14º DOMINGO DO TEMPO COMUM07/07/2023 6t6m4x
O PAI SE REVELA AOS PEQUENINOS
O Evangelho deste 14º Domingo do Tempo Comum nos revela uma confidência íntima e profunda que Jesus deixa transparecer de sua experiência com o Pai. Ele que fora enviado pelo Pai para revelar aos seres humanos o Projeto que Deus tem para a humanidade, olha a sua volta e vê que os simples e os humildes acolhem e compreendem seu Evangelho mais do que ninguém. Não poucas vezes, os “pequeninos” deste mundo demonstram terem mais sensibilidade para conhecer as “coisas de Deus”. Mas esse conhecimento do mistério de Deus que Jesus deseja comunicar-nos, não é da ordem de um saber conceitual e asséptico, que diz respeito apenas à racionalidade e não toca as nossas vidas, semelhante aquele buscado pelos “sábios e entendidos” deste mundo que Jesus critica, mas se trata de um saber experiencial, ou seja, uma experiência que nos envolve e nos compromete por inteiro.
Jesus nos introduz num novo modo de relacionamento com Deus, não mais a partir da distância, mas de sua absoluta proximidade, a ponto de chamá-lo de nosso Pai e de nos reconhecermos como seus filhos amados. Em outras palavras, Jesus nos permite participar de sua experiência filial única com o Pai. Só Jesus é o Filho unigênito, só Ele experimenta o Pai e se sabe Filho de um modo íntimo e profundo. Para termos o a esta mesma relação, devemos ar por Jesus, isto é, aceitando o seu convite “vinde a mim” (Mt 11,28), nos tornando seus seguidores, “vivendo uma vida segundo o Espírito”, como ensina São Paulo (cf. Rm 8,9.11-13). Na experiência da filiação descobrimos um Deus que se deixa tocar e que também nos toca com o seu amor, paciência e compaixão (cf. Sl 144).
No entanto, Jesus nos alerta que esta relação com o Pai se dá apenas na atitude de simplicidade e humildade. O Deus de Jesus Cristo não se deixa encontrar a partir da força, da presunção e do orgulho, mas a partir da nossa fragilidade, do cansaço dos nossos fardos, do abatimento pela situação de pecado na qual nos encontramos. Quem aceita o convite de Jesus e se torna “pequenino” como Ele dá espaço para que o Pai se revele em sua vida, sente-se abraçado e envolvido por todos os lados por sua ternura que nos alivia e descansa. Por outro lado, quem não aceita Jesus, “vivendo segundo a carne”, fechado em si e autossuficiente, corre o risco de ter uma imagem distorcida de Deus, de fabricar o seu “deus” pessoal, que nada tem a ver com a experiência da filiação. Que Jesus, nosso Irmão maior, nos ajude a “viver segundo o Espírito” de filiação que Ele nos comunicou, cultivando a humildade e a simplicidade, abrindo espaço para que Deus se revele a nós como Pai amoroso que é.
Pe. Rodrigo Costa, C.Ss.R.