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Um queijo temperado com solidariedade08/05/2023 2556w

A noite de 5 de maio de 2023 foi de contar história, fazer história e viver história na Casa de Retiros e Eventos Seminário da Floresta, em Juiz de Fora (MG). A Província Redentorista do RJ-MG-ES inaugurou, no espaço, a Fábrica de Queijo Ligório, dando um novo presente à cidade, com a qual, nos últimos 129 anos, vem contribuindo nas áreas da religiosidade, tradição, cultura e solidariedade. Juiz de Fora, mais especificamente, a Igreja da Glória, é o berço da Congregação Redentorista no Brasil. O queijo vem se juntar à Cerveja Hofbauer, produzida artesanalmente no Convento da Glória.

Com a presença da prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão, secretários municipais de Desenvolvimento, Agropecuária e Abastecimento, Turismo, representantes da APL do Queijo do Caminho Novo, representantes de várias entidades civis e confrades da Província, o espaço foi abençoado pelo Superior Provincial, Pe. Nelson Antonio Linhares de Souza, C.Ss.R., que descerrou a placa junto com a prefeita e o Ecônomo da Província, Pe. Carlos Viol, C.Ss.R.

Antes da bênção, um pequeno momento de agradecimento no Salão de Convenções do Seminário, apresentado pela jornalista Lucimar Brasil. Padre Viol abriu a noite, agradecendo a parceria da Prefeitura, da APL do Queijo e da Escola do Queijo, no sentido de viabilizar a implantação e a certificação do S.I.M (Serviço de Inspeção Municipal). Ele destacou ainda tudo que Juiz de Fora significa para os Redentoristas, que estabeleceram uma relação de amor à cidade que tão bem recepcionou os primeiros missionários holandeses no final do século XIX, oferecendo ao município patrimônios como a Igreja e o Cemitério da Glória, a Biblioteca Redentorista e o próprio Seminário da Floresta.

Valorizar as pessoas

O sacerdote escolheu três palavras para definir a presença redentorista. A primeira, a sustentabilidade. “O Queijo Ligório nasceu com uma proposta de se fornecer insumo para quem fazia encontros neste espaço, mas descobrimos agora uma outra: com a renda adquirida com a sua venda, auxiliar nossas obras sociais. Aqui nós temos a Obra Social Pe. Nilton Fagundes Hauck, que atende a 50 crianças diariamente, atingindo 60 famílias.”

Viol também destacou a questão do território. “Para nós, o território é fundamental, porque é onde as pessoas constroem a vida delas. A Congregação Redentorista entende que, qualificando o próprio território onde está inserida, valoriza as pessoas. O queijo é uma das formas de valorizar nosso território, valorizar as pessoas.” Ele também agradeceu o apoio da istração Municipal para que esse novo capítulo da história dos Redentoristas em Juiz de Fora começasse a ser escrito. “Encontramos no corpo técnico da Prefeitura muita competência, e também muitas exigências. E isso foi muito bom para nós. Segundo especialistas, temos uma queijaria modelo e um queijo de qualidade muito boa.” Ainda falando em território, o ecônomo destacou a economia solidária. “Os pequenos produtores são fundamentais. A microeconomia, para nós, é uma bandeira.” A própria formação Redentorista da Província, grande parte dela na cidade, também foi citada pelo sacerdote. “Os padres que aram por aqui também qualificaram o território de Juiz de Fora. Nossa formação intelectual na cidade, através da UFJF, Seminário Santo Antônio, Colégio Santa Catarina. E também a presença de confrades como Jaime Snoek, que tanto contribuiu para a cidade.”

A ecologia integral também foi mencionada pelo Padre Viol, a partir da integração que o Seminário da Floresta propicia entre ecologia humana e natureza. “A gente cuida das pessoas através do cuidado com este espaço, com este ambiente”.

