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Solenidade de São Pedro e São Paulo25/06/2020 2v216h

 

“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16, 18)
 
 
Tema central da Liturgia da Palavra
 
A liturgia deste domingo nos apresenta duas personagens principais da Igreja: São Pedro e São Paulo. No Brasil, por determinação da CNBB e aprovação da Santa Sé, celebramos liturgicamente sempre estes dois santos aos domingos, entre o dia 28 de junho e 04 de julho, embora sua data seja dia 29 de junho. O Missal Romano assim nos apresenta estes dois Pastores:
 
“Pedro, escolhido por Cristo como fundamento do edifício eclesial, portador das chaves do Reino dos céus (Mt 16, 13-19), pastor do rebanho santo (Jo 21, 15-17), confirmador dos irmãos (Lc 22, 32), e na sua pessoa e nos seus sucessores o sinal visível da unidade e da comunhão na fé e na caridade.
 
Paulo, cooptado no colégio apostólico pelo próprio Cristo no caminho de Damasco (At 9, 1-16), instrumento escolhido para levar seu nome perante os povos (At 9, 15), é o maior missionário de todos os tempos, o advogado dos pagãos, o apóstolo dos gentios, aquele que juntamente com Pedro faz ressoar a mensagem evangélica no mundo mediterrâneo. Ambos os apóstolos selaram com o martírio em Roma, pelo ano de 67, seu testemunho ao Mestre. A Deposito martyrum (ano 354) relata sua solenidade a 29 de junho”.
 
 
1ª Leitura: At 12, 1-11
 
Do ponto de vista histórico, o relato do Livro dos Atos do Apóstolos que hoje a liturgia nos apresenta, já evidencia um avanço temporal de cerca de 07 (sete) anos no tocante à ressurreição e ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo, ou seja, apresenta uma Igreja já estabelecida e formada na fé em Jerusalém. O que atesta isto é que Herodes Agripa I, neto de Herodes Magno, fora nomeado rei da Judeia pelo Imperador Romano Calígula no ano 37, contudo, só veio a reinar nesta região no ano 41; reinado que durou até o ano 43 ou início do ano 44 por ocasião de sua morte.
Acontece que durante seu reinado, Herodes Agripa I promoveu forte perseguição contra os cristãos, como nos narra o início da leitura (v. 1). Justamente por conta desta ação, durante a páscoa dos judeus (festa dos ázimos, v. 2), Pedro foi preso e não fosse a intervenção divina a seu favor, representada aqui pelo anjo (v. 7-10), ele teria experimentado o mesmo destino de Tiago, irmão de João (v. 2).
A libertação milagrosa de Pedro será sinal de grande alegria para a Igreja de Jerusalém (cf. At 12, 12-17) e, ao mesmo tempo, confirmará a importância da missão de Pedro à frente da Igreja e que esta, reunida e apoiada na oração, é a mão divina no mundo em favor dos pobres, injustiçados e sofredores.
 
 
Salmo 33 (34), 2-9
 
Este é um salmo que pode ser classificado como de Ação de Graças ou Sapiencial, pois, é formado por esta dupla estrutura: v. 2-11 são totalmente de Ação de Graças; v. 12-23 são sapienciais no estilo das instruções de Provérbios quanto ao destino dos justos e dos ímpios, não obstante sua elaboração alfabética aos moldes de Provérbios (cf. Pr 31, 10ss).
Como o conjunto de versículos da liturgia de hoje abarca apenas os v. 2-9, temos um Salmo de Ação de Graças. Sua estrutura é bem simples: o salmista inicia sua oração declarando que está dando graças a Deus (v. 2-3), depois reconta sua invocação confiante a Deus e seu livramento de uma situação difícil (v. 4-5) e, finalmente, reconhece o livramento operado pelo Senhor a seu favor e o direciona a todos os que Nele também buscarem abrigo (v. 6-9).
O salmo da liturgia de hoje está em perfeito acordo com as difíceis trajetórias missionárias de Pedro e Paulo que, não obstante isso, foram libertados das dificuldades e puderam em inúmeras vezes render graças à Providência celeste, afinal, guardando a fé, não invocaram o Senhor em vão!
 
