2º DOMINGO DA QUARESMA22/02/2024 39226d
QUANDO A FÉ NOS TRANSFIGURA
Quando a noite da dúvida e do desânimo toma nosso coração, e o medo nos impede de vislumbrar o caminho, quando a provação nos faz sucumbir, e a vida nos desconcerta com suas exigências, precisamos tanto de uma luz capaz de nos transfigurar, fazendo-nos ver além da obscuridade e atravessar nossas noites com mais coragem e confiança. A Quaresma nos recorda que a cruz e as provações são inseparáveis do nosso caminhar humano, mas que há também momentos de iluminação e transparência, que nos ajudam a enxergar a mão amorosa de Deus a nos conduzir até a vitória. São as experiências de transfiguração.
Subimos ao monte, para acompanharmos Abraão, que vive o drama da provação, ao ser-lhe pedido o sacrifício do seu filho amado e, consequentemente, de todas as esperanças e sonhos depositados na promessa divina. O crente Abraão terá se equivocado ao confiar pedidamente num Deus que não cumpre suas promessas? No meio de sua crise, sem titubear, Abraão se coloca disponível para cumprir as exigências da fé, mesmo quando incompreensíveis e absurdas, e reafirma sua confiança absoluta no Deus das promessas. Obviamente, Deus não quer sacrifícios humanos e nem brinca com suas promessas, mas esse episódio nos mostra como a fé corajosa e absoluta de Abraão lhe permitiu ar pela prova e vislumbrar um novo começo. Também os discípulos que acompanham o Mestre rumo a Jerusalém, sentem-se desconcertados e tentados abandonar o caminho, após escutarem o anúncio da paixão da boca de Jesus. Valeria a pena apostar num caminho fadado ao fracasso? O que fazer com os sonhos e expectativas?
É então que Jesus os faz subir ao monte, os faz ver além ao se transfigurar diante deles, mostrando-lhes que Ele é realmente o Filho amado de Deus, e que o projeto do Pai a necessariamente pelo sofrimento e o dom de si. Jesus renova-lhes a esperança e a confiança para poderem atravessar a experiência do Calvário. Pela fé, os discípulos podem vislumbrar o que lhes espera ao final desta travessia. “Se Deus é por nós quem será contra nós?” (Rm 8,31b) é a Palavra que deve ressoar sempre em nosso coração em meio a toda prova, pois o Senhor já se comprometeu definitivamente conosco ao nos entregar seu Filho amado. O que Ele espera é que tenhamos a coragem de “descer do monte”, transfigurados e capazes de iluminar a noite do mundo.
Pe. Rodrigo Costa, C.Ss.R.
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