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3º DOMINGO DA QUARESMA01/03/2024 4w2th

 

 

Depois do deserto e da montanha, a liturgia quaresmal nos transporta para o Templo de Jerusalém, lugar sagrado por excelência para a fé judaica, a fim de ajudar-nos a continuar avançando em nosso itinerário de conversão, em preparação a Páscoa de Jesus. No templo, Jesus realiza um gesto profético ao expulsar com um chicote os vendedores que estavam profanando esse lugar sagrado (cf. Jo 2,13-25). Com esse gesto, Jesus quer purificar esse espaço de tudo o que o dessacralizava: comércio, exploração do povo, enriquecimento da classe sacerdotal; e conduzir ao verdadeiro culto que agrada a Deus.

 

Ao expulsar esses negociadores do sagrado, Jesus ensina que o templo já não era o espaço privilegiado da benção e do encontro com Deus. Sacerdotes e comerciantes já haviam expulsado Deus desse espaço e de suas vidas ao elegerem o dinheiro como seu novo “deus”. Por conta disso, Jesus estabelece um novo templo e um novo culto, ou seja, não mais circunscrito num determinado espaço e nem baseado em sacrifícios de animais, mas Ele se coloca como o novo Templo, no qual Deus se manifesta definitivamente, oferecendo-nos sua proposta de vida e salvação. Na realidade Jesus inaugura um novo modo de nos encontrarmos com Deus: o verdadeiro culto se realiza no templo do coração de cada homem e mulher e através do encontro com o próximo. A purificação do templo e o surgimento do novo culto nos faz pensar na necessária e constante purificação do nosso coração. Não se trata de uma purificação exterior, vazia de sentido, como nas práticas denunciadas por Jesus, mas da purificação de nossas intenções, das nossas opções e do modo como nos relacionamos com Deus, pois o risco de aderirmos aos ídolos é uma tentação constante.

 

Para esta purificação, Deus nos confiou seus mandamentos, que nos ensina como nos relacionarmos com Ele e com o próximo (cf. Ex 20,1-17).  Longe de ser uma imposição arbitrária e limitadora da nossa liberdade, os mandamentos nos ajudam a não cairmos na instrumentalização de Deus e dos irmãos, a sairmos da escravidão do “eu” e dos diversos ídolos que elegemos, e a nos colocarmos a serviço do amor e da vida. Purificar o coração significa converter-se a lógica de Deus, manifestada em Cristo crucificado, isto é, a “loucura” do amor sem medidas, única capaz de nos humanizar e dar sentido a nossa vida (cf. 1Cor 1,22-25).

 

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