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Solenidade da Ascensão do Senhor22/05/2020 1f1x57

“Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28, 20b)
 
Tema central da Liturgia
 
O Sétimo Domingo da Páscoa é solenemente chamado de Domingo da Ascensão do Senhor. Celebrar esta solenidade é termos nosso coração plantado na firmeza e concretude da benesse divina para conosco: Jesus, o Ressuscitado, ao ser elevado aos céus demonstra que o plano divino da Salvação foi realizado com sucesso e perfeição, afinal, o Jesus retorna aos céus é diferente daquele que se encarnou no seio da Virgem Maria, pois, aquele que vem a nós apenas como Deus e na encarnação também se torna homem, ao retornar para a eternidade não volta apenas verdadeiro Deus, mas, também verdadeiro homem, isto é, o Cristo que é elevado aos céus leva para a eternidade a nossa carne, a nossa humanidade!
 
 
 
1ª Leitura: At 1, 1-11
 
A fim de melhor nos situarmos neste texto bíblico, tomemos a introdução aos Atos do Apóstolos da Bíblia da CNBB:
 
Os Atos dos Apóstolos (At) são a continuação do evangelho de Lucas, constituindo a segunda parte de sua obra. Narram a fase da História da Salvação que se seguiu à ressurreição e elevação de Jesus. Como o evangelho de Lucas, também este escrito não é historiografia no sentido científico moderno; não tem a pretensão de fazer uma reconstituição científica dos fatos, mas, baseando-se em fontes fidedignas, procura evocar o significado daquilo que aconteceu e, também, prestar homenagem aos primeiros evangelizadores e fundadores das Igrejas cristãs – especialmente Pedro, primeiro porta-voz da Igreja-mãe de Jerusalém, e Paulo, evangelizador dos gentios. Na parte que narra as viagens marítimas de Paulo, o autor se apresenta como companheiro de viagem, falando na forma “nós”.
 
O livro possui vinte e oito (28) capítulos e, do ponto de vista do conteúdo, pode ser dividido em três partes: I) Atos de Pedro: 1 – 15; II) Elo entre a primeira e a terceira parte: 13 – 15; III) Atos de Paulo: 13 – 28.
 
Nossa perícope de hoje é o início do livro. De forma bem clara o trecho pode ser subdivido em dois:
 
At 1, 1-5 – prólogo para o todo do livro: “O terceiro evangelho e o livro dos Atos eram primitivamente as duas partes de uma só obra, à qual daríamos hoje o nome de ‘História das origens cristãs’. Logo o segundo livro ficou conhecido com o título de ‘Atos dos Apóstolos’ ou ‘Atos de Apóstolos’ [...]. A relação original desses dois livros do NT é indicada por seus Prólogos e por seu parentesco literário. O Prólogo dos Atos, que se dirige como o do terceiro evangelho (Lc 1, 1-4) a certo Teófilo (At 1, 1) remete a esse evangelho como a um ‘primeiro livro’, de que ele resume o objeto e retoma os últimos acontecimentos (aparições do Ressuscitado e Ascenção) para encadeá-los à sequência do relato” [FONTE: Introdução ao livro dos Atos do Apóstolos da Bíblia de Jerusalém].
 
Partindo dos últimos acontecimentos de Jesus ante seus discípulos, isto é, das aparições pós-ressurreição e da ascensão, Lucas demonstra que esta pedagogia do Mestre para com os discípulos constituiu seus últimos ensinamentos: durante quarenta dias lhes ensinou mais sobre o Reino de Deus (cf. v. 3) além de outras instruções (cf. v. 2). Assim, a missão dos Apóstolos, escolhidos por Cristo no Espírito Santo (cf. v. 2) é a continuação da pregação sobre o Reino de Deus, iniciada a partir de Jerusalém quando da Festa de Pentecostes, quando os apóstolos recebem o dom do Espírito Santo que o move à missão (cf. v. 4). Ademais, é neste mesmo espírito que àqueles que aderirão ao projeto do Reino de Deus permanecerão firmes na caminhada: serão batizados (cf. v. 5).
 
