O Espírito Santo no cotidiano humano15/09/2017 1n6d33

Autor: Pe. Fagner Dalbem Mapa, C.Ss.R. 1f585o
Redentorista da Província do Rio e escritor do blog Sabor da fé
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Os comportamentos masculinos e femininos podem nos ajudar a exprimir o que Deus é, pois somos sua imagem e semelhança, dessa forma, para nos ajudar a compreender o modo de agir do Espírito, podemos utilizar esse recurso de fazer uma analogia com a natureza humana. Assim, percebemos que, na Bíblia, as funções do Espírito correspondem a formas de agir ligadas à maternidade e ao feminino em geral: inspirar, ajudar, apoiar, cobrir, fazer nascer. Por isso concluímos que o Espírito representa o amor maternal de Deus e age de acordo com os modos de agir da mulher.
No ocidente, fomos influenciados por S. Agostinho, que elimina da teologia a referência feminina, pois, segundo ele, a mulher não é imagem de Deus, mas somente o homem. São Tomáz também seguiu a mesma linha. O que foi uma pena, pois a masculinidade já está presente com força nas imagens do Pai e do Filho e, se tivéssemos desenvolvido uma teologia do Espírito numa concepção feminina, teríamos uma Igreja menos masculinizada e com um espaço maior para a mulher.
A maioria dos cristãos sabe muito pouco sobre o Espírito Santo, pois, praticamente desde o início, a teologia ocidental tradicional desinteressou-se por essa pessoa da Trindade. Nossa teologia, por muito tempo, foi elaborada de uma maneira tal como se Cristo não precisasse do Espírito.
O Concílio Vaticano II (11 de outubro de 1962 a 8 de dezembro de 1965) abriu as portas para uma renovação da consciência sobre o Espírito Santo. Não elaborou uma doutrina, mas, em todos os documentos, evoca o Espírito de forma marcante, orientando a consciência cristã. O próprio movimento da renovação carismática não teria sido possível sem essa mudança de mentalidade provocada pelo Vaticano II.
Os fenômenos básicos da experiência do Espírito são históricos, estão ligados ao agir concreto e é uma experiência global. Grande parte dos membros da comunidade não saberia dizer que experimentam o Espírito: não sabem dar nome ao que experimentam. As experiências às quais nos referimos são experiências de uma transformação inesperada, as pessoas sentem-se como que invadidas por forças novas, que lhes fazem produzir o que nunca tinham pensado em fazer, ou viver de uma forma que nunca tinham pensado em viver, ou se dedicar a algo que não tinham pensado em se dedicar, ou dar importância a algo que ainda não tinham dado. Trata-se, então, de uma experiência de conversão, que é uma inversão total da vida, é o advento de uma vida diferente.
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*Texto organizado a partir do livro do teólogo José Comblin: COMBLIN, José. O Espírito Santo e a libertação. Petrópolis: Vozes. 1986.