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Solenidade da Assunção de N. Senhora13/08/2020 38346z

 

“O Poderoso fez em mim coisas grandiosas” (Lc 1, 49)
 
Tema central da Liturgia
 
A liturgia deste Domingo nos apresenta Maria em seu destacado agir na História da Salvação e, por isso, celebramos este otimista dogma de fé de sua Assunção aos Céus. No Brasil, por determinação da CNBB e aprovação da Santa Sé, celebramos liturgicamente a Assunção de Nossa Senhora aos domingos, depois do dia 15 de agosto, caso este mesmo dia 15 não seja um domingo. O Missal Romano assim nos apresenta esta Solenidade:
 
“A Imaculada Virgem, preservada imune de toda mancha de culpa original, terminado o curso de sua vida terrestre, foi elevada em corpo e alma à glória celeste e pelo Senhor exaltada qual Rainha do universo, para que mais plenamente estivesse conforme o seu Filho, Senhor dos Senhores e vencedor do pecado e da morte (LG 59). É Maria elevada ao céu, primícias da Igreja celeste, e o sinal da esperança segura e do conforto para a Igreja peregrina (ibid. 68). A Dormitio Virginis e a Assunção, no Oriente e no Ocidente, estão entre as mais antigas festas marianas. Este antigo testemunho litúrgico foi explicitado e solenemente proclamado dela definição dogmática de Pio XII em 1950”.
 
 
1ª Leitura: Ap 11, 19a; 12, 1-6a.10ab
 
O Livro do Apocalipse integra a literatura cristã do nascimento da Igreja. Devido ao difícil contexto para a vivência cristã, devido às diversas perseguições, o Apocalipse é um livro do mistério da Igreja no mundo. De forma concreta toda sua redação é feita de forma codificada, de modo que apenas os iniciados na fé compreendessem seu conteúdo e suas exortações de perseverança na fé.
 
A perícope de hoje encontra-se no miolo de todo o livro e integra mesmo o seu centro (capítulos 12 – 14) e o conteúdo principal: a luta entre a Mulher e o Dragão, onde a Mulher representa a Igreja, podo de Deus; e o Dragão, o mal que insiste em se colocar contra a primeira, afligindo-lhe muitos sofrimentos. Por isso, a visão aqui diz respeito à luta da nascente Igreja contra o mal presente no mundo.
 
É interessante notar que o mistério da Igreja é apresentado como pertencente à morada de Deus com os homens, pois, “o templo de Deus que está nos céus se abriu, e apareceu no templo a arca da sua aliança” (Ap 11, 19a); ou seja, agora o templo não é mais referenciado em Jerusalém, mas, definitivo no céu e traz a também definitiva e permanente nova aliança, aqui referenciada como “arca da aliança”. Assim, do mesmo e definitivo lugar da presença eterna de Deus com os homens, brota um grandioso sinal (cf. Ap 12, 1).
 
A Mulher que aparece no céu está vestida de sol, tem a lua sob os pés, sob a cabeça uma coroa de doze estrelas e grávida, prestes a dar à luz, sofrendo as dores do parto (cf. Ap 12, 1-2). Esta visão da Mulher está intimamente ligada a Gn 3, 15-16, onde, após o pecado, a primeira mulher está em inimizade com a serpente e, consequentemente, também sua descendência herdará este conflito; ademais, a mulher dará à luz com dor, entretanto, mesmo na dor a vida continuará seu percurso e terá condições de obter a vitória na luta contra o mal.
 
A segunda visão, o Dragão (Ap 12, 3), é a representação do mal. Na tradição semita, tanto o Dragão quanto a Serpente seriam representações do mal, sempre hostis a Deus e ao seu povo. O v. 4 é uma alusão ao poder de Satanás que conseguiu concretizar a queda de muitos anjos maus, mas, em contexto eclesial, deixa bem evidente a força dos perseguidores da Igreja e o tamanho dos sofrimentos que esta enfrentava.
 
