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6º Domingo da Páscoa15/05/2020 3532z

 “Não vos deixarei órfãos: eu voltarei a vós” (Jo 14, 18)

 
Tema central da Liturgia
 
O Sexto Domingo da Páscoa é um convite divino aos cristãos: vale a pena perseverar no caminho de fé, independentemente das dificuldades do tempo presente. Afinal, não estamos sozinhos, Jesus Cristo nos dá a vida do Pai pelo Espírito que roga em nosso favor. Com esta convicção bem plantada em nossos corações e expressada em atitudes de vida no mundo, os cristãos somos responsáveis pela construção do Reino de Deus no hoje da história humana. Somos Igreja, o Espírito habita em nós, portanto, confiemos em Deus e nos coloquemos em marcha pela transformação do mundo num lugar de bem e paz!
 
 
 
1ª Leitura: At 8, 5-8.14-17
 
A fim de melhor nos situarmos neste texto bíblico, tomemos a introdução aos Atos dos Apóstolos da Bíblia da CNBB:
 
Os Atos dos Apóstolos (At) são a continuação do evangelho de Lucas, constituindo a segunda parte de sua obra. Narram a fase da História da Salvação que se seguiu à ressurreição e elevação de Jesus. Como o evangelho de Lucas, também este escrito não é historiografia no sentido científico moderno; não tem a pretensão de fazer uma reconstituição científica dos fatos, mas, baseando-se em fontes fidedignas, procura evocar o significado daquilo que aconteceu e, também, prestar homenagem aos primeiros evangelizadores e fundadores das Igrejas cristãs – especialmente Pedro, primeiro porta-voz da Igreja-mãe de Jerusalém, e Paulo, evangelizador dos gentios. Na parte que narra as viagens marítimas de Paulo, o autor se apresenta como companheiro de viagem, falando na forma “nós”.
 
O livro possui vinte e oito (28) capítulos e, do ponto de vista do conteúdo, pode ser dividido em três partes: I) Atos de Pedro: 1 – 15; II) Elo entre a primeira e a terceira parte: 13 – 15; III) Atos de Paulo: 13 – 28.
A perícope de hoje continua narrando a expansão da fé cristã para outros povos, ou seja, faz parte do recorte bíblico do livro de Atos sobre as primeiras missões (cap. 6 – 12). Hoje, especificamente, temos narrada a ação evangelizadora em Samaria: dos v. 5-8 temos a evangelização de Filipe e dos v. 14-17 a presença de Pedro e João confirmando esta evangelização dos samaritanos.
É interessante notar que ação evangelizadora de Filipe junto aos samaritanos deu-se de forma inesperada, pois, só ocorreu desta forma por conta da perseguição que os judeus impam à comunidade de Jerusalém. Esta primeira perseguição acarretou no martírio de Estêvão (cf. At 7, 54 – 8, 1a). Filipe pertencia ao grupo de Estêvão, era um dos sete escolhidos pelos Apóstolos para cuidarem das viúvas de língua grega (cf. At 6, 1-6). Foi justamente este grupo ligado a Estêvão que se dispersou pelas regiões da Judeia e Samaria, enquanto o grupo apostólico permaneceu em Jerusalém (cf. At 8, 1b-3).
Há certa ironia histórica nos eventos causados pelas primeiras perseguições judaicas à comunidade de Jerusalém em torno do ano 35: causou não a morte desta, mas, a dispersão de missionários por outros territórios (cf. At 8, 4). E foi assim que Filipe chegou à Samaria (v. 5), lugar desprezado pelos judeus, mas que acolheu com alegria e fé a Boa-Nova: os samaritanos, unânimes, ouviam sua pregação e acolhiam seus sinais (cf. v. 6), muitos receberam a cura (cf. v. 7) e grande era a alegria na cidade (v. 8).
Os v. 14-17 apresentam a confirmação da evangelização dos samaritanos. Aqui, apenas uma importante e breve explanação sobre o “só tinham recebido o batismo em nome do Senhor Jesus” (v. 16b): esta expressão está mais em vista da fé a ser abraçada, ou seja, de que Jesus é o Cristo de Deus e que nesta fé estes que recebem o batismo lhe serão consagrados. Isto é, aqui não está em pauta a fórmula do rito batismal que é um mandato expresso do próprio Jesus (cf. Mt 28, 19), mas, algo que dela deriva e expressa a fé assumida e professada publicamente. Assim, o que Lucas quer dizer é que os samaritanos tinham noção de quem era Jesus, mas, parece que não tinham ainda convicção da profundidade da fé, pois, estavam entusiasmados por sinais exteriores: palavras e milagres. Portanto, a recepção do batismo precisava ser confirmada pela autoridade apostólica a fim de que os samaritanos entendessem que abraçar a fé significava ser Povo de Deus, pertencerem à Igreja e não viverem de forma isolada ou por conta própria. É o Espírito presente em todos os membros da Igreja que garante a coesão na vivência da fé.
 
 
Salmo 65 (66), 1-3a..4-7a.16.20 (R/. 1-2a)
 
O salmo de hoje é uma Ação de Graças da comunidade. O salmista convida a assembleia ao louvor universal a Deus que fez maravilhas em favor de seu povo. Esta ação de graças litúrgica recorda o êxodo e as provações enfrentadas e vencidas pelo povo por causa da presença forte e fiel de seu Deus. Por isso, o povo reunido oferece um sacrifício de agradecimento.
 
