17º Domingo do Tempo Comum – Ano A24/07/2020 112jb
“Como eu amo, Senhor, a vossa lei, vossa palavra!” (Sl 118, 97a)
Tema central da Liturgia da Palavra
O centro da liturgia de hoje é a coragem do cristão em se decidir radicalmente pelo Reino de Deus, demonstrada pela metáfora do “vender tudo”. A busca pelo real sentido da vida está demonstrada por aquele que vive com sabedoria esta aventura humana. Primeira Leitura, Salmo e Evangelho demonstram a forma para se alcançar isto: viver com sabedoria e encontrar este tesouro que está ível a todos, isto é o Reino de Deus. Este Reino é garantia de grande alegria para quem o encontra, pois, é ele o projeto de realização para toda a humanidade proposto por Deus (Segunda Leitura). Peçamos, pois, ao Bom Deus sabedoria para nossos corações a fim de optarmos por seu Reino de Amor!
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1ª Leitura: 1Rs 3, 5.7-12
A perícope nos apresenta o início do reinado de Salomão. Especificamente narra o sonho de Salomão e o pedido a Deus por sabedoria (v. 5). O sonho é um constante recurso bíblico que demonstra a eleição divina por alguém. Assim, o sonho se torna lugar de escolha do seu representante, em nível individual, mas, em nível geral, no que toca aos leitores, funciona como a proclamação deste escolhido divino.
A estrutura do sonho de Salomão é dialogal e mostra a iniciativa de Deus: “Pede o que desejas e eu te darei” (v. 5b). A sequência do relato bíblico demonstra que a eleição divina por Salomão não fora equivocada. Salomão faz um consciente exame de consciência, evidenciando sua fragilidade e o tamanho da responsabilidade de guiar o povo eleito (cf. v. 7-8). Assim, a partir de sua responsabilidade como rei, Salomão pede um “coração obediente, capaz de governar teu povo e de discernir entre o bem e mal” (v. 9a). Pedido que agradou a Deus (v. 10), pois, não foram mesquinharias (cf. v. 11a), mas, sabedoria para praticar a justiça (v. 11b), e lhe foi concedido com abundância (cf. v. 12).
Salmo 118 (119), 57.72.76-77.127-130 (R./ 97a)
O salmo 118 (119) é do gênero misto. O salmista exprime seu amor à vontade de Deus revelado sobretudo na forma da Lei, proposta como caminho de vida e fonte de verdadeira sabedoria e felicidade. Cada estrofe tem oito versos e cada verso começa pela mesma letra seguindo a ordem alfabética; em cada verso encontra-se a palavra “lei” ou um sinônimo (cf. nota do salmo 119 da Bíblia da CNBB).
2ª Leitura: Rm 8, 28-30
Damos continuidade à reflexão da Carta de São Paulo aos Romanos e tocando a mesma temática: a salvação universal por Cristo e as consequências disso. De forma específica a perícope de hoje mostra a esperança da glória.
Não obstante as inúmeras dificuldades que o cristão possa enfrentar em sua vida presente, ele deve ter em mente o projeto ao qual foi chamado: a salvação. Tendo em mente este projeto divino para si, o cristão sabe que tudo o que enfrenta está sob o comando divino, pois, ele não está abandonado, mas, Deus está consigo, afinal, o chamado é para a salvação (cf. v. 28). Este chamado divino é uma predestinação, não no sentido de determinismo, mas, de projeto divino: desde o conhecimento eterno de Deus de suas criaturas, Ele já os chamara à salvação (cf. v. 29a). Todavia, o caminhar para a salvação só é possível ao cristão se este se configura a Cristo, isto é, todo cristão deve assumir a identidade e a forma de ser de Cristo como sua própria (cf. v. 29b). Assim, a todos os homens e mulheres da terra, chamados à salvação, já devem ter em mente a ação divina em seu favor no hoje de sua existência: chamando, justificando e glorificando (cf. v. 30); porém, a gratuidade do projeto de Deus para os seres humanos só se torna real e concreto na singularidade de cada pessoa se esta, livre e conscientemente, também optar pelo projeto divino e se configurar na imagem do Filho.
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Evangelho: Mt 13, 44-52
Continuamos a meditação do capítulo 13 do Evangelho de São Mateus, dedicado ao Sermão das Parábolas ou, mais comumente conhecido, como parábolas do Reino. Temos hoje o arremate deste Sermão, onde o mistério do Reino de Deus é apresentado em quatro parábolas. Em seu conjunto as quatro imagens sugerem a universalidade do Reino de Deus, pois, de certa forma, contemplam os homens coetâneos de Jesus em suas realidades quotidianas: campo, negócios, pesca e relação familiar.
Parábola do tesouro escondido (v. 44): o centro desta parábola é a descoberta do valor do Reino de Deus. Aquele que o descobre se desfaz de tudo o que possui para logo depois o adquirir. Este tesouro de valor inestimável deve ser abraçado integralmente pelos discípulos do Reino, de modo que o valor pago seja ir e com gratuidade, ou seja, a alegria do encontro de tão inestimável tesouro deve gerar profunda alegria naquele que o está adquirindo.
Parábola da pérola (v. 45-46): esta parábola seque a mesma lógica da anterior. Contudo, aqui o discípulo - negociante de pérolas que busca pérolas preciosas – é alguém iniciado nos valores do Reino de Deus, sabe de seu valor e está à sua procura conscientemente! Quando encontra a pérola de inestimável valor, vende tudo o que possui e a adquire.
Parábola da rede (v. 47-50): esta é a imagem mais elaborada desta perícope e segue a mesma lógica da parábola do joio e do trigo (apresentada no Domingo ado). A prodigalidade da rede jogada ao mar para a pesca demonstra a forma como o Reino é para homens e mulheres: assim como a rede apanha vasta quantidade e diversidade de seres marinhos, também o Reino está aberto a todos! Entretanto, há a imagem do juízo final, onde o bom pescado será separado daquilo que não presta, demonstrando que aqueles que optaram pelo Reino devem viver na prática da vida seus valores e não voltarem atrás.
Parábola do escriba/pai de família (v. 51-52): é a conclusão do capítulo. Após apresentar várias imagens sobre o Reino, Jesus se dirige aos seus ouvintes e, numa atitude dialógica, afirma que o discípulo do Reino é aquele e ouve, pois, só compreende quem ouve. Assim, se compreenderam, terão condições de ar todo o tesouro da revelação e ver os eventos do Antigo Testamento (coisas velhas) à luz do Novo Testamento (coisas novas).
Autor: Pe. Bruno Alves Coelho, C.Ss.R.