de Jesus observando a tradição do povo demonstram a verdadeira humanidade daquele que viria a ser o redentor e salvador da humanidade e atestam em ação de graças o pertencimento daquele menino ao Senhor e, ao mesmo tempo, fica claro que Jesus não veio abolir a Lei e os profetas, mas, na radical obediência a Deus, levar tudo à perfeição.
 
Simeão (v. 25-35) e Ana (v. 36-38): se o rito da apresentação pode ser visto como alegação da verdadeira humanidade de Jesus, por outro lado, os testemunhos destes dois anciãos atestam sua verdadeira divindade e que o tempo do encontro definitivo entre Deus e a humanidade havia chegado. É interessante notar que os dois testemunhos mostram a possibilidade do caminho de fé tanto para homens quanto para mulheres e também para todas as classes sociais – justamente por isso Ana é descrita como viúva, condição extremamente vulnerável socialmente naquela cultura. Ademais, por serem idosos, atestam a tradição ligada a Deus e que não se corrompera com o ar dos tempos, mas, apesar de todos os sofrimentos, permanecera fiel e atenta aos desígnios divino, aguardando a libertação.
 
_ Simeão: após a apresentação de Simeão, um homem já vivido e com intimidade com Deus, e suas motivações (cf. v. 25-27), suas ações estão em função de apresentar quem é Jesus: ao tomar Jesus nos braços o velho Simeão apresenta aquela criança como a salvação para o Povo e também para todas as nações, ou seja, aqui ele diz da salvação universal (cf. v. 28-32); apresenta também seu messianismo como ponto de contradição entre os povos e, por isso, o tema da espada de dor que trasará todos que se deixam guiar pelo seu seguimento como discípulos e abrem mão de certas tradições e formas de ser arraigadas na cultura, mas, já caducas e fora de sintonia com o projeto de Deus (cf. 34-35).
 
_Ana: uma mulher, profetiza, já idosa e toda voltada para Deus (cf. v. 36-37) também apresenta quem é aquele menino: ela encarna o princípio do discipulado do Reino de Deus, ou seja, após profunda experiência de fé com Jesus, a a anuncia-lo a todos como o salvador/libertador do povo (cf. v. 38).
 
Volta para Nazaré e crescimento do menino (v. 39-40): finalmente, a perícope nos reconduz a Nazaré (cf. v. 39), deixando evidente o local onde Jesus, com sua família, se criara; porém, se há esta importante referência à sua humanidade, local onde ele moldou seu caráter e se preparou para sua missão, há também a importante informação de sua divindade: crescia em sabedoria e graça, deixando claro que o contato com o Pai era constante e, por isso, recebia os atributos divinos (cf. v. 40). 
 
Pe. Bruno Alves Coelho, C.Ss.R.
 

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