24º Domingo do Tempo Comum15/09/2023 5v66
ATÉ QUANDO PERDOAR?
Prosseguimos neste 24º Domingo do Tempo Comum, a leitura do “discurso eclesial” do Evangelho de Mateus (cf. Mt 18), desta vez com um enfoque sobre o tema do perdão. Jesus se utiliza da pergunta que Pedro lhe dirige sobre a quantidade de vezes que se deveria perdoar, para ajudar a comunidade dos discípulos a refletir sobre a importância da experiência do perdão, e que este deve ser oferecido de modo gratuito e ir.
Naquele tempo havia a compreensão de que o perdão não deveria ser dado de forma ilimitada, por isso a pergunta de Pedro: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim?” (v. 21). Intuindo que a resposta do Mestre Jesus seria radical, Pedro se adianta apresentando uma possível resposta: “Até sete vezes?” (v. 21). Na cultura semita, o número sete indica a perfeição e a totalidade, com isso Pedro está sugerindo que o perdão deve ser dado sempre. Mas o que Pedro não imaginava é que a resposta de Jesus extrapola a lógica do quantificável, pois o perdão não se mede por um cálculo matemático, mas por outra lógica, isto é, da absoluta gratuidade e generosidade de Deus: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (v. 22).
Para ilustrar essa compreensão, Jesus conta a parábola do rei benevolente, que expressa o modo como Deus nos trata diante dos nossos pecados. A parábola fala de um empregado que devia uma enorme fortuna ao rei, e que apesar disso, teve sua dívida perdoada por conta da compaixão do rei. No entanto, esse mesmo funcionário não foi capaz de perdoar uma divida irrisória de seu companheiro, tratando-o sem a menor compaixão. O desfecho da parábola é o castigo infligido ao empregado perverso por conta da sua incapacidade de perdoar. O empregado não foi capaz de se abrir a lógica do perdão gratuito manifestado por seu patrão, apesar de tê-la experimentado. A parábola quer nos ensinar como Deus nos trata com misericórdia ilimitada, ao o que nós muitas vezes não conseguimos perdoar as falhas dos nossos irmãos.
É necessário, portanto, converter-se a lógica de Deus, rompendo com o círculo do ressentimento e da vingança, que só causa mal a nós mesmos e nos impede de acolher verdadeiramente o perdão misericordioso de Deus. Perdoar não significa fechar os olhos ao mal e a injustiça cometida por nossos irmãos, mas ser capaz de reconstruir as relações rompidas e virar a página. O perdão gratuito de Deus que experimentamos em nossa vida, nos capacita para perdoar sempre e totalmente a quem nos ofendeu.
Pe. Rodrigo Costa, C.Ss.R.