12º DOMINGO DO TEMPO COMUM23/06/2023 236a2n
NÃO TENHAIS MEDO
O medo, essa experiência tão própria da nossa condição humana, que nos paralisa, nos deixa angustiados e inseguros diante daquilo que nos acontece, também está presente na vida do homem de fé, como no caso do profeta Jeremias (cf. Jr 20,10-13 – 1ª leitura), que é um espelho no qual podemos nos ver quando confrontados com as dificuldades de nossa caminhada de fé. Talvez o crente conheça até de forma mais consciente a realidade do medo, porque experimenta as trevas do pecado e o poder do antirreino que se insinuam constantemente sobre sua vida. Sabendo disso, Jesus repete por três vezes a expressão “não tenham medo”, antes de enviar seus discípulos em missão. O Senhor sabe dos perigos, das perseguições e das incompreensões que esperam aqueles que se colocam em seu seguimento, compartilhando sua missão e seu destino. Mas ao exortar aos discípulos de todos os tempos a não terem medo, Jesus quer dizer-nos que o medo não deve nos paralisar e impedir o testemunho que deveremos dar de sua Palavra, porque Ele sempre estará conosco, sustentando nossa caminhada diária.
São muito ternas as duas imagens utilizadas por Jesus para dizer do cuidado que o Pai tem por cada um de seus filhos: “Não se vendem dois pardais por algumas moedas? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do vosso Pai. Quanto a vós, até os cabelos da vossa cabeça estão contados!” (Mt 10,29-30). Se o Pai tem um cuidado especial por criaturas tão frágeis, como os pardais, quando mais terá com cada um de nós, já que nos conhece em profundidade, e sabe das inseguranças que nos rodeiam. O projeto de Jesus não é uma “água com açúcar”, mas compromete e incomoda, a fim de que possamos transformar as realidades pessoais e sociais para que correspondam à sua proposta. Apesar do mundo sempre querer calar o projeto de Jesus, perseguindo e matando seus seguidores, o discípulo não pode deixar de testemunhar: “O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados” (Mt 10,27).
O cristão sabe que mais forte que a realidade do medo e do pecado é a graça superabundante que nos foi comunicada por Jesus (cf. Rm 5,12-15). Ele experimenta continuamente em si o poder dessa graça que o faz permanecer e dar testemunho da luz em meio às trevas do mundo. Maior que o medo de sofrer ou morrer por causa de Jesus, deve ser a convicção de que não podemos deixar de anunciar e testemunhar a sua Palavra. Que nos anime e sirva de alerta a advertência final de Jesus: “todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus. Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante do meu Pai que está nos céus” (Mt 32-33). A qualidade do nosso testemunho condicionará o nosso destino final.
Pe. Rodrigo Costa, C.Ss.R.