Solenidade da Páscoa do Senhor01/04/2021 7119
“Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exaltemos” (Sl 117, 24)
Tema central da Liturgia
A Solenidade de hoje nos aponta para o cuidado de Deus para com cada um de seus filhos: em Jesus, seu Filho Unigênito, abre para toda a humanidade a possibilidade da vida eterna! Por isso, hoje é o dia de alegria, a ressurreição de Cristo demonstra o caminho de vida plena que aguarda cada um de seus discípulos, isto é, daqueles que como Jesus optam por cumprir a vontade do Pai e am pela existência fazendo o bem! Feliz Páscoa!
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1ª Leitura: At 10, 34a.37-43
A fim de melhor nos situarmos neste texto bíblico, tomemos a introdução aos Atos do Apóstolos da Bíblia da CNBB:
Os Atos dos Apóstolos (At) são a continuação do evangelho de Lucas, constituindo a segunda parte de sua obra. Narram a fase da História da Salvação que se seguiu à ressurreição e elevação de Jesus. Como o evangelho de Lucas, também este escrito não é historiografia no sentido científico moderno; não tem a pretensão de fazer uma reconstituição científica dos fatos, mas, baseando-se em fontes fidedignas, procura evocar o significado daquilo que aconteceu e, também, prestar homenagem aos primeiros evangelizadores e fundadores das Igrejas cristãs – especialmente Pedro, primeiro porta-voz da Igreja-mãe de Jerusalém, e Paulo, evangelizador dos gentios. Na parte que narra as viagens marítimas de Paulo, o autor se apresenta como companheiro de viagem, falando na forma “nós”.
O livro possui vinte e oito (28) capítulos e, do ponto de vista do conteúdo, pode ser dividido em três partes: I) Atos de Pedro: 1 – 15; II) Elo entre a primeira e a terceira parte: 13 – 15; III) Atos de Paulo: 13 – 28.
Nossa perícope encontra-se na primeira parte e trata-se da pregação de Pedro à gente de Cornélio. Todo o trecho (At 10, 34-43) apresenta o querigma ou o anúncio cristão, sendo praticamente um resumo do evangelho, de modo especial o de Marcos. Falando junto ao primeiro pagão itido ao cristianismo – o centurião Cornélio e toda sua família – Pedro, reconhece que o projeto de Deus, em Jesus Cristo, é oferecido a todo ser humano, independentemente de critérios exclusivistas meramente humanos (cf. v. 34-36). Pedro aclara esta novidade a partir do querigma primitivo da Igreja (hoje a liturgia nos apresenta apenas o seu começo). Jesus Cristo, após o batismo no Jordão (cf. v. 37), ou pela terra fazendo unicamente o bem e curando a todos porque recebeu o Espírito divino ungindo-o com poder, isto é, Deu estava com ele (cf. v. 38).
Salmo 117 (118), 1-2.16ab-17.22-23 (R/. 24)
O salmo de hoje é uma Ação de Graças, mas, também é um Salmo Litúrgico. Segundo Gunkel: “Já que a palavra geralmente traduzida “ações de graça” é a mesma palavra para “agradecimento”, fica claro que estes salmos tinham a intenção de serem usados num contexto cúltico. Pensa-se que o indivíduo, na presença da congregação em adoração testemunharia pessoalmente dos atos salvadores de Deus, acompanhados de um ritual e uma refeição. Eventualmente, estes salmos foram liberados do contexto de sacrifício”. Justamente por seu contexto cúltico, este salmo era utilizado para a liturgia para a festa das Tendas. Este salmo encerra o Hallel. Um invitatório (v. 1-4) precede o hino de ação de graças posto nos lábios da comunidade personificada, completado pelo livrinho de respostas v. 19s.25s, recitadas por diversos grupos quando a procissão entrava no Templo.
O v. 24 é muito importante para a tradição cristã, pois, é aplicado ao dia da ressurreição de Cristo e utilizado na liturgia pascal.