 
2ª Leitura: 1Pd 3, 15-18
 
Terminamos hoje a leitura litúrgica da Primeira Carta de Pedro. Este livro bíblico nos acompanha como segunda leitura dominical desde o 2º Domingo da Páscoa. Aprofundemo-nos um pouco mais neste importante texto neo-testamentário a partir da introdução da Bíblia de Jerusalém.
 
Duas epístolas católicas se apresentam como escritas por são Pedro. A primeira, que traz no endereço o nome do príncipe dos apóstolos (1, 1), foi recebida sem contestação desde os primórdios da Igreja; citada provavelmente por Clemente de Roma e certamente por Policarpo, é atribuída explicitamente a são Pedro a partir de Irineu. O apóstolo escreve de Roma (Babilônia 5, 13), onde se encontra em companhia de Marcos, que chama de “seu filho”. Embora sejam muito poucas as informações que temos a respeito do fim de sua vida, uma tradição muito segura afirma, com efeito, que se transferiu para a capital do império, onde morreu mártir no tempo de Nero (em 64 ou 67?). Escreve aos cristãos da “Diáspora”, especificando os nomes de cinco províncias (1, 1), que representam praticamente o conjunto da Ásia Menor. O que diz do ado deles (1, 14.18; 2, 9s; 4,3) sugere que são convertidos do paganismo, embora não se exclua a presença de judeu-cristãos entre eles. É por isso que lhes escreve em grego; e, se este grego, simples, mas correto e harmonioso, parece de qualidade boa demais para o pescador galileu, conhecemos o nome do discípulo secretário que pode tê-lo assistido na redação: Silvano (5, 12), comumente identificado com o antigo companheiro de são Paulo (At 15, 22+).
A finalidade desta epístola é sustentar a fé dos seus destinatários em meio às provações que os assolam. Houve quem procurasse identificá-las com perseguições oficiais, tais como as de Domiciano ou mesmo de Trajano, o que suporia época bem posterior a são Pedro. Mas as alusões da epístola não exigem nada disso. Trata-se, antes, de prepotências, injúrias e calúnias que os convertidos sofrem, por causa de sua pureza de vida, da parte daqueles cujos desregramentos eles abandonaram (2, 12; 3, 16; 4, 4.12-16).
 
A perícope de hoje encontra-se na parte exortativa do bom e exemplar agir cristão no mundo, de forma específica na perseguição injusta. O cristão, por ser resgatado dos poderes da morte pela morte de Cristo (cf. v. 18a), devem seguir seu exemplo a fim de terem também a vida, pois, o Cristo morto pelo resgate de muitos, foi ressuscitado pela vida no Espírito (cf. v. 18b), ou seja, se Cristo sofreu por injustos, também os cristãos devem dar sua vida a fim de também a receberem na ressurreição. Contudo, esta forma de agir no mundo só é possível a quem reconhece a soberania de Cristo como Senhor de tudo, inclusive de seu coração (cf. v. 15a). Esta vivência na fé será capaz de dar condições ao cristão de dar razões de sua fé com palavras e atos em todas as situações de vida (cf. v. 15b), com mansidão, respeito e boa consciência (v. 16), formas capazes de desarmar qualquer calúnia contra quem assim vive e crê. Portanto, o cristão é chamado a implementar em sua existência a prática de Cristo: sempre fazer o bem, independentemente das situações (cf. v. 17).
 
 
Evangelho: Jo 14, 15-21
 
A perícope do Evangelho de hoje é sequência do Domingo ado, portanto, estamos no mesmo contexto de despedida e consolo de Jesus ante seus discípulos, durante a última ceia. Porém, o tema principal de hoje é o futuro da caminhada dos discípulos. Jesus já antecipa qualquer fala de seus discípulos na inquietante dúvida do futuro daquele grupo: se a morte do Mestre se aproximava e ele não mais estaria com eles fisicamente (cf. v. 19a), como poderiam perseverar em seus ensinamentos?
A resposta de Jesus é simples e consoladora. Mesmo que ele parta desta vida, ele continuará presente em seus discípulos (cf. v. 19b), pois, mesmo não estando presente fisicamente junto deles, ele estará vivo e é esta a vida que ele dará a seus discípulos; este é o dom máximo que ele comunica a seus discípulos: assim como Jesus vive por estar no Pai, por eles estarem com Jesus, Jesus neles estará, ou seja, comunicará sua vida que vem do Pai a todos os seus discípulos (cf. v. 20). Contudo, a relação entre Jesus e o Pai é a de amor radical. Portanto, aquele que deseja permanecer em Jesus deve amá-lo. Amar a Jesus é observar e praticar na íntegra seus mandamentos (cf. v. 15.21).
Observar os mandamentos é condição pela qual os discípulos não ficarão perdidos em sua caminhada histórica. Os mandamentos são como o Norte do discípulo que não mais vive junto a seu Mestre, mas, continua vivendo os valores dele aprendidos. Entretanto, para que a comunidade não se perca pelas veredas da história, esta não estará órfã (cf. v. 18a): o próprio Jesus pedirá ao Pai o envio do Paráclito que a defenderá sempre e nunca a abandonará (cf. v. 16). O Defensor é o Espírito Santo que garantirá a reta caminhada comunitária: recordará sempre aos seguidores de Jesus a verdade a ser abraçada e compartilhada na prática da vida quotidianamente (cf. v. 17), ou seja, Jesus, pois, ele é o caminho a verdade e a vida (cf. Jo 14, 6a). Assim, a presença do Espírito a guiar a comunidade é a forma garantida da presença de Jesus em seu seio, é assim que constantemente ele volta aos seus discípulos (cf. v. 18b).

Autor: Pe. Bruno Alves, C.Ss.R.
 

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