Plenitude da solidariedade de Deus23/07/2015 2x1i2v

Autor: Fráter Rodrigo Costa, C.Ss.R. 6ey1c
Fráter Redentorista da Província do Rio.
A Congregação Redentorista celebra no 3° domingo do mês de julho, a festa de seu titular, isto é, o Santíssimo Redentor. Celebramos o mistério redentor de Jesus Cristo, que se realizou por meio de seu ministério, morte e ressurreição: “se toda a vida de Cristo foi ‘amor pelos seus’, a Paixão é o momento em que ele ‘os amou até o fim’”[1]. A solidariedade de Deus para com o ser humano se manifesta de modo pleno e definitivo em Jesus. Falar de Jesus como Redentor significa falar do infinito amor de Deus por nós, que foge a toda compreensão humana. Contemplando Jesus Redentor, descobrimos nossa missão no mundo, pois somos convidados a fazer da nossa vida, uma continuação da presença e da obra redentora de Deus no mundo. Mas, qual é o significado da palavra redentor? Como podemos compreender o mistério redentor de Jesus Cristo?
Na Sagrada Escritura encontramos o termo go’el, que é traduzido como redentor, salvador, libertador, resgatador. Trata-se de uma instituição do povo de Israel, que tem suas raízes no contexto familiar e tribal, e era utilizado para designar a pessoa que tinha a responsabilidade de vir em socorro do parente mais próximo, diante de uma situação de empobrecimento e dívidas. O go’el entra em ação para resguardar a integridade de seu protegido e garantir que a justiça fosse realizada. O go’el faz resgate da propriedade e da pessoa que foi alienada de sua liberdade e de seus bens. Com o tempo, esse termo se tornou uma metáfora teológica e ou a ser associado a Deus. O próprio Deus é o redentor de Israel, e sua ação é chamada de redenção. A atividade do redentor se expressa na consolação, no auxílio e no fortalecimento da esperança (cf. Is 41,8-20).
A figura do go’el também foi associada a Jesus, pois ele a encarna de modo mais pleno. Ele é a encarnação do Deus Redentor do povo de Israel. Na sinagoga de Nazaré, Jesus revela todo o programa do seu ministério redentor: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me ungiu, para anunciar a Boa-Nova aos pobres: enviou-me para proclamar a libertação aos presos e, aos cegos, a recuperação da vista; para dar liberdade aos oprimidos e proclamar um ano aceito da parte do Senhor” (Lc 4,18-19). Jesus se torna próximo de sua gente, se torna seu parente mais próximo. São muitos os relatos que nos falam desta proximidade e de sua ação redentora. Ele não teme a ir mais ao fundo das misérias humanas, Ele se mistura com nossa condição humana, para resgatá-las, afim de cada homem e mulher experimentem a libertação e redenção, tenham vida em abundância (Jo 10,10). Sua solidariedade chega ao extremo, através de sua vida doada, revelação máxima do compromisso e do amor de Deus pela humanidade.
Tocados e envolvidos pelo mistério redentor de Jesus, encontramos o nosso lugar no mundo e na Igreja. Somos testemunhas da libertação operada em nós por Cristo, que rompe com nossas cadeias e algemas e nos por permite viver como filhos e filhas libertos e reconciliados de Deus Pai. A solidariedade e o amor para com o próximo, a luta pela justiça e pelos direitos humanos devem ser expressão concreta de nossa fé e participação no mistério de Cristo Redentor.