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2º Domingo da Quaresma – Ano B26/02/2021 422o2i

“Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” (Mc 9, 7b)
 
Tema central da Liturgia da Palavra
 
O 2º Domingo da Quaresma nos convida ao real seguimento do projeto de Deus como caminho de vida apreendido através da escuta atenta da Palavra e atitudes concretas de vida. Justamente por isso, a Liturgia da Palavra nos mostra que o chamado da fé deve ser respondido com prontidão e disponibilidade, enfrentando as dificuldades com os ouvidos atentos aos ensinamentos divinos. O caminho discipulado cristão implica fé, confiança, escuta e obediência a Deus a fim de assumirmos como nosso, Seu projeto de vida para toda a humanidade!
 
 
1ª Leitura: Gn 22, 1-2.9a.10-13.15-18
 
O livro do Gênesis, embora longo – possui 50 capítulos –, é bem simples em sua estruturação: há apenas dois blocos, isto é, o primeiro do capítulo 01 ao 11 e o segundo, do capítulo 12 ao 50. Vejamos como a Bíblia da CNBB nos introduz no conteúdo deste livro.
 
Os primórdios (1-11): Gn 1 – 11 situa Israel no contexto da humanidade. O autor trata da origem do universo, da cultura, da dispersão dos povos e da pluralidade das línguas. Depois de ter evocado a criação do universo (cap. 1) e do ser humano (cap. 2), descreve como, ao afastar-se de Deus, o homem pecou, querendo ser “dono de seu nariz” (3), entregando-se à violência (4) e a todo tipo de abusos (5-6). Mas depois do castigo purificador do dilúvio, fica em pé a figura de Noé, eleito para dar um novo início à humanidade, projeto que Deus confirma por uma aliança (7-10). E quando o orgulho babélico provoca a dispersão de povos e línguas (11), surge a figura de outro eleito e “aliado” de Deus: Abraão (11, 27-32).
Os patriarcas (12 – 50): Na história dos patriarcas aparece a intervenção constante de Deus na vida dos pais da fé. Deus escolhe Abraão, no qual todas as nações serão abençoadas. O projeto salvífico de Deus é levado adiante por meio de sucessivas eleições:
- Deus elege Isaac, o filho da promessa, enquanto Ismael, fruto da “tentativa humana” de Abrão ter descendente, é encaminhado para outro destino;
- Deus abençoa Jacó, apesar da primogenitura de Esaú, que segue por outro caminho;
- Deus escolhe Judá, ignorando os direitos de Rúben e Simeão e mesmo a preferência de Jacó por José.
Em suma, a história dos patriarcas mostra como o homem, muitas vezes contra seus próprios planos, deve responder ao chamado de Deus e confiar no plano salvífico traçado por Deus e no dom gratuito, a “graça”, por ele proposta.
 
A perícope é parte da História dos Patriarcas (cap. 12 – 50) e apresenta a prova à qual Abraão foi submetido pelo Senhor. É importante levar em conta a expressão “pôs Abraão à prova” (v. 1a), a fim de entendermos o sentido da leitura, ou seja, não se trata de algo factual, de um pedido de um Deus sanguinário, mas, o objetivo da narração é mostrar que Abraão, pai da fé, é alguém digno de sua vocação, pois, sempre obediente a Deus foi capaz de vencer os testes que a vida lhe apresentou.
 
A fim de mostrar o tamanho e a dramaticidade deste teste, a narração é simples e direta: o Senhor pede que Abraão ofereça seu filho único em holocausto no lugar que Ele lhe indicar (cf. v. 2). O salto narrativo demonstra que Abraão, confiante no Senhor, acata integralmente sua ordem (cf. v. 9a-10): esta é a prova vencida, Abraão não titubeia e cumpre a ordem, por isso, há a intervenção divina a fim de que mal algum seja praticado (cf. v. 11-12). Justamente pelo temor ao Senhor, Abraão prova de sua providência que lhe garante a possibilidade de culto (cf. v. 13).
 
Comprovada a dignidade de Abraão por sua obediência irrestrita ao Senhor, ele pode assumir seu lugar na História da Salvação: Abraão será abençoado com forte e numerosa descendência (cf. v. 17) e por sua descendência todos os povos da terra também serão abençoados (cf. v. 18).
 
 
Salmo 115 (116), 10.15-19 (R/. Sl 114, 9)
 
O Salmo de hoje é formado pela soma dos Salmos 114 e 115. O seu gênero é o de Ação de Graças Individual. Conforme Hermann Gunkel: “Já que a palavra geralmente traduzida “ações de graça” é a mesma palavra para “agradecimento”, fica claro que estes salmos tinham a intenção de serem usados num contexto cúltico. Pensa-se que o indivíduo, na presença da congregação em adoração testemunharia pessoalmente dos atos salvadores de Deus, acompanhados de um ritual e uma refeição. Eventualmente, estes salmos foram liberados do contexto de sacrifício”.
 