At 1, 6-11 – narrativa da Ascensão: o v. 6a deixa clara a conexão deste relato com o evangelho, pois, indica o fio narrativo interrompido em Lc 24, 29, ou seja, retoma as aparições do Ressuscitado. O v. 6b demonstra a ainda incompreensão da proposta de Jesus por parte dos discípulos, pois, sua interrogação é sobre a restauração temporal do reino de Israel; ao que Jesus lhes rebate no v. 7 de que não cabe a eles saber os tempos e os momentos disso, pois, o Pai é quem preparou tudo desde toda a eternidade. Porém, mesmo desconhecendo os tempos e momentos, os discípulos receberão a força do Espírito Santo a fim de darem prosseguimento à obra messiânica iniciada por Jesus: ou seja, a partir de agora a obra evangelizadora é legada à Igreja, que deve ser testemunha de Jesus em todos os lugares da terra (cf. v. 8). Após este último ensinamento, Jesus é elevado à vista deles (cf. v. 9) ao que dois homens vestidos de branco os interrogam sobre o motivo de estarem parados a olhar para o céu (cf. v. 10-11a) e de imediato os confirma na missão de darem prosseguimento à obra da evangelização, com os pés plantados no chão da história e não de forma alienada olhando para o céu. Ou seja, embora esperançosos pela presença do Mestre que fora elevado aos céus, os missionários do Reino têm muito trabalho, pois, lhes fora delegada a função de continuar a obra do Mestre, que, um dia voltará na parusia (cf. v. 11b).
 
 
Salmo 46 (47), 2-3.6-9 (R/. 6)
 
O salmo de hoje é do gênero Realeza do Senhor. Conforme Hermann Gunkel, “estes salmos foram usados como parte da adoração de Israel, possivelmente incluindo uma festa de entronamento, na qual o Senhor é glorificado como rei. Estes salmos tiveram uma reinterpretação profética, escatológica em seus estágios finais”. De forma específica este é um hino de júbilo pela vitória de Israel, sob a poderosa assistência de Deus, a quem realmente se deve o triunfo. Assim Deus começa a estabelecer seu reino universal.
 
 
2ª Leitura: Ef 1, 17-23
 
A fim de melhor nos situarmos neste texto bíblico, tomemos a introdução à Carta aos Efésios da Bíblia da CNBB:
 
A Carta aos Efésios (Ef) é uma carta circular dirigida aos cristãos da Ásia menor (hoje Turquia), província romana que tinha a cidade de Éfeso como capital. O caráter circular da carta confirma-se pelo fato de a menção a Éfeso, em 1, 1, faltar em muitos manuscritos. De carta ela só tem a forma; o conteúdo é uma homilia. A comparação com a Carta aos Colossenses (que se destinava a diversas igrejas) mostra que o autor se inspirou nessa carta e a transformou numa homilia destinada a um público mais amplo.
 
Embora curta, possui apenas seis (06) capítulos, do ponto de vista do conteúdo, a Carta aos Efésios pode ser dividida em quatro partes: I) Saudação: 1, 1-2; II) Parte doutrinal: 1, 3 – 3, 21; III) Exortação: 4, 1 – 6, 20; e IV) Conclusão: 6, 21-23.
 
Nossa perícope de hoje é uma intercessão de Paulo em favor da comunidade de Éfeso. É uma piedosa e profunda oração em favor dos destinatários de sua carta a fim de que eles sejam abençoados com o Espírito de sabedoria e o conheçam verdadeiramente (cf. v. 17) e, com os corações iluminados, tenham condições de reconhecer a esperança à qual foram chamados, a herança que a eles é prometida e as ações divinas em favor dos crentes (cf. v. 18-19). Ademais, a força divina que ele exerce em favor dos crentes (cf. v. 19), foi a mesma que exerceu no Cristo ao ressuscitá-lo dos mortos e na Ascenção, fazendo-o assentar à sua direita (cf. v. 20) e colocando tudo o que existe sob seus pés (cf. v. 21). Se tudo está sob seus pés, Deus também o constituiu como cabeça da Igreja (cf. v. 22) e esta é o seu Corpo, ou seja, em sua diversidade de membros é plenitude do Cristo que continua presente na história devido à sua atuação de obediência e submissão à Cabeça (cf. v. 23).
 
