"Missionários da Esperança, 4c4y72

continuando os os do Redentor" 2p5jq

(Sexênio 2023 - 2028) 2v2x1p




Home > Notícias > A missão é universal

A missão é universal21/10/2022 5j1p61

 

A missão é universal

 

 
Nesta entrevista, o Missionário Redentorista da Vice-Província da Bahia e Secretário Nacional da Pontifícia União Missionária, Padre Antônio Niemec, C.Ss.R., fala sobre a importância da vivência do mês missionário. Ele destaca que o testemunho do amor de Cristo deve ultraar fronteiras, devendo ser a missão evangelizadora uma vocação permanente e um compromisso de todos os cristãos, discípulos missionários de Jesus.
 
Qual a importância do tema da Campanha Missionária 2022, “A Igreja é missão”, cuja inspiração bíblica é “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8)?
É bom lembrar que a Campanha Missionária está inserida dentro da dinâmica do Ano Jubilar Missionário que a Igreja no Brasil está vivendo em 2022. O tema e o lema da Campanha deste ano concluem um percurso de três anos onde foi destacada a natureza e identidade missionária da Igreja que não se reduz a uma dimensão ou a atividades. Ao mesmo tempo, recordam que o horizonte da missão é sem limites - a missão é sem fronteiras, é universal - e que todos os cristãos são responsáveis por ela, sendo testemunhas de Cristo. São João Paulo II insistia muito sobre essa responsabilidade dos batizados quando dizia: “Todos os membros da Igreja são consagrados para a missão, todos são corresponsáveis por levar Cristo ao mundo com a própria contribuição pessoal” (Mensagem para o Dia Mundial das Missões 1991).
O próprio Papa Francisco, em sua Mensagem para o Dia Mundial das Missões 2022, reflete sobre essa importância e se detém em três expressões-chave que resumem os três fundamentos da vida missionária dos discípulos: “Sereis minhas testemunhas”; “até os confins do mundo”; e “recebereis a força do Espírito Santo”. Ele diz que: “A Igreja de Cristo sempre esteve, está e estará «em saída» rumo aos novos horizontes geográficos, sociais, existenciais, rumo aos lugares e situações humanos «de confim», para dar testemunho de Cristo e do seu amor a todos os homens e mulheres de cada povo, cultura, estado social. Neste sentido, a missão será sempre também missio ad gentes, porque a Igreja terá sempre de ir mais longe, mais além das próprias fronteiras, para testemunhar a todos o amor de Cristo”.
A razão de existir da Igreja, sua mais profunda identidade está no envio: “A missão evangelizadora, constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar” (Paulo VI, Evangelii Nuntiandi, 14); “Dizer Igreja é dizer missão: « a Igreja nasce da missão e existe para a missão; existe para os outros e precisa ir a todos»” Estudos da CNBB 108, Missão e cooperação missionária, 3); “Não há comunidade cristã que não seja missionária. Se ela esquece a missão, deixa de ser cristã” (Documento 100 da CNBB, Comunidade de comunidades: uma nova paróquia, 157).
 
A que o mês missionário nos convida, como cristãos?
O objetivo do Mês Missionário e, dentro dele, do Dia Mundial das Missões, está muito bem explicitado nas mensagens que cada um dos Papas escreve, desde 1963, para os cristãos do mundo inteiro, a fim de os motivar na vivência desse tempo. Sirvo-me de alguns trechos dessas mensagens: 
“O objetivo do Dia das Missões não é senão um resumo da própria missão da Igreja: tornar visível, por meio da caridade fraterna, o amor invisível do Pai que está nos céus. O Dia lembra aos filhos de Deus o dever de colaborar com o Pai na salvação dos irmãos que estão fora dela” (Paulo VI, Mensagem para o Dia Mundial das Missões, 11 de outubro 1966);
“O Dia visa, sobretudo, a formação da consciência missionária no seio de todo o Povo de Deus, tanto dos indivíduos quanto das comunidades, o cultivo das vocações missionárias, o progressivo crescimento da cooperação, espiritual e material, a atividade missionária em toda a sua dimensão eclesial. [...] Foi precisamente a difusão no seio do Povo de Deus da doutrina sobre o universalismo missionário a primeira e mais importante finalidade dada a esse Dia” (Paulo VI, Mensagem para o Dia Mundial das Missões, 1976);
“O Dia Mundial das Missões, orientado à sensibilização para a questão missionária, mas também para a coleta de fundos, constitui momento importante na vida da Igreja, porque ensina como dar a contribuição: na celebração eucarística, ou seja, como oferta a Deus, e para todas as missões do mundo” (João Paulo II, Redemptoris Missio, 81);
“Celebrar o Dia Mundial das Missões significa também reiterar que a oração, a reflexão e a ajuda material das vossas ofertas são oportunidades para participar ativamente na missão de Jesus na sua Igreja. A caridade manifestada nas coletas das celebrações litúrgicas do terceiro domingo de outubro tem por objetivo sustentar o trabalho missionário, realizado em meu nome pelas Obras Missionárias Pontifícias, que acodem às necessidades espirituais e materiais dos povos e das Igrejas de todo o mundo para a salvação de todos” (Francisco, Mensagem para o Dia Mundial das Missões, 2020).
 
