AMAR É NASCER DE DEUS07/05/2021 5w4o55
Como a vida ressuscitada de Jesus permanece na vida de seus discípulos? É a pergunta que a liturgia do 6° Domingo da Páscoa quer nos responder, lembrando-nos que esta vida nova comunicada a nós na Páscoa de Jesus é gerada no amor de Deus: “Amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus” (1Jo 4,7).
O amor não é um atributo qualquer de Deus, mas define sua essência mesma e sua ação permanente: “Deus é amor” (1Jo 4,8). Se a essência d’Aquele que nos criou é amor, então o amor é um dinamismo sempre atuante em nós e expressão do nosso interior mais profundo. Quando amamos, experimentamos um novo nascimento e a vida de Deus a a circular em nós, produzindo frutos. É a própria vida ressuscitada de Jesus agindo em nós. A prova desse amor gratuito, imerecido e irrevogável, Deus já nos deu em seu Filho Jesus, cuja vida foi revelação desse amor radical.
Em seu discurso de despedida na Última Ceia, Jesus propõe a seus discípulos um caminho para que possam permanecer nesse dinamismo do amor: “Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor” (Jo 15,9). Com essas palavras, Jesus expressa o desejo de que sua relação com o Pai seja o modelo para sua relação com os discípulos. Assim, para crescer e permanecer no amor devemos aprender de Jesus a corresponder ao amor do Pai por nós, e Ele corresponde a esse amor, guardando e praticando os mandamentos do Pai, sintetizados no mandamento novo do amor. O mandamento não é algo externo a nós, como uma imposição, mas é algo que nos plenifica, fazendo-nos viver e ser aquilo para o qual fomos criados. Cristo é o mandamento plenamente encarnado e realizado, pois suas palavras e gestos não foram outra coisa senão expressão do amor total.
Quem assim ama, nasceu de Deus e constitui a comunidade dos amigos de Jesus. Os discípulos aram de servos à amigos, pois o amor dissolve as diferenças e nos iguala. Eles são chamados a uma comunhão íntima de vida com o Senhor, conhecem seu projeto e abraçam a mesma missão com alegria e generosidade. Fomos eleitos como filhos amados de Deus e amigos de Jesus no dia do nosso batismo. Porém, esta eleição não é um privilégio reservado a alguns, mas implica numa missão: “para irdes e para que produzais frutos e o vosso fruto permaneça” (Jo 15,16).
Aquele(a) que nasceu do amor e vive no amor já não faz “distinção entre as pessoas” (At 10,34), a discriminação e o julgamento não tem lugar no seu coração, porque compreendeu que há algo que nos iguala para além de toda divisão de raça, credo ou condição social, a certeza do amor absoluto de Deus que a todos sustenta e é derramado em todos.
Pe. Rodrigo Costa Silva, C.Ss.R.