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O grito do povo oprimido07/04/2017 161pc


Autor: Pe. Fagner Dalbem Mapa, C.Ss.R. 1f585o

Redentorista da Província do Rio e escritor do blog Sabor da fé


 

 

Durante seu ministério, Jesus mostrou aos discípulos a triste realidade do povo sem pastor, das ovelhas dispersas e sem rumo (cf. Mt 9,36), pois os pastores só cuidavam dos seus interesses e não se interessavam pelas ovelhas. O sofrimento do povo em nossos dias se dá justamente por causa do descaso de seus dirigentes, seja dos governantes políticos que só defendem os seus interesses, seja dos religiosos que não se dedicam à causa dos injustiçados. Jesus, pelo contrário, viveu toda a sua vida entre pobres, desempregados, prostitutas, pecadores, doentes, leprosos e possessos. O clamor de Jesus na cruz: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes” é o clamor que reúne todo o grito do povo numa denúncia contra as autoridades de Israel, doutores da lei, fariseus, sacerdotes e anciãos.  Jesus mostra que os pobres são desprezados e que a aliança foi violada. Ele despertou a desconfiança das autoridades e foi levado à cruz, porque, justamente, revelou com a sua vida o que os poderosos queriam que ficasse escondido e falou de coisas que eles queriam que permanecessem omitidas. “Na cruz, ele exerce um ministério de representação do povo humilhado; é a encarnação do povo oprimido e rejeitado pelos que deveriam ter a missão de salvá-lo”1.
 
O clamor de Jesus revela algo muito importante na vida do Cristão. O grito do povo oprimido não é um simples grito, é um grito de quem confia em Deus, de quem reconhece o Senhor como defensor e guardião da justiça. Para o teólogo Comblin, o clamor do povo tem grande força porque é Deus mesmo que está por detrás desse grito. “Na realidade, o povo rompeu nesse grande clamor, porque o Espírito de Deus suscitou nele a consciência de sua situação, situação de injustiça, inspirando-lhe confiança na vontade libertadora de Deus”. Quando há injustiça o Senhor suscita o grito do seu povo para intervir2.
 
Considerado um dos grandes mestres da oração, Santo Afonso quis mostrar, com sua vida e suas obras, o grande valor de rezar e de suplicar a Deus, pois, para ele, a oração e o clamor que fazemos é a forma que temos de tocar coração do Senhor, que sempre vem em socorro daqueles que o buscam, assim como encontramos em Ex 3, 7-10: “Eu vi a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor por causa dos opressores, pois eu conheço as suas angústias. Por isso, desci a fim de libertá-lo das mãos dos egípcios […] Agora o clamor dos filhos de Israel chegou até mim, e também vejo a opressão com que os egípcios os estão oprimindo. Vai, pois, eu te enviarei ao Faraó, para fazer sair do Egito o meu povo, os filhos de Israel”.
 
É o clamor  sincero e confiante que faz com que Deus intervenha. A grandeza de Deus deve ser reconhecida pelo seu fiel que clama o seu socorro. Segundo Comblin, sem o pedido, Deus não pode intervir.  “Se o povo se esquece dEle e não o chama, Deus não intervém”3. Assim, a intervenção do Senhor se dá em um processo de três tempos: primeiro o fiel se vê em situação de opressão, então clama ao Senhor para resgatá-lo e Deus intervém (opressão-clamor-libertação).
 
No livro dos Juízes, vemos narrações de situações que nos mostram que o povo quando se esquece do seu Senhor e não clama, acaba sendo escravizado e oprimido por povos mais fortes. Porém, quando se lembra da aliança, do verdadeiro Deus de suas vidas e clama pedindo o seu auxílio,  Ele intervém e os liberta4.
 
Jesus, quando grita para o Pai o seu sentimento de abandono: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes”, na verdade está impulsionado pelo próprio Pai para denunciar a situação de injustiça. Jesus traz, no seu grito, o clamor de todo o povo por libertação e Deus sempre intervém com a vitória para todos os que o buscam e confiam nEle, Ele dá a glória da ressurreição para todos aqueles que clamam junto com Jesus na cruz.
 
 

1 Cf.COMBLIN, José. O Clamor dos oprimidos: O clamor de Jesus. Petrópolis: Vozes, 1984. p. 28-32.
2 Cf. Ibidem. p. 10-11.
3 Ibidem. p. 9.
4 Cf. Ibidem. p. 18-19.
 
 

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