O DESTINO DA SEMENTE É FRUTIFICAR11/06/2021 6s5464
Nossa peregrinação neste mundo se faz em meio às sombras de um aparente fatalismo que rege o mundo e de nossas provações pessoais, desafiando nossa fé e esperança. Não raras vezes, nossa confiança se assemelha a uma frágil e insignificante semente. Porém, para nossa surpresa, a Palavra deste 11° Domingo do Tempo Comum nos desafia a olhar para a realidade que nos cerca com confiança, pois o projeto de Deus não a pelo espetáculo e o triunfalismo, mas por aquilo que é pequeno e débil aos olhos do mundo. Somos convidados a desenvolvermos uma nova sensibilidade, que nos permite contemplar a providente ação divina atuante em nossa história, apesar do aparente fracasso.
Nesse sentido, o profeta Ezequiel, chamado a realizar seu ministério profético num período de grande crise para Israel, desafia o povo de Deus a renovar sua confiança naquele que rege os destinos da história e não nos abandona, permanecendo fiel às suas promessas (cf. Ez 17,22-24). O profeta compara a situação do povo de Israel a um frágil rebento, extraído de um cedro poderoso que fora derrubado com brutalidade, símbolos da monarquia davídica e da dominação babilônica, respectivamente. Porém, o destino desse rebento é ser plantado sobre o mais alto monte de Israel, que crescerá e se tornará um cedro majestoso. Assim, o profeta recorda que nenhum poder deste mundo poderá deter o projeto divino, pois Deus sempre vence a prepotência humana e age através dos simples e humildes.
No Evangelho (cf. Mc 4,26-34), encontramos o Mestre Jesus a ensinar sobre a realidade do Reino através de parábolas, a fim de despertar uma nova mentalidade entre seus interlocutores. Um dos símbolos mais eloquentes dos quais Jesus se utiliza é o da semente. Ambas as parábolas, a do grão que cresce e germina por si só e a do grão de mostarda, recordam-nos que a realidade do Reino já está presente e atuante no mundo, como o dinamismo vital presente na semente, que a faz germinar e crescer. O Reino é iniciativa de Deus e a sua concretização não depende dos nossos esforços e qualidades. O Reino cresce pacientemente pela ação divina, sem fazer espetáculo, mas está destinado a se tornar realidade em nossa história. O que nos cabe é prepararmos o terreno do coração para que esta boa semente cresça e frutifique. Apesar de um início aparentemente pequeno e insignificante, nada poderá deter a dinâmica do Reino.
Enquanto caminhamos nesse mundo, somos animados pela fé, pois ainda não chegou para nós a visão plena e definitiva do Reino (cf. 2Cor 5,6-10), mas não podemos nos esquivar de nosso compromisso em construir um mundo mais parecido com o Reino de Deus, pois é esta realidade que será assumida e plenificada pelo Reino que há de vir.
Pe. Rodrigo Costa Silva, C.Ss.R.