 
2ª Leitura: Rm 8, 31b-34
 
Aprofundemo-nos um pouco neste escrito paulino, tomando a introdução à Carta aos Romanos da Bíblia da CNBB.
 
A Carta aos Romanos (Rm) foi escrita pelo apóstolo Paulo durante a terceira viagem missionária, quando ele ficou três meses na Grécia (Corinto), pouco antes de sua volta a Jerusalém em 57/58 dC. Paulo pretende visitar Roma e depois – com a ajuda dos romanos – a Espanha. Quer apresentar-se pessoalmente e esclarecer sua prática teológico-pastoral, que deve ter sido objeto de comentários sobretudo da parte dos judeu-cristãos de Roma – comunidade fundada por desconhecidos bem antes de Paulo e que, a partir de certa data, acolheu também Pedro, o qual, todavia, não é mencionado na carta.
 
A estrutura da carta pode ser dividida em duas: I) parte dogmática: 1, 18 – 11, 36 e II) parte prática ou exortativa: 12, 1 – 15, 13. Tematicamente, este é o conteúdo:
a)     1, 1-17: Introdução e tese;
b)     1, 18 – 4, 25: Pagãos e judeus em dívida universal com Deus e justificados pela fé;
c)     5 – 8: A salvação universal por Cristo e as consequências disso;
d)     9 – 11: A salvação dos judeus;
e)     12,1 – 15, 13: A vida cristã e Orientações práticas;
f)      15, 14 – 16, 27: Conclusão e anexos
 
A perícope de hoje encontra-se na primeira parte, ou seja, compõe a parte dogmática do documento. Aqui o Apóstolo encontra-se seguro e otimista quanto ao valor do ser humano para Deus: Ele é por nós, quem será contra nós? (v. 31b). A prova de que Deus é por nós encontra-se expressa na radicalidade de sua doação pelo gênero humano a fim de salvá-lo: dando-nos seu Filho único, deu-nos também toda a sorte de dons (cf. v. 32). Assim, os cristãos, chamados à salvação, não podem ser acusados ou condenados por ninguém, uma vez que o próprio Deus nos declara justos e, na morte-ressurreição de Jesus Cristo, legou a todos a salvação e a vida eterna (cf. v. 33-34).
 
 
Evangelho: Mc 9, 2-10
 
O Evangelho de Marcos pode ser visto estruturado em dois grandes blocos: a apresentação de quem é Jesus e o anúncio do Reino de Deus (Mc 1, 14 – 8, 30) e a consequência lógica de reconhecer em Jesus o Messias de Deus (Mc 8, 29) e segui-lo com radicalidade (Mc 8, 31 – 16, 20). Estamos, pois, na segunda parte narrativa do Evangelho. Embora os discípulos já entendam que Jesus é o Messias, há entre eles ainda a falta de compreensão de seu projeto messiânico. A perícope de hoje encontra-se após o primeiro anúncio da Paixão (Mc 8, 31-33) e os critérios para o seguimento (Mc 8, 34 – 9, 1) e está em vista dos discípulos acolherem o “Messias diferente” que é Jesus e aderirem radicalmente ao seu ensinamento. É provável que o ânimo dos discípulos tenha ficado bastante abatido por conta da frustração de seus anseios de poder e por conta com horizonte da cruz, assim, o episódio da transfiguração vem em socorro deste desânimo no seguimento.
 
Do ponto de vista narrativo, o texto da transfiguração é uma teofania. A manifestação de Deus em Jesus Cristo não dá margem para os crentes pensarem em derrotismo, mas, ao contrário, de também revestirem-se de ânimo e continuarem sua caminhada na fé. Marcos apresenta plasticamente todos os elementos teofânicos, que ativarão logo na memória e no coração de seus ouvintes o Antigo Testamento: o monte (v. 2b), as vestes brilhantes (v. 3), as aparições (v. 3), a nuvem (v. 7a), a voz do céu (v. 7b).
 
De forma direta e maravilhosa, Jesus é apresentado pelo Pai como seu Filho amado e, por isso, os discípulos devem escutá-lo (cf. v. 7b). O mais importante nesta perícope é que, apesar da cruz e do caminho da cruz que ele propostos aos seus seguidores, a derrota e a morte não terão a última palavra, pois, seu projeto é o projeto do Pai. Portanto, os discípulos devem guardar a fé na vitória vindoura, anunciada por Jesus no v. 9 quando diz da ressurreição factual, já antecipada e testemunhada por alguns apóstolos no evento da transfiguração. 
 
Pe. Bruno Alves Coelho, C.Ss.R.
 
 

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