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2º Domingo do Advento – Ano B04/12/2020 465j5e

 “Eu vos batizei com água. Ele vos batizará com o Espírito Santo” (Mc 1, 8)

 
Tema central da Liturgia da Palavra
 
O centro da liturgia de hoje é o chamado à conversão e a esperança da nova criação. Tanto a Primeira Leitura quanto o Evangelho demonstram o chamado divino para que homem e mulher abram os ouvidos e os corações para acolherem sua proposta de vida nova, mas, acolher esta proposta é também comprometer-se com radical mudança de vida, deixando para trás os vícios e pecados e aderindo aos valores do Reino de Deus. Fazendo isto, homem e mulher vivenciam as graças do tempo messiânico no hoje de sua existência, mas, nutrem também em seu horizonte de fé a esperança da nova criação (Segunda Leitura) como término da ação salvífica de Deus.
 
 
1ª Leitura: Is 40, 1-5.9-11
 
A primeira leitura de hoje nos apresenta a importante profecia de Isaías, que forma corpo da segunda parte do livro. Do ponto de vista redacional, o livro do Segundo Isaías pode ser dividido em duas partes: I) capítulo 40 ao 48 apresentam o projeto do Deus libertador de Israel; II) capítulo 49 ao 55 apresentam a restauração de Israel e salvação universal. Como breve contextualização geral, olhemos apenas a segunda parte do livro do Profeta Isaías:
 
Segunda parte: compreende os capítulos 40 a 55 e correspondem à profecia do Segundo Isaías ou Dêutero-Isaías, no contexto dos anos 586 a.C. ao 538 a.C. – tempo em que o povo eleito ava a grande humilhação do Exílio da Babilônia. O autor provavelmente é um longínquo discípulo do Grande Isaías que, à luz de sua profecia, interpreta os acontecimentos do presente no intuito de fortalecer a esperança do povo em Deus, por isso, sua bela profecia é conhecida como o “Livro da Consolação de Israel”. De forma concreta, a redação teve início por volta das primeiras vitórias da Pérsia, liderada por Ciro, contra a Babilônia, em 550 a.C. e teve seu fim com a vitória persa definitiva sobre os babilônios em 539 a.C. que resultou, em 538 a.C. com o Edito de Ciro decretando o retorno dos judeus para sua terra natal, embora este Edito não seja mencionado no Livro.
 
O Profeta é convidado a anunciar a consolação divina (cf. v. 1) ao povo que sofre as agruras do Exílio. Esta consolação é carregada de amor e intimidade, pois, é um falar ao coração (cf. v. 2a). Esta consolação, em primeiro lugar é o anúncio do perdão: o povo castigado no Exílio por seus pecados já pagou sua dívida, Deus não o cobra mais e, por isso, seu castigo terminou (cf. v. 2bc). Assim, o Profeta é chamado a preparar o povo para caminhar rumo à libertação, isto é, vivenciar o novo êxodo (cf. v. 3-5). Neste espírito exodal, o Profeta é enviado a proclamar com força a presença de Deus que vem ao encontro de seu povo, o liberta, guia e cuida com poder e amor rumo à libertação (cf. v. 9-11).
 
 
Salmo 84 (85) 9ab-14 (R/. 8)
 
O salmo é um Salmo Litúrgico. Conforme Gunkel: “Estes salmos são caracterizados pela estrutura antífona, particularmente adequados para cultos coorporativos”. De acordo com a Bíblia da CNBB, o tema desta liturgia é uma “Ação de graças pelo fim do exílio e invocação a Deus para que termine sua obra de salvação. O salmista manifesta sua esperança na plena restauração do povo, com o triunfo da paz e da justiça”.
 
 
2ª Leitura: 2Pd 3, 8-14
 
Aproximemo-nos deste texto bíblico com a ajuda da introdução da Bíblia da CNBB sobre a Segunda Carta de Pedro.
 
A Segunda Carta de Pedro (2Pd) apresenta-se como “a segunda carta que vos escrevo” (3, 1), como o “testamento pastoral” de Pedro (o que 2Tm é para Paulo). Cita o testemunho de Pedro com a intenção de fortificar a fé na vinda de Cristo. Para reforçar sua autoridade, lembra sua presença na Transfiguração de Jesus. Não mencionando destinatário específico, a carta é uma verdadeira “encíclica” (carta universal), preparada com a reta doutrina e interpretação das Escrituras, inclusive das cartas de Paulo. Isso mostra que naquele momento não só o AT, mas também as mais conhecidas partes do NT eram consideradas Escritura Sagrada. No cap. 2, o autor usa partes da Carta de Judas. Pela análise conclui-se que esta carta é bem posterior à Primeira Carta de Pedro, devendo ser situada por volta do ano 100 dC.
 
A Segunda Carta de Pedro é um documento curto, possui apenas três (03) capítulos. Sua estrutura temático-redacional pode assim ser dividida: I) Saudação inicial (1, 1-2); II) a verdade a nós transmitida (1, 3-21); III) os falsos mestres (2, 1-22); IV) desânimo e vigilância: Deus não tarda (3, 1-16); e V) exortação final (3, 17-18).
 
