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A espera pela vinda de Cristo10/12/2020 14206t

 

 

O Advento é o tempo em que os cristãos são convidados a preparar-se para a vinda de Jesus, um tempo alimentado de espera e esperança. O presidente do Conselho Pontifício da Cultura e da Comissão Pontifícia de Arqueologia Sacra, cardeal Gianfranco Ravasi, fala sobre o sentido desta expectativa, ajudando-nos a compreender se ainda sabemos buscar Deus no nosso cotidiano, tendo no coração a urgência da vinda de Cristo.
 

A etimologia da palavra “esperar” exprime uma “tensão para”, uma atitude ativa, e não iva, da parte do cristão. Como se pode manter vivo o desejo ardente da fé?
Cardeal Gianfranco Ravasi - O verbo “tender” pode ter uma conotação positiva quanto indica uma atitude criativa da parte do cristão, uma espécie de projeção para o horizonte, o exato contrário da indiferença, que com a sua mão gélida se ramifica não só na sociedade, mas também na vida de quem crê. De igual modo, a tensão tem uma conotação negativa quando se faz elemento de medo, preocupação, fechamento, como o Covid nos ensina. Também a palavra “tendência” é ambivalente: pode indicar a busca constante de uma nova direção, mas degenerar e reduzir-se a uma simples orientação comum e social. O risco existe também para a fé e, sobretudo, para a religião: não devem ser apenas uma tendência, mera inscrição numa Igreja, mas devem reencontrar a pureza e a força de uma tensão para o horizonte fundamental do crer.
 

A espera implica paciência. Seremos capazes, hoje, de exercitar esta virtude?
Cardeal Gianfranco Ravasi - As palavras são criaturas vivas, expressão de profundidade interior, e devem ser escutadas. A etimologia latina da palavra alude ao sofrimento, porque a paciência exige esforço, constância, mas também ética e moralidade, ou seja, um compromisso pessoal e existencial. A sua irmã maior é a esperança, que, por sua vez, é a irmã menor da fé e da caridade. Ao lado destas virtudes, incluiria a mansidão, que Norberto Bobbio, testemunha laica, dizia ser a virtude mais impolítica. Nestes tempos de forte agressividade, reencontrar a paciência significa também recuperar a mansidão, esse respeito pelo outro que é uma variante do amor.
 

Deus que vem à Terra através de Cristo continua a ser um fato extraordinário. Não lhe parece que domesticamos este acontecimento, em vez de conservar o tremor que brota de um fato tão desmesurado?
Cardeal Gianfranco Ravasi - A religião bíblica é, substancialmente, uma religião histórica, e ensina-nos que Deus age sob as pedras, sob o húmus da História. Basta pensar nos quadros de Chagall, onde os anjos saem das chaminés das casas e os profetas se encontram na praça: o cotidiano é epifania, epifania oculta. A encarnação, o Verbo que se faz carne, é o vértice desta historicidade, e a redescoberta desta presença deve ser feita sempre. Uma presença que pode ser solene, mas que na maior parte dos casos, é uma presença secreta. Então, para a desencovar, precisamos do espanto, esse dote humano extraordinário que consegue encontrar o bolbo do divino no interior da História. O grande apelo que devemos dirigir, enquanto cristãos, a esta sociedade, é precisamente este: reencontrar o gérmen divino numa História reduzida a mera nomenclatura de acontecimentos.
 

O Natal encontra o cumprimento do seu sentido na Páscoa da ressurreição. Como cristãos, estaremos conscientes disso e saberemos dizê-lo ao mundo?
Cardeal Gianfranco Ravasi - A narração do nascimento de Jesus que nos é oferecida nos Evangelhos de Lucas e Mateus já está estriada de sangue, basta pensar em Jesus como refugiado. Também na arte do ícone russo a Escola de Novgorod, a partir dos séculos XV-XVI, representou o nascimento de Cristo não num berço, mas num sepulcro, o sepulcro da ressurreição. Temos de realçar a união profunda da cruz com o nascimento, sem esquecer que desde logo surge a luz da ressurreição. Os magos já não encontram Jesus numa gruta, mas numa espécie de sala do trono, onde Ele a a ser o Cristo glorioso. Infelizmente, hoje as Igrejas diminuíram dentro da História, sem a capacidade de linguagem e de comunicação que, por exemplo, teve o apóstolo Paulo ao transcrever completamente a mensagem cristã através da língua e da cultura do tempo. As Igrejas já não têm sequer a capacidade de testemunhar e de ter consciência da sua minoria. Ser minoria não é uma punição, mas é ser semente, fermento, sal, como dizia Jesus em relação à massa. E este é um grande apelo para o Natal: estar consciente de ser minoria, mas saber reencontrar dentro de nós próprios a energia do Reino de Deus, essa pequena semente que pode crescer e tornar-se a árvore gigante sobre a qual podem pousar os pássaros do céu.
 
Sabina Baral
Fonte: Schola di Teologia
Trad.: Rui Jorge Martins
Pastoral da Cultura

 

 
 
 

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