O caminho do amor30/03/2015 5l286k
“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos” (Jo 15, 13), na força desta palavra de Jesus, pronunciada na ceia de despedida com seus discípulos, e que antecipa o seu próprio sacrifício, livremente assumido, encontramos uma chave de leitura para se compreender todo o itinerário, a Via Crucis, o mistério de sua Paixão, Morte e Ressureição. A Semana Santa, longe de ser um tempo para celebrar a dor e o sofrimento, é uma grande oportunidade, para a comunidade cristã celebrar e reviver a Paixão de Jesus, entrega de amor. Esta recordação nos transporta para aquele tempo, faz-nos expectadores ativos, nos interpela para acompanharmos Jesus no itinerário final de sua vida e ao mesmo tempo, experimentamos um caminho de vida, o caminho do amor sem limites, apesar da dor, do sofrimento, da condenação injusta, apesar da morte.
A caminhada final de Jesus começa pelas ruas de Jerusalém, com a homenagem do povo, que se alegra com a chegada de Jesus para a celebração da Páscoa. Somos convidados a correr ao encontro de Jesus, que caminha manso, humilde e desprovido de toda riqueza, montado no jumentinho, que livremente entra em Jerusalém para cumprir sua missão até o fim. A celebração do Domingo de Ramos é um convite para acolher Jesus Cristo que nos traz a boa nova da libertação, o projeto de Deus Pai, que incluí a justiça para os pequenos, amor, o perdão e a misericórdia, a inclusão de todos.
A Celebração da Ceia, em que comemoramos a instituição da Eucaristia, antecipa a entrega de Jesus na cruz. A Eucaristia é parábola doseu sacrifício Redentor: no corpo dado e no sangue derramado por nós. Neste dia, meditamos o amor-serviço de Jesus, que se traduz na sua encarnação, quando assume plenamente nossa condição humana, se mistura no meio de nós e toma sobre si nossos sofrimentos, conduzindo-nos da morte para vida.Mas fazer o caminho com Jesus significa conversão e seguimento, é por isso que antes de tomar o caminho da cruz, Jesus nos apresenta uma proposta de vida, e é nesta perspectiva que compreendemos o gesto do lava-pés, como um programa de conversão. O lava-pés é expressão do amor-serviço ensinado por Jesus.
Na Sexta-feira Santa, celebramos a morte de Jesus, continuamos o seu itinerário até o Gólgota, o lugar da doação sem limites. Esse é um caminho de solidariedade, pois Jesus, ao percorrer o caminho da cruz, vivendo toda dor e sofrimento, se faz solidário com tantos crucificados da historia, que como Ele são condenados diariamente à morte. Na cruz, encontramos o “Servo-Pobre-Sofredor”, Aquele que amou-nos até o fim (Jo 13, 1). Por isso, este dia deve ser vivido não como um dia de tristeza e luto, mas como dia de amorosa contemplação do sacrifício cruento de Jesus, fonte de nossa salvação. A Sexta-feira Santa não é um funeral, mas celebração da morte vitoriosa do Senhor.
A contemplação do percurso final da vida de Jesus fala-nos de uma confissão de amor, uma paixão, porque marcada por inúmerosgestosconcretos de amor e de serviço: “Cristo sofreu por nós, deixando-nos um exemplo, a fim de que sigamos seus os” (1Pd 2, 21), não se trata portanto, da exaltação da dor e do sofrimento. Neste itinerário nossos caminhos se encontram, pois “a viagem da vida é feita conjuntamente por Jesus e pelo homem, pelos caminhos do mundo”. Mas, o caminho não termina na morte, mas sim na novidade da Ressureição, como professamos em nossa fé. E será o amor vivido e experimentado nesses dias, em comunidade, que nos permitirá reconhecer a Jesus Cristo, o Amor de todo Amor, no Mistério Pascal.