Nossa perícope insere-se na quarta parte da Carta e trabalha especificamente o tema da demora do Dia do Senhor. Sobre esta temática há uma reflexão (v.8-10) e uma exortação à comunidade (v. 11-14). A reflexão sobre o Dia do Senhor é bastante profunda, pois, emprega a linguagem apocalíptica (cf. v. 10), mas, não para amedrontar os fiéis, mas, ao contrário para inserir a parusia no espírito das teofanias bíblicas e, assim, demonstrar mais claramente que a vinda do Senhor não tarda e não é para a condenação: daí o uso da expressão (mil anos equivaleriam para Deus como um dia, cf. v. 8). Ou seja, se há a reclamação comunitária da “demora” do Dia do Senhor, o autor da Carta demonstra que este não é tempo desperdiçado, mas que deve ser empregado por cada a fim de buscar a salvação (cf. v. 9), afinal, este dia virá com certeza, todavia, ninguém sabe quando (cf. v. 10a).
 
Feita a reflexão, o texto convida a comunidade a uma prática de fé. Esta exortação tem o propósito de complementar a reflexão feita anteriormente no sentido de incentivar a vivência eclesial. A exortação é muito clara e direta: os cristãos que esperam o Dia do Senhor devem viver vida santa e piedosa (cf. v. 11b), pois, a sua fé não está na destruição da criação, mas, na nova criação, da qual a espécie humana também participará (cf. v. 12-13). Ademais, viver esta vida santa nada mais é do que guardar a fé, evitar o pecado e compartilhar a paz (cf. v. 14).
 
 
Evangelho: Mc 1, 1-8
 
A perícope do Evangelho de hoje é o prólogo da narrativa de Marcos. Já de início o evangelista exibe a tônica de toda a sua narrativa: é a Boa Notícia de Jesus, o Messias, redentor da humanidade, que é também o Filho de Deus (cf. v. 1). Todavia, Marcos demonstra que o início desta Boa Nova é o cumprimento perfeito das promessas do Antigo Testamento, donde há um tempo de preparação para a chegada dos tempos messiânicos (cf. v. 2-3), aqui apresentadas como sendo de Isaías, mas, não pertencem apenas a este profeta, mas sim, é um apanhado temático de Êxodo, Isaías e Malaquias. É na preparação, cumprimento das profecias antigas (cf. Ex 23, 20; Is 40, 3; Ml 3, 1), que se insere o ministério de João Batista. Daí, o ministério de João Batista é detalhado pelo evangelista.
 
Batismo no deserto (cf. v. 4a): o deserto é a evocação da libertação do Egito, onde o povo caminhou junto com Deus da escravidão para a terra prometida. Daí, o deserto é o lugar por excelência da profunda revisão de vida e do real encontro com Deus. A atuação missionária de João no deserto traz à memória de seus contemporâneos a necessidade da conversão a fim de voltarem, como povo, ao Deus da vida.
 
Batismo de remissão (cf. v. 4b-5): a pregação da remissão dos pecados era fundamental para a preparação da vinda do Messias. Portanto, a pregação de arrependimento e o rito de purificação istrados por João insere todo o povo na dinâmica da vinda do Messias. Com isto, João cumpria o desígnio divino de conduzir o povo à radical mudança de mentalidade, ou seja, inseria o povo no caminho da conversão.
 
Pregação definitiva (cf. v. 5): Marcos afirma que toda a Judeia e todos os habitantes de Jerusalém acorriam até João a fim de serem batizados no Jordão, confessando seus pecados. Seguramente há exagero no tocante ao número de penitentes, entretanto, na narrativa não é o número em si que importa, mas, a ideia de totalidade: o povo trilha o caminho da conversão porque a pregação do Batista tem o caráter definitivo da última possibilidade de preparação para a acolhida do Messias que irá chegar.
 
Pregação com a vida (cf. v. 6): a narrativa descreve as vestes do Batista e sua dieta alimentícia. Ambas apontam para a consonância que existe entre suas palavras de apelo à conversão e uma prática de vida austera. Portanto, sua figura e jeito de ser complementam suas palavras. É tempo de preparação que deve ser vivido com austeridade a fim de conseguir a conversão de vida. Ademais, é clara a associação de figura de João Batista com a do profeta Elias (cf. 2Rs 1, 8), o Profeta que fora elevado até Deus e seria o responsável por inaugurar o tempo da preparação da era messiânica. Logo, esta evidente associação significa que o tempo messiânico chegara.
 
Apresentação do Messias (cf. v. 7-8): o Messias é apresentado por João na tradição profética, ou seja, Ele é quem possui a Força e o Espírito (cf. Is 9, 6; 11, 2). Portanto, João sabe-se apenas o arauto, aquele que prepara o caminho, sendo mais fraco e, por isso, utiliza os dons da natureza – batiza com água; todavia, o Messias é o mais Forte e o doador do Espírito que pode recriar todas as coisas.
 
Pe. Bruno Alves Coelho, C.Ss.R.
 
 

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