"Missionários da Esperança, 4c4y72

continuando os os do Redentor" 2p5jq

(Sexênio 2023 - 2028) 2v2x1p




Home > formacoes > 27º Domingo do Tempo Comum – Ano A

27º Domingo do Tempo Comum – Ano A02/10/2020 46404d

 “O Reino de Deus vos será tirado e entregue a um povo que produza frutos” (Mt 21, 43)

 
Tema central da Liturgia da Palavra
 
O centro da liturgia de hoje é o povo e seu Deus, apresentados como a vinha e o vinhateiro. De forma bela a liturgia da palavra evidencia o cuidado que Deus dispendeu para com seu povo ao longo da História da Salvação, mas, este mesmo povo não foi fiel à sua vocação. Justamente por isso, esgotas as possibilidades divinas de apelo à produção de bons frutos, esta vinha perdeu sua proteção e fora entregue aos seus caprichos (Primeira Leitura). Todavia, devido à súplica de seu povo e à sua fidelidade à Aliança firmada, Deus não a abandonou para sempre (Salmo). Contudo, outra vez mais esta vinha não produziu bons frutos... agora, ela não será destruída, mas, entregue a novos agricultores (Evangelho). Cabe aos cristãos, daqui por diante, produzirem bons frutos (Segunda Leitura).
 
 
1ª Leitura: Is 5, 1-7
 
O capítulo 5 da Profecia de Isaías integra a parte redacional do Primeiro Isaías, isto é, forma a primeira parte do livro.
 
Primeira parte: compreende os capítulos 1 a 39 e correspondem à profecia do Primeiro Isaías ou Proto-Isaías, no contexto dos anos 740 a.C. ao 700 a.C. – tempo em que o povo eleito se viu em duas enormes dificuldades e provações sobretudo por alianças militares irresponsáveis com a assíria, povo que em 722 a.C. viria a colocar um fim no Reino do Norte com a tomada de Samaria e, mais adiante, investiria contra o Reino do Sul, sitiando Jerusalém em 712 a.C. e 701 a.C. Porém, é preciso dizer que a profecia original está misturada com alguns acréscimos posteriores que datam do período do Exílio: capítulos 24-27, 34-35 (que trazem os “apocalipses”) e 13-14 (oráculos da queda da Babilônia).
 
Nossa perícope apresenta o cântico da vinha. Este é uma invectiva profética contra a infidelidade à obediência da Aliança e, por isso, integra a parte introdutória do livro (cap. 1-6), onde são apresentados oráculos diversos a este respeito. De forma bela e poética (cf. v. 1) o profeta apresenta Deus como o vinhateiro e o povo de Israel como a vinha (cf. v. 7a). Alegoricamente o profeta apresenta a libertação do povo da escravidão no Egito e o seu carinho com este povo até sua condução e posse da terra prometida (cf. v. 1b-2ab). Ao mesmo tempo, apresenta a vocação de Israel: ser luz para as nações (cf. v. 2c). Todavia, o povo se esqueceu de tudo isto e também de sua vocação e, ao invés de produzir boas uvas, ou a produzir uvas bravas (= a más condutas e pecados). Ainda demonstrando a fidelidade divina, há um monólogo que evidencia todas as possibilidades esgotadas por Deus a fim de que seu povo produzisse uvas boas (cf. v. 3-4). Justamente por este descumprimento da Aliança por parte do povo eleito, Deus anuncia que a deixará entregue aos seus caprichos, retirando-lhe seus favores e cuidados (cf. v. 5-6), afinal, as uvas boas que esta vinha deveria produzir era o direito e a justiça, mas, apresentou apenas uvas bravas: tirania e opressão (cf. v. 7b).
 
 
Salmo 79 (80), 9.12-16.19-20 (R./ Is 5, 7a)
 
O salmo é uma Súplica Comunitária. Conforme Hermann Gunkel: “O contexto destes salmos são dias de jejum nacional e/ou festivais de lamento conclamados por várias calamidades nacionais, tais como guerra, exílio, pestilência, seca, fome e pragas”. De forma específica, o Sl 79 (80) retoma a linguagem profética do Povo de Israel como a vinha do Senhor e, diante das invasões de povos estrangeiros, a comunidade pede socorro a Deus, o vinhateiro.
 
 
2ª Leitura: Fl 4, 6-9
 
Damos continuidade à leitura litúrgica da Carta aos Filipenses. O momento em que Paulo escreve aos Filipenses é muito difícil para o Apóstolo, pois, ele se encontrava na prisão – talvez em Éfeso. Nossa perícope está circunscrita à temática das exortações à concórdia e à alegria cristã.
A exortação inicial de Paulo (v. 6-7) deve ser lida à luz dos v. 4-5: a alegria no Senhor que está próximo do cristão! Assim, neste otimismo salvífico, o cristão não deve temer coisa alguma, mas, nas dificuldades e necessidades apresentar tudo a Deus (cf. v. 6) que já guarda os seus nas graças e bênçãos (cf. v. 7).
 