 
2ª Leitura: 2Tm 4, 6-8. 17-18
 
O trecho (perícope) da Segunda Carta de São Paulo a Timóteo que a liturgia hoje nos apresenta não é de fácil compreensão. O fato é que Paulo encontra-se na prisão. Todavia, este estar na prisão pode ser interpretado como sua última prisão e, por isso, estar prestes a morrer, daí, sua fala dos v. 6-8 é tida como um “testamento espiritual” do Apóstolo ao seu sucessor, Timóteo.
Contudo, o termo empregado por Paulo “partida” (v. 6) não parece ser uma referência à morte, pois, não traz a angústia própria de alguém que se aproxima deste momento limite da existência; tal angústia paulina quanto à finitude da vida está registrada em Fl 1, 23-24: “Sinto-me num dilema: meu desejo é partir e ir estar com Cristo, pois isso me é muito melhor, mas o permanecer na carne é mais necessário por vossa causa”. Ademais, não faria o menor sentido Paulo estar prestes a morrer e, sabendo disso, fazer os planos otimistas dos v. 9-18 que demandariam tempo considerável para sua realização. Assim, o contexto da carta parece mesmo ser a “partida” referindo-se à sua libertação da prisão domiciliar em Roma (cf. At 28, 16) que durou dois anos (cf. At 28, 30).
Lida como sua libertação da prisão domiciliar e não como sua morte iminente, a carta narra o ponto de vista do Apóstolo, sozinho, apresentando sua defesa ante as autoridades, desde sua prisão em Jerusalém (cf. At 21), sua penosa transferência para Cesareia (cf. At 23-26) até Roma, onde sozinho, sob a graça de Deus saiu vitorioso e pode continuar seu apostolado (cf. 2 Tm 4, 17-18). Daí, sua ação de graças ao Bom Deus que o fortaleceu em seu combate, dando ocasião para proclamar sua fé em ambiente hostil, livrando-o da “boca do leão” e, apesar de suas dificuldades sofridas, dando-lhe ocasião de permanecer fiel à sua vocação missionária! Assim, por permanecer fiel, desde já, ou seja, mesmo muito antes de sua morte, o Apóstolo já se sente contemplado com a bem-aventurança da vida eterna (cf. 2 Tm 4, 8).
 
 
Evangelho: Mt 16, 13-19
 
O Evangelho da Solenidade de hoje nos apresenta basicamente a mesma cena do Evangelho do Domingo ado (cf. neste espaço as reflexões para o 12º Domingo do Tempo Comum), ou seja, Mateus também a apresenta aos discípulos a pergunta sobre quem era ele para as outras pessoas que o seguiam (cf. Mt 16, 13b) e quem ele era para os discípulos (cf. Mt 16, 15), ao que segue a profissão de fé de Pedro (cf. Mt 16, 16). Embora não pertencente à perícope da Missa de hoje, como em Lucas, Mateus narra na sequência o primeiro anúncio da Paixão (cf. Mt 16, 21-23) e as condições para quem quer seguir Jesus (cf. Mt 16, 24-27). Entretanto,
Mateus nos apresenta uma ênfase bastante distinta de Lucas. Enquanto em Lucas a ênfase do relato evangélico reside justamente na necessidade de se reconhecer bem a identidade de Jesus de Nazaré (cf. Lc 9, 20), não como um profeta, mas, sobretudo como o Messias, a fim de que a seu exemplo o discípulo tenha condições de segui-lo com convicção negando-se a si mesmo e tomando a cruz quotidiana (cf. Lc 9, 23-25), Mateus enfatizará a profissão de fé de Pedro como ponto de partida para a edificação de sua Igreja (Mt 16, 18) e lançará a “pedra fundamental” da Teologia do Primado de Pedro (Mt 16, 19).
É interessante notar que a profissão de fé petrina identifica, pela primeira vez, de forma direta a identidade de Jesus para os leitores: “Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo” (Mt 16, 17) como consequência do seu seguimento e responde aos anseios da comunidade cristã em seguir o messias não apenas como alguém especial enviado por Deus como um profeta, mas, sendo filho de Deus, ou seja, Jesus de Nazaré é Filho de Deus enviado para salvar a humanidade!
Se pela fé professada por Pedro em nome da comunidade Jesus é identificado em sua dupla natureza, divina e humana, também a comunidade é identificada por Jesus: a profissão de fé petrina é pedra (Mt 16, 18a), ou seja, fundamento para que a Igreja exista e continue a missão do anúncio do Reino de Deus como herança deixada por Jesus e, permanecendo firme e irredutível nesta fé, as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela (Mt 16, 18b), indicando que a perseverança na comunidade de fé é garantia da vida hoje e para a eternidade.
Esta Igreja viva na fé em Cristo Jesus tem um vigário: Pedro recebe as chaves do Reino dos Céus (cf. Mt 16, 19a). Aqui está lançada a base bíblica da Teologia do Primado Petrino que anima e governa a Igreja. É importante ressaltar que Pedro continua um discípulo, pois, Jesus Cristo será sempre o único Mestre da Igreja, porém, à Igreja militante o próprio Mestre delega um líder que exercerá, pela fé comunitária, sua antiga função: liderar o grupo com a autoridade do serviço em vista do Reino dos Céus (cf. Mt 16, 19b). O líder da Igreja, sempre em comunhão de fé, agindo com os critérios evangélicos aprendidos com Jesus Cristo, tem a autoridade de continuar a obra divina na terra e suas ações, enquanto Igreja, têm as bênçãos de Deus que as ratificam, pois, “o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus”.
 
Autor: Pe. Bruno Alves Coelho, C.Ss.R.
 

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