 
 
Quais as maiores dificuldades para assumir a identidade missionária na vida cristã hoje?
Há um imenso desafio que precisamos enfrentar. É o modo de como compreendemos e, consequentemente, vivemos a missão. E isso tem a ver com todo o processo de iniciação à vida cristã onde vamos compreendendo ou não compreendendo a nossa identidade cristã que é identidade missionária. 
Pelo batismo e os demais sacramentos de iniciação à vida cristã, os cristãos são inseridos no Corpo de Cristo para serem os seus discípulos missionários, testemunhas de Cristo na vida eclesial e nos diferentes setores da sociedade. Pelo batismo, os cristãos são consagrados para a missão e responsáveis pela missão ad gentes, conforme nos lembra São João Paulo II: “Todos os membros da Igreja são consagrados para a missão, todos são corresponsáveis por levar Cristo ao mundo com a própria contribuição pessoal. A participação deste direito-dever chama-se ‘cooperação missionária’ e enraíza-se necessariamente na santidade de vida” (Mensagem para o Dia Mundial das Missões 1991).
O Papa Francisco tem insistido sobre a dimensão existencial da missão. A vida se torna uma missão. Ser discípulo missionário está além de cumprir tarefas ou fazer coisas. Está na ordem do ser. É existencial, é identidade, essência e não se reduz a algumas horas do dia. Se a vida do cristão é uma missão, então tudo o que ele faz deve manifestar a missionariedade de sua vida, a saber: a oração, o estudo, a vivência familiar e comunitária, trabalho pastoral, serviço profissional, etc. Isso tem a ver com o que chamamos de estado permanente de missão. Não é apenas realizar ações, atividades, eventos esporádicos, mas viver a missão como vocação permanente do cristão. 
A missão não é apenas uma eventualidade, uma provisoriedade, um estado ageiro, mas um paradigma que define toda a vida do(a) consagrado(a) à missão pelo batismo.
 
Como o senhor avalia o contexto eclesial atual na busca por uma consciência missionária renovada?
Hoje, tudo na Igreja favorece a aquisição dessa consciência missionária que nos faz entender que a missão não é apenas um deslocamento físico, geográfico de um lugar para outro ou uma tarefa, responsabilidade, compromisso que se assume por algum tempo, mas que a missão é a identidade da Igreja, identidade do cristão. 
O Concílio Vaticano II, com toda a renovação da compreensão da missão, fruto da volta às fontes da revelação bíblica, desencadeou processos de mudança de mentalidade dos cristãos no que se refere à missão. Mas, é bom observar que estamos ainda inseridos nesse processo. As coisas não estão concluídas ainda. Precisamos avançar, melhorar. Mas, temos bons referenciais que são os documentos do Vaticano II e as inspirações que deles se originam. 
O magistério dos Papas, depois do Concílio, referente à reflexão sobre a missão com diversos documentos oferecidos por eles à Igreja, ajudou imensamente e continua ajudando a aprofundar a consciência sobre a identidade missionária da Igreja, dos cristãos. 
É bom lembrar, também, no contexto da América Latina e do Caribe, as Conferências Gerais do que tem impulsionado processos de renovação e dinamização no que se refere à missão.
No Brasil, as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja, já há alguns anos, não somente refletem sobre a missão, mas também impulsionam a animação e formação missionária e orientam sobre a criação de estruturas a serviço da animação e cooperação missionária. 
Não há como não mencionar, ainda, a elaboração e aprovação do Programa Missionário Nacional 2019-2023, que indica quatro prioridades missionárias e respectivos projetos, a serem implementados em todas as dioceses do Brasil. Essas prioridades têm a ver com a formação ou fomento dessa nova consciência missionária entre os cristãos.
Finalmente, a atuação e articulação de diversas instâncias eclesiais, incluindo as Pontifícias Obras Missionárias (POM), têm contribuído imensamente nesses processos.
 
 
 