Resguardados por Deus, o cristão não deve se ocupar com as necessidades momentâneas, mas, ocupar-se com aquilo que é próprio de sua vocação (cf. v. 8). Praticando estas instruções apostólicas, o cristão tem a certeza de que Deus estará sempre com ele e sua comunidade (cf. v. 9).
 
 
Evangelho: Mt 21, 33-43
 
Estamos já avançados na narrativa evangélica de Mateus. O capítulo 21, está circunscrito, mais especificamente, na temática das controvérsias em Jerusalém (cap. 19 ao 23) e, num apanhado geral do Evangelho, no conflito entre Jesus e as autoridades do povo e no consequente caminho para a cruz (cap. 14 ao 28). Assim, o contexto está no ensinamento direto aos discípulos em contraposição às práticas ‘tradicionais’ e fechadas que fariseus e mestres da lei exerciam e difundiam. Neste ínterim, Jesus faz sua entrada em Jerusalém (21, 1-11) e nesta cidade entrará em franca oposição com as autoridades religiosas (21, 12-27).
 
A perícope de hoje deve ser entendida no enquadramento temático da anterior, ou seja: Mt 21, 23-27, em que as autoridades religiosas de Israel (sumos sacerdotes e anciãos) questionam a autoridade de Jesus por seus atos e palavras. Ao questionamento destes, Jesus diz que revelará a fonte sua autoridade desde que eles respondam de onde era a fonte do batismo de João Batista, do céu ou dos homens? Eles dizem não saber por pura perversidade do coração, afinal, se dissessem que era do céu, nada justificaria sua não adesão ao projeto do Batista; se dissessem que dos homens, tinham medo da reação popular que via em João um profeta de Deus. Assim, diante desta declarada maldade, Jesus não revela a fonte de sua autoridade a eles e, na sequência, propõe a parábola de nossa dos Dois Filhos (seguida de outras duas que não fazem parte da perícope evangélica de hoje) que denuncia esta postura equivocada e de recusa por parte das autoridades religiosas do povo ao projeto do Reino de Deus anunciado por Jesus. O Evangelho de hoje nos propõe a reflexão desta segunda parábola: “os agricultores assassinos”.
 
A parábola dos agricultores assassinos (v. 33-39): o quadro cênico desta narrativa é bastante simples; um proprietário plantou uma vinha e a estabeleceu com todo o cuidado e zelo possível: além do plantio, a cercou toda, cavou um lagar e pôs uma torre de vigia (cf. v. 33a). Após todo este trabalho a arrendou para alguns agricultores e viajou para o estrangeiro (cf. v. 33b). No tempo da colheita, enviou primeiro seus servos para o acerto de contas (cf. v. 34); depois mandou outros servos em maior número (cf. v. 36a); finalmente, enviou seu próprio filho (cf. v. 37). Em ambos os casos todos os servos foram tratados com desprezo e violência (cf. v. 35.36b) e o filho do proprietário foi morto (cf. v. 39).
 
Aplicação da parábola (v. 40-43): aos seus ouvintes, sumos sacerdotes e anciãos, Jesus pergunta que atitude o proprietário da vinha deveria tomar quanto aos agricultores assassinos, quando regressasse do estrangeiro (cf. v. 40). A resposta foi certeira: “Dará triste fim a esses criminosos e arrendará a vinha a outros agricultores, que lhe entregarão os frutos no tempo certo” (v. 41). É justamente a partir desta resposta que Jesus lhes aplica duramente o sentido desta parábola: sumos sacerdotes e anciãos, assim como outras lideranças do povo, se apropriaram da vinha, o povo de Deus, e rejeitaram a entrega dos frutos devidos, assassinando todos os emissários de Deus e, nos últimos tempos, rejeitando a proposta do Reino de Deus e tramando a morte do Filho Unigênito. Por isso, “o Reino de Deus lhes será tirada e entregue a um povo que produza frutos” (v. 43), numa clara invectiva profética que denuncia a responsabilidade das lideranças no sofrimento do povo e, com isso, a não vivência do direito e da justiça e, daí, como Deus é o dono da vinha, Ele é quem tem a prerrogativa de entregá-la a quem Ele o desejar. Portanto, a eleição divina é também uma responsabilidade: não basta usufruir o bônus da eleição divina sem levar em conta a responsabilidade da missão de frutificar, ou seja, construir no hoje da história o Reino de Deus.
 
 
Pe. Bruno Alves Coelho, C.Ss.R.
 
 
 

Compartilhar 4zk3d

 
 

Outras formações 5k5s33

<< < 114 > >>

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência de navegação no site. Ao continuar navegando você concorda com essas condições.

Entendi