2ª Leitura: Cl 3, 1-4
Para enfrentar as dificuldades que a comunidade de Colossas ava, o Apóstolo trabalhará três aspectos centrais em sua epístola: I) parte dogmática (1, 15 – 2, 5), II) advertência contra os erros (2, 6 – 3, 4) e III) exortações quanto à vivência particular e familiar da fé cristã em espírito apostólico (3, 5 – 4, 6).
A Bíblia tradução CNBB assim nos situa sobre esta carta: “A Carta aos Colossenses (Cl) deve ser situada certo tempo depois das grandes cartas, talvez durante o cativeiro em Cesaréia ou em Roma (por volta de 60 dC). Redigida por um colaborador de Paulo, este a assinou de próprio punho (4, 18).
Paulo não era pessoalmente conhecido em Colossas, cidade na Ásia Menor (Turquia). A comunidade ali foi evangelizada por Epafras, que trabalhou também em Laodicéia, comunidade irmã dos colossenses e parceira no intercâmbio da correspondência (2, 1; 4, 12-16). A carta aos Colossenses é destinada também aos fiéis de Laodicéia e servirá, depois, como modelo para a carta circular conhecida como “carta aos Efésios” (Ef).
A intenção da carta pode ser de proteger a comunidade contra pessoas que desprezam a simplicidade do evangelho de Cristo e o complicam com especulações cósmicas e prescrições ascéticas, bem ao gosto de certa cultura helenista, talvez misturada com elementos da tradição judaica”.
A vivência prática do cristão brota de seu pertencimento a Cristo, pelo Batismo (cf. Cl 3, 1) e, por isso, deve se identificar plenamente com o Cristo, buscando as coisas do alto, pois é lá que Cristo está, à direita de Deus; e, se Ele está lá, nossa vida está lá também escondida em Deus, ou seja, o batizado, unido ao Cristo, já participa da vida realmente da vida celeste, mas, esta ainda não foi manifestada (cf. Cl 3, 1-4).

Evangelho: Jo 20, 1-9
O Evangelho de hoje narra o evento maravilhoso e misterioso da ressurreição de Nosso Senhor, aqui descrito plasticamente pelo sepulcro vazio. Chama a atenção que no Domingo, Maria Madalena, discípula de Jesus, se dirige bem cedo para o lugar onde sepultaram Jesus (v. 1a). Quando chega até o local o encontra com a pedra da entrada removida (v. 1b). Sem verificar o local, mas, percebendo a ausência do corpo de Jesus representada pela pedra movida, corre ao encontro de Pedro e do discípulo amado e lhes comunica que o corpo do Mestre havia sido retirado do local e não sabia seu paradeiro (v. 2).
O pano de fundo dos acontecimentos da perícope são estes dois versículos primeiros. Chama-nos a atenção o desespero dos discípulos ao receberem a notícia do desaparecimento do corpo de Jesus: saem imediatamente em desatada carreira até o túmulo (cf. v. 3-4). Ambos os discípulos quando chegam ao sepulcro olham, veem as mortalhas deixadas no local e não compreendem bem (v. 5a.6-7). É importante notar o fato distinto ocorrido no interior dos dois discípulos: Pedro entra no sepulcro e vê; o discípulo amado entra após Pedro, vê e crê (cf. v. 7-8).
E justamente aqui está o coração do evangelho de hoje: o crer na ressurreição de Jesus. A dificuldade dos discípulos não estava em ver os fatos: sepulcro vazio e mortalhas deixadas, ou seja, não se tratava de uma mera remoção de um cadáver daquele local, mas, as evidências deixavam claro que Jesus não pertencia ao reino dos mortos, mas, estava vivo, ressuscitou! Ou seja, o v. 9 aponta para a dificuldade interior em acolher os ensinamentos de Jesus sobre sua vida, morte e ressurreição. Justamente porque seus discípulos posteriormente experimentaram no coração a realidade da ressurreição, o Domingo ou a ser o primeiro dia da semana, isto é, agora teve início a nova criação!
Pe. Bruno Alves Coelho, C.Ss.R.