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Cristãos leigos: identidade e missão24/08/2020 535969

 

 

Dentro do Mês Vocacional, celebrado em agosto, a Igreja volta seus olhos e orações, nesta semana, para a vocação leiga. Assumir esta vocação é doar-se pelo Evangelho e estar junto a Cristo em sua missão de salvação e redenção. A partir deste domingo, 23/08, celebramos todos os leigos que, entre família e afazeres, dedicam-se aos trabalhos pastorais e também missionários. Os leigos atuam como colaboradores na catequese, na liturgia, nos ministérios de música, nas obras de caridade e nas diversas pastorais existentes.
 
Confira, abaixo, um artigo relacionado ao tema e elaborado pela professora Selina Dal Moro, da Itepa Faculdades.
 
 
 
Cristãos leigos e leigas: identidade e missão
 
 
Este domingo, 23 de agosto de 2020, é especial para todos nós, Leigos e Leigas, porque, depois dos dias dedicados à reflexão sobre a vocação presbiteral e religiosa, estamos iniciando a semana que a Igreja dedica, de modo muito atento, à vocação laical. Podemos, assim, perceber, que dentre as diversas temáticas eclesiológicas da atualidade, o laicato ocupa um lugar de destaque.
 
Muitos pensadores na Igreja contribuíram para que, Leigos e Leigos, assem a ser vistos como cidadãos do mundo e sujeitos eclesiais. Um desses pensadores, Alexandre Faivre, em sua obra Os leigos nas origens da Igreja  mostrou que no Novo Testamento não se enuncia  o laicato, mas um povo, um povo santo, um povo eleito, um povo que exerce todo ele um sacerdócio régio e que chama cada um de seus membros a prestar a Deus um culto verdadeiro em espírito. Na verdade, não se encontra nos escritos do novo testamento uma teologia do laicato. Não há Leigos e/ou Sacerdotes como entendemos na atualidade, mas um povo todo sacerdotal, profético e régio, o Povo de Deus. Foi no longo peregrinar da Igreja em meio aos tumultos da história e, especialmente a partir do século IV que se instituiu a hierarquização da Igreja, colocando no ápice os Bispos e os Clérigos e na base, na condição de dependentes e submissos, os Leigos.
 
Hoje, as noções de inferioridade dos Leigos e Leigas foram superadas. O marco desta virada histórica foi o Concílio Vaticano II.  Um dos pontos-chave da reflexão deste Concilio foi a valorização do laicato na Igreja. Desde então, a identidade e a missão dos Leigos e Leigas na Igreja conquistaram uma nova definição e um impulso renovador. “Pela primeira vez na bimilenar história da Igreja se prestou atenção à identidade e ao papel dos Leigos tanto na Igreja como no mundo”. A Igreja é o Povo de Deus. A noção de Povo de Deus exprime a profunda unidade, a comum dignidade e fundamental habilitação de todos os cristãos, Clérigos ou Leigos, na participação na vida eclesial e a corresponsabilidade na missão salvífica da Igreja.
 
Entendidos como membros desse povo, tanto os Clérigos quantos os Leigos têm sua função própria. De modo específico cabe aos Leigos e às Leigas a missão de ordenar o mundo e a sociedade na perspectiva do Reino de Deus (cf LG 31). Na condição de colaboradores com os pastores e corresponsáveis com eles, Leigos e Leigas são chamados à santidade como testemunhas do ressuscitado. Incorporados a Cristo pelo Batismo são e integram o Povo de Deus, participando ativamente das funções de Cristo Profeta, Sacerdote e Rei.
 
As Conferências Episcopais Latino-americanas deram especial destaque ao papel dos Leigos e das Leigas na Igreja e na sociedade. De Medellin à Aparecida, o conceito de Leigo, cidadão do mundo e sujeito eclesial, constituiu-se apelo constante para a missionaridade laical na família, no trabalho, no lazer e, em âmbitos mais abrangentes nos Conselhos Eclesiais, Comunitários e, igualmente na esfera política, espaço do exercício da caridade como alerta o Papa Francisco.
 
Síntese do processo vivido e construído pela Igreja latino-americana a Conferência Episcopal latino-americana, realizada em Aparecida, entre os dias 13 e 21 de maio de 2007, aprofundou a compreensão sobre a identidade e a missão do laicato e  desafiou a todos os cristãos Leigos a inserir-se comprometidamente em uma “Igreja em saída”. 
 
É importante lembrar que essa quinta Conferência, realizada sob os olhares da Mãe Aparecida, teve papel decisivo e inovador, na medida em que fez emergir uma Igreja preocupada com os desafios postos pela realidade e pela pós-modernidade, mostrando-se particularmente atenta às questões que ameaçam a vida humana, tais como, a exploração do trabalho e do meio ambiente, a pobreza e os problemas socioeconômicos da atualidade.
 
Diante do desafiante quadro socioeclesial, nessa Conferência deu-se ênfase ao papel dos Leigos e Leigas e à sua participação nas comunidades. Ao inserir no documento conclusivo, o termo composto “discípulos missionários”, Aparecida deixou claro que todos os batizados, incluindo os Leigos e as Leigas, são discípulos missionários de Jesus e chamados a anunciar o Evangelho. Esse caráter missionário é algo singular para a Igreja Latino-Americana e Caribenha, sobretudo porque nesse documento se enfatiza que, diante das constantes transformações socioeconômicas, os pobres não podem ser esquecidos. A busca por eles é a busca por Cristo, que vive junto a todos. Diante da indiferença que se universaliza, o Filho do Homem faz-se presente no menor dos menores. Por isso, o pobre é o que precisa ser evangelizado e, sobretudo, fraternalmente curado das feridas abertas ao longo de sua vida sempre marginalizada e, nesse momento, vítima principal da crise sanitária, provocada pelo coronavírus e da crise socioeconômica que tem como base, a desigualdade social do povo brasileiro. 
 
Diante da realidade sofrida da América Latina, o Documento de Aparecida nos apresenta uma Teologia do Laicato forte e vivencial, apresentando Cristo como fonte e foco da missão salvífica. Assim, a Conferência apresenta uma forma de atuação mais audaciosa dos Leigos e Leigas na medida que fortaleceu a percepção de que a missão deles, tanto no mundo como na Igreja, deve superar uma mentalidade clericalista, que apresenta a autoridade eclesiástica como referência única para qualquer decisão teológica ou pastoral.
 
Desta forma, podemos concluir que todos nós, Leigos e a Leigas, somos chamados a atuar com a liberdade de membros efetivos na Igreja e, assim, anunciar o Evangelho, tornando mais amplo nosso campo de trabalho. A Conferência de Aparecida sustenta a ideia de que o Leigo e a Leiga têm importância especial na Igreja e na sociedade, por se tratar de povo lidando com o povo de forma concreta, nos ambientes paroquiais e nas comunidades, em serviços humanitários para a construção da paz, fruto da justiça. Neste sentido, ser Leigo e ser Discípulo significa ser Missionário.
 
 
Alexandre FAIVRE. Os Leigos nas origens da Igreja. 1982.
Alexandre FAIVRE. Os Leigos nas origens da Igreja. p. 21.
Antônio José de ALMEIDA. Leigos e Leigas: história e interpretação. p. 178.

Fonte: Arquidiocese de o Fundo
 

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