 
Como tem sido sua experiência como Secretário Nacional da Pontifícia União Missionária?
Foi uma imensa surpresa o convite que recebi, no final de 2017, para assumir essa responsabilidade nas Pontifícias Obras Missionárias (POM). Sempre vivi e atuei no Nordeste do Brasil, como Missionário Redentorista, assumindo diversas responsabilidades na Congregação e na Igreja, mas sempre naquela região cuja realidade já conhecia bem e onde me senti “em casa” ao realizar minha vocação missionária. Mas, Deus nunca nos deixa quietos e acomodados e sempre vai nos desinstalando, nos fazendo sair de nós mesmos e aumentando as exigências na medida em que vamos caminhando. 
Nas POM, assumi a função de Secretário Nacional da Pontifícia União Missionária. Essa Obra “é como a alma das outras Obras [Pontifícias]” (Cooperatio Missionalis, 4), visto que “educa a sensibilização missionária dos sacerdotes, dos seminaristas, dos membros dos Institutos masculinos e femininos de vida consagrada e das Sociedades de vida apostólica, e dos seus candidatos, bem como dos Missionários Leigos comprometidos diretamente na missão universal” (CMi, 4). 
Servimo-nos de meios próprios e da colaboração de instituições que têm como finalidade a formação inicial e permanente de todo o Povo de Deus para realizar a finalidade da União. Entre essas diversas atividades que assumo, destaco as seguintes:
- Retiros espirituais, com temática missionária, para diversos sujeitos eclesiais (padres, religiosas/os, seminaristas e leigos);
- Atuação nos Grupos de Trabalho (GTs), de diversas instâncias eclesiais, que têm como finalidade promover, aprofundar e dinamizar e reflexão missionária, como também promover eventos de sensibilização missionária na Igreja no Brasil que levem a uma verdadeira conversão missionária. Participo atualmente do: GT “Formação Missionária”, da Comissão Missionária da CNBB; GT “Missões Populares”, da Comissão Missionária da CNBB; GT “Religiosos Presbíteros”, da Conferência Nacional dos Religiosos do Brasil; GT “Subsídios de Formação para a IAM”, da Secretaria Geral da IAM, em Roma;
- Colaboração e ajuda no Centro Cultural Missionário (CCM), um organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que tem por finalidade: oferecer um percurso de iniciação à missão no Brasil para missionários que chegam do exterior; promover cursos de formação missionária para brasileiros enviados a outra região ou país como missionários além-fronteiras; realizar eventos de estudo e aprofundamento sobre teologia, espiritualidade e prática de missão para diversos segmentos eclesiais; fomentar o surgimento e a capacitação específica de animadores missionários na Igreja no Brasil;
- Assessorias diversas e formações no campo da formação e capacitação missionária. Uma das razões da existência da Pontifícia União Missionária (PUM) na Igreja é promover, oferecer e fomentar a formação missionária para todos os sujeitos eclesiais e em todos os níveis. Por isso, a PUM no Brasil promove e/ou acompanha iniciativas que visam formar discípulos missionários: congressos, simpósios, cursos, encontros de aprofundamento, seminários, jornadas de estudo, oficinas, etc.; 
- Acompanhamento aos seminaristas do Brasil: preparação e assessoria nas Assembleias Nacionais dos coordenadores regionais dos Conselhos Missionários de Seminaristas (COMISEs); ajuda na elaboração de documentos oficiais do COMISE; assessoria nos encontros, simpósios e congressos de formação missionária para seminaristas, em diversos níveis (nacional, regional, provincial, diocesano).
O contexto eclesial atual, graças ao pontificado do Papa Francisco, evidencia e favorece a missão e a missionariedade. A Igreja se voltou fortemente ao essencial, visto que a Igreja ou é missionária ou não é Igreja de Cristo. Com essa renovada consciência missionária torna-se mais fácil colocar em prática os objetivos e as atividades que a Pontifícia União Missionária se propõe.
 
De que maneira a sua formação como Missionário Redentorista contribui para esse trabalho?
Até o final de 2017, atuei em diversos setores de vida pastoral na Vice-Província Redentorista da Bahia e no Regional Nordeste 3, a saber: formação de seminaristas, missões populares, formação de Missionários Leigos, áreas de periferia em Salvador, coordenação dos Redentoristas na Bahia, Centro Missionário Redentorista, faculdades de Teologia, Conselho Missionário Regional, assessoria de pastoral no Regional Nordeste 3. A experiência adquirida ao longo dos anos, em diversos setores, como também a formação em espírito missionário, que caracteriza o nosso processo formativo Redentorista, sem dúvida me ajudaram na realização da responsabilidade que me foi confiada. A missão, missionariedade, espírito missionário é e deve ser nossa identidade de Redentoristas. Por isso, partilho agora, no serviço que estou realizando, aquilo que sempre tentei viver enquanto estive na Vice-Província da Bahia. 
 
Deixe uma mensagem de reflexão!
Creio que todo cristão, consciente da sua vocação e assumindo-a, sente-se permanentemente chamado à missão. É que a missão é sua identidade, como nos lembram os bispos do Brasil, nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora 2019-2023, no número 21: “Jesus Cristo não confiou aos seus seguidores uma tarefa simples, mas conferiu-lhes uma identidade que os projeta para além de si, na comunhão com a Santíssima Trindade, em favor do mundo inteiro, por meio do testemunho, do serviço e do anúncio do Reino de Deus”.
Por isso, resta-nos então viver essa realidade porque, enquanto cristãos, discípulos missionários, “não temos outra felicidade nem outra prioridade que não seja sermos instrumentos do Espírito de Deus na Igreja, para que Jesus Cristo seja encontrado, seguido, amado, adorado, anunciado e comunicado a todos, não obstante todas as dificuldades e resistências. Este é o melhor serviço - seu serviço! - que a Igreja tem que oferecer às pessoas e nações” (DAp 14).
 
 
 

Compartilhar 4zk3d

Mais Notícias 666s2q

1 > >>

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência de navegação no site. Ao continuar navegando você concorda com essas condições.

Entendi