Fermentados com a luta do povo e a solidariedade

A prefeita Margarida Salomão também destacou o valor histórico e a importância da Congregação para a comunidade. “Muito bom que estejamos fazendo essa parceria, comemorando essas duas importantes contribuições da Comunidade Redentorista: a Cerveja Hofbauer e o Queijo Ligório. Além da história de mais de cem anos, muito forte do ponto de vista social e espiritual, eu quero reconhecer a importância dos Redentoristas para a cidade, no que tange à Universidade Federal de Juiz de Fora”, destacando nomes de missionários conhecidos no cenário da UFJF, como Pe. Jaime Snoek, C.Ss.R, fundador da Faculdade de Serviço Social, o Padre João Fagundes, C.Ss.R. e o Padre Dalton Barros de Almeida, C.Ss.R, atual Reitor da Comunidade Redentorista da Glória. “Eu quero dizer ainda que num período sombrio da história brasileira, nós tivemos nos Redentoristas um respiro, na liderança do Pe. Dalton, do Pe. Jaime, na Biblioteca da Glória, no acolhimento que eles faziam às pessoas que, àquela altura, tinham coragem de se opor à ditadura.” Ela lembrou que o Queijo Ligório e a Cerveja Hofbauer “vêm temperados com o melhor dos fermentos, que é o fermento da luta do povo, do amor e da solidariedade das pessoas.”

Uma forma de comunhão e construção

No momento da bênção às instalações da fábrica, o Superior Provincial, Pe. Nelson, destacou que uma das marcas da Congregação é uma visão da religião muito aberta à realidade social, à realidade da vida. “Nós entendemos uma religião como um traço de comunhão com a sociedade, de construção de um caminho novo, não só dentro das paredes de uma igreja. Uma visão trazida pela nossa formação. Seja com o queijo ou a cerveja, o que nos interessa não é ficar ricos, mas apontar para nossa obra social, que não é apenas assistencialista, mas que promove as pessoas, para geração de renda, que torna as pessoas mais libertas e mais cidadãs e conscientes de si. Ao dar a bênção a esta casa, aos que vão trabalhar aqui, aos que vão consumir os produtos aqui produzidos, nós temos muito a consciência de um Deus da vida. Nossa bênção a todos que colocam os dons a serviço da fabricação deste alimento, a todos que tornaram possível a realização deste projeto.”

O formador da Comunidade Vocacional Santo Afonso, Pe. Jonas Pacheco, C.Ss.R., responsável pela produção da Hofbauer, também aproveitou para falar sobre o processo artesanal de fabricação da Cerveja no Convento da Glória. Uma tradição que hoje inclui a produção de três tipos da bebida: Pilsen, Weiss e Belgian Pale Ale. E também destacou a harmonização da cerveja com o queijo, além de outros produtos oriundos da cevada, como o pão e um quibe, servidos no coquetel após a cerimônia, preparado com muito carinho pela equipe de colaboradores, dos quais a Província tem orgulho de chamar de “Família Redentorista”. Quitutes maravilhosos feitos com insumos do próprio Seminário, utilizados até mesmo na decoração.

Com certeza, foi uma noite memorável, que abre um novo capítulo de uma história escrita a cada dia, na força da missionariedade encarnada no cotidiano e na solidariedade de um povo. Mais um presente dos Redentoristas à cidade no seu 173º aniversário.

Como adquirir

A Queijaria Ligório produz o tipo Meia Cura, que pode ser adquirido no Seminário da Floresta, na Biblioteca Redentorista e na Igreja de Santo Afonso, no Rio de Janeiro. A cerveja também está à venda na Biblioteca e no Seminário.

Todo o dinheiro arrecadado com a cerveja artesanal produzida no Convento da Glória e com o Queijo Ligório é destinado para as obras sociais da Província, que atendem a centenas de pessoas entre 6 e 90 anos nos estados de MG-RJ-ES, em 16 projetos socioassistenciais.

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Informou: Silvia Carvalho