 
 
Evangelho: Mt 28, 16-20
 
A perícope de hoje é o final do Evangelho de Mateus. Durante a última ceia Jesus indicou um lugar na Galileia para se encontrar com seus discípulos (cf. Mt 26, 32) e reafirmou o lugar do encontro após a ressurreição (cf. Mt 28, 7.10); o episódio final da narrativa evangélica é a realização deste encontro, num monte da Galileia, entre o Ressuscitado e seus discípulos. Sobre o lugar, este é muito significativo: a Galileia era encarada pelos judeus mais ortodoxos como um lugar ruim, de onde não poderia vir coisa boa, pois, sua formação demográfica deu-se em contato com muitos povos pagãos, por isso, tradicionalmente a região era tratada com desprezo – não por acaso início do ministério público de Jesus deu-se justamente nesta região (cf. Mt 4, 12-25). Portanto, é numa região desprezada por seu povo que Jesus inicia seu ministério e é também aí que ele dá o tom da ação evangelizadora da Igreja. Outro ponto importante é o monte. Biblicamente o monte é o lugar da revelação de Deus: aqui o Ressuscitado se revela aos seus discípulos e lhes confere a missão de continuarem o anúncio do Reino de Deus.
 
Sobre a temática, podemos dividi-la em dois momentos:
 
Mt 28, 16-18: o encontro com o Ressuscitado. O encontro é a realização daquilo que Jesus predissera durante a última ceia (cf. Mt 26, 32) e que após sua morte e ressurreição anunciara às mulheres por meio do anjo (Mt 28, 7) e por ele mesmo (Mt 28, 10). Assim, Jesus que foi à frente para a Galileia, esperava por aqueles que caminhavam após ele, ou seja, os discípulos – que sempre estão atrás do mestre e nunca à sua frente. Aqui importa a fé dos discípulos em seu mestre, pois, eles ainda não tinham tido contato pessoal com o Ressuscitado, só tinham como garantia a palavra do Mestre antes de sua morte e o testemunho das mulheres após a ressurreição. Justamente por isso o encontro é dramático: o v. 17 demonstra a emoção e o reconhecimento de que Jesus estava realmente vivo e este reconhecimento equivale a confessar sua divindade, eles tão logo o viram, se prostraram – gesto de adoração; porém, a fé não é livre de dúvidas, por isso, também alguns mantinham certas dúvidas. O v. 18 tratou logo de dissipar qualquer sentimento de dúvidas, pois, o próprio Jesus lhes dirige a palavra atestando sua real divindade: “Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra”, ou seja, Jesus confirmava a fé dos discípulos ao mesmo tempo que os encorajava a permanecerem firmes no caminho!
 
Mt 28, 19-20: a missão de continuarem o anúncio do Reino de Deus. A confirmação e o encorajamento do v. 18 está em função da missão a ser assumida pelos discípulos. Agora não mais Jesus estará presente fisicamente com os discípulos, ou seja, o tempo do aprendizado acabou e eles devem colocar em prática tudo o que fora aprendido. Isto é evidente no envio missionário que Jesus faz: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações” (v. 19a). A universalidade da proposta do Reino de Deus deve ser observada pelos discípulos, por isso, a Galileia é tão significativa como lugar de início da missão apostólica: a região era habitada por judeus e pagãos de vários povos. Contudo, o agir missionário deve observar metodologia clara: instrução na fé, por isso fazer discípulos, ou seja, aquele que aderir ao caminho deve ter fé e consciência de quem é o Mestre; e a devida iniciação, isto é, o batismo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (cf. v. 19b) e a devida confirmação desta adesão em continuada instrução a fim de que os novos no caminho de fé não se percam (cf. v. 20a). Finalmente, a convicção de que se agirem conforme o mandato ir do Mestre, Jesus estará presente em sua Igreja no tempo presente guiando-a e protegendo-a pelos caminhos da história (cf. v. 20b), afinal, ele é Deus conosco!

Autor: Pe. Bruno Alves Coelho, C.Ss.R.
 

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