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Viu, sentiu compaixão e cuidou dele11/04/2020 695z24

O Lava-pés na Paróquia Sagrada Família, de Cariacica/ES - 2020

“Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”

O Evangelho da Quinta-Feira Santa, Jo 13, 1-15, oferece-nos uma outra perspectiva de vida, diferente da que estavam acostumados os judeus e os discípulos de Jesus. O atual momento em que vivemos nos exige “distanciamento social” e, de um modo inédito, nossos templos estão fechados e nossas celebrações, suspensas. Eis que o tradicional Lava-pés ganha uma nova perspectiva, e isso foi o que a Paróquia Sagrada Família, em Cariacica (ES), experimentou, por meio da Pastoral Social Santa Dulce dos Pobres.

Naquele Evangelho, Jesus promove um deslocamento do lugar de senhor a servo, daquele que é servido para aquele que serve. Jesus rompe com o modo vertical e cristalizado “senhor-escravo” e, surpreendentemente, inaugura uma nova ordem circular do Reino, onde senhor também pode servir e servo também pode ser servido, quando Jesus, Mestre e Senhor, lava os pés dos seus discípulos. Assim, Jesus tocou de perto o barro, o mau cheiro, a sujeira, a fragilidade e as limitações de cada um.

Na Quinta-feira Santa de 2020, a Paróquia Sagrada Família teve o privilégio de, por meio da Pastoral Social Santa Dulce dos Pobres, experimentar e vivenciar uma nova perspectiva do Lava-pés. Acostumados com a cena, na qual bispos, padres ou diáconos, representando Jesus, assumem o lugar de servo para lavar os pés de doze membros da comunidade, homenageados por algum motivo, e representando os Doze Apóstolos, neste ano, a pandemia do COVID-19 fez-nos sair de nossas igrejas e abandonar as “cenas”, para irmos onde os pobres dos mais pobres estão. O tempo chuvoso se encarregou de nos oferecer o barro, enquanto a pobreza e a extrema miséria de muitas famílias - ainda mais castigadas com a crise econômica já instaurada - ofereceu-nos o mau cheiro, a sujeira, a fragilidade e as limitações de necessidades básicas e essenciais, como a falta de moradia, alimentação e saúde.

Participar do Lava-pés, para todos nós, ganhou novo significado: ir ao encontro dos mais necessitados e fazer o que Jesus mandou: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Lc 9,13. Graças a uma rede de amigos benfeitores, conquistados pelo testemunho do trabalho solidário com os mais pobres, do Pe. Anderson Trevenzoli, pároco, idealizador e coordenador da Pastoral Social, vivenciamos a dinâmica cristã do “ver, sentir compaixão e cuidar”. Foram quase sessenta famílias contempladas, durante uma manhã toda de andanças pelos bairros, que estão dentro da área paroquial.

Nossa gratidão ao Pe. Anderson Gomes e a todos os paroquianos da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro da Praia da Costa, em Vila Velha/ES, e a Toninha, da Paróquia do Bom Pastor, também, da Praia da Costa. Agradecemos, ainda, aos benfeitores Mirela, do Grupo de Jovens de Campo Grande, e ao amigo e irmão na Fé, Tadeu Fachetti, por sua ajuda generosa e expressiva.

Gratos a Deus pela oportunidade de sairmos de nós mesmos e de um modo de viver, com o qual já estávamos acostumados a viver, preocupados demais com nossos próprios problemas e nossas “coisas”, para abrir a mente e alargar nossos corações às realidades que nos cercam, ainda mais feridas pela crise econômica, consequência do COVID-19.

Santa Dulce dos Pobres rogai por nós!

Informou: Pe. Anderson Trevenzoli, C.Ss.R.