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Cor Inquietum18/02/2014 2l455e

         

         Foi Santo Agostinho (354-430 d.C.) quem cunhou essa expressão, a qual se encontra em sua obra “Confissões”, o livro que trata do seu “itinerário da interioridade”. A expressão “cor inquietum” se refere ao coração que caminha em ascensão a Deus, que ultraa o plano da contingência humana, marcada por suas vicissitudes, e busca repouso na interioridade, que é, acima de tudo, abertura para o Transcendente: “Fizeste-nos para Ti e inquieto está o nosso coração enquanto não repousar em Ti”. O coração para Agostinho é a sede do amor, ele é o meio pelo qual compreendemos nossa vida, nossa interioridade, nossa vocação, nossa fé. “Corde enim creditur”. É preciso crer também com o coração, colocar afeto, paixão, para conhecermos a Verdade. E a Verdade, para ser conhecida, precisa, antes, ser amada.

 

O coração inquieto é um convite à abertura de espírito, e por isso é a fonte da criatividade humana. Quem tem abertura de espírito é capaz de deixar-se inundar constantemente pela fonte da verdade e do amor. Só há criação autêntica se possuímos um coração buscador, capaz de nos colocar em movimento no aprendizado de “mais-Ser”. O espírito inventivo nasce a partir daí, do coração inquieto, pois ele aguça nossa curiosidade, e nos põe numa relação de empatia com a realidade na qual estamos enraizados, permitindo-nos captar os sinais do dia-a-dia, os dons da graça de Deus e o movimento que devemos realizar no cotidiano da vida. Aquele que tem o coração inquieto está sempre antenado, em sintonia com a voz do Deus que fala na interioridade de quem nós somos.

 

 O “cor inquietum” é por excelência o coração do artista, do profeta, do poeta, mas também de todo aquele que empreende a difícil e prazerosa tarefa de se humanizar, de buscar a inteireza, de “crescer em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2, 52). O coração inquieto é também o lugar natural da esperança que dá sentido à nossa vida e que nos possibilita enxergar o plano de Deus para a nossa existência. É por ter um coração que nos convida à abertura de espírito que o ser humano sonha, deseja, realiza e cria sua marca, sua singularidade na história e permanece em simpatia com os outros.

 

Santo Afonso nos ensina a colocar todo o nosso afeto em tudo o que fazemos, desde o nosso relacionamento com Deus até a realização de nossa vocação. Só podemos nos engajar ou assumir uma causa se antes nós a amamos, se lhe dedicamos afeto, atenção, cuidado. “Tudo aquilo em que ponho afeto fica mais rico e me devora”, é o que nos lembra o poeta Rilke. Muitas vezes, nós assumimos muitos projetos, nos dedicamos a inúmeras causas, estamos envolvidos com mil e uma atividades, mas até que ponto o nosso coração está realmente em sintonia com aquilo que fazemos? E as escolhas vocacionais que fazemos? Elas realmente ocupam espaço central em nossa vida, são opções fundamentais de um coração inquieto por novos horizontes? O quanto de coração, ou seja, o quanto de envolvimento e investimento afetivo colocamos em nossas escolhas e projetos?

 

         O “cor inquietum” de Agostinho nos convida a exercitarmos nossa criatividade, que dá dinamismo e esperança para a vida. Convida também a deslocarmos o foco da exterioridade, dos nossos ativismos, para fazermos um caminho inverso, o da interioridade, porque é lá que realmente encontraremos a motivação verdadeira para nossas ações e poderemos verificar se estas são coerentes com os desejos de nosso coração. Poderemos verificar se, de fato, acreditamos naquilo que fazemos, e se somos agradecidos, sensíveis à Graça que nos convoca no aqui e agora da existência.       

 

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