O v. 5 apresenta o nascimento do Messias, primeiro em sua realidade material, nascido do seio da Virgem Maria, mas este se expande no mistério da Igreja que o tem como cabeça e líder, por isso, sempre a Mulher está prestes a dar à luz ao Cristo, pois, a Igreja em sua vivência sacramental de fé dá ao mundo constantemente o Cristo. Justamente por haver inimizade entre o Dragão e a Mulher, este a persegue para devorar seu filho (v. 4), deixando claro que o mal não deseja a realidade da presença do Cristo, mas, o filho da Mulher não foi devorado, mas, saiu vitorioso e já está em seu trono celeste (v. 5b), isto é, o Cristo ascendeu a Deus.
 
O v. 6a demonstra a realidade terrena da Igreja: protegido por Deus, não foi devorada pelo Dragão, mas, encontrou um refúgio: o deserto. Lá o Dragão não pode sobreviver, pois, no deserto a Igreja se aparta do mundo mal e irá alimentar-se unicamente de Deus; justamente daí vem sua vitória proclamada no v. 10ab.
 
Justamente por este caráter misterioso e eclesial, desde muito cedo os primeiros cristãos também interpretaram este trecho da Escritura como manifestando a maternidade da Virgem Maria e mesmo sua presença em Deus, pois, ela seria este grande sinal aparecido no céu, garantido a vitória dos perseverantes na fé.
 
 
Salmo 44 (45), 10bc.11.12ab.16
 
O salmo de hoje é um salmo de realeza. Este tipo de salmo era executado em algum tipo de festividade da corte, onde era executado na presença do rei e seus dignitários. Ocasiões específicas podem ser festivais de entronização ou ascensão, aniversários de casamento, vitória sobre um inimigo, cura de uma doença, entre outros. De forma concreta o Salmo 45 apresenta um hino à vida e ao amor, descrevendo a cerimônia das núpcias no palácio real e exaltando a força e a beleza dos noivos. Lido pelo crivo cristão, o noivo é o próprio Cristo e a noiva a Igreja. Porém, por transposição a noiva é também interpretada como sendo Maria, a primeira a receber o Cristo.
 
 
2ª Leitura: 1Cor 15, 20-27a
 
A perícope de hoje é retirada da terceira parte da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios. Esta terceira parte é formada unicamente pelo capítulo 15, lugar em que o Apóstolo discorrerá sobre a ressurreição como um todo, ou seja, a realidade da ressurreição de Cristo e a nossa. O tema da ressurreição dos mortos é fundamental para a comunidade cristã de Corinto, mas, por causa da dificuldade dela em crer neste ponto central do querigma (cf. v. 12). Assim, para combater este erro fatal naquela comunidade, Paulo irá recorrer ao tema mais fundamental da pregação cristã: o mistério pascal da paixão-morte-ressurreição de Jesus Cristo (cf. v. 3-5), que ele desenvolve a partir das aparições do Ressuscitado (cf. v. 6-11), culminando em seu ensinamento de que não crer nesta realidade seria um absurdo (cf. v. 12-34). Portanto, demonstrando a realidade da ressurreição, Cristo é o primeiro, as primícias e mesmo a causa eficiente da ressurreição de todos os mortos (cf. v. 20-28), por isso, sua missão é a destruição de tudo o que impeça a concretização dos valores do Reino (cf. v. 24-27a).
 
Demonstrando que a ressurreição é abertura de vida para nova e mais qualificada existência, Paulo chama o Cristo de Novo Adão, evidenciando que do Velho Adão adveio sobre a humanidade a morte, mas, do Novo Adão, esta recebeu nova vida, entendida não apenas em sentido físico e biológico mas, envolvendo o homem como um todo: morte espiritual do pecado, vida renascida na justiça e no amor, como realidade para o presente (cf. v. 21-22).
 
 
Evangelho: Lc 1, 39-56
 
O Evangelho da Solenidade de hoje nos apresenta a visita de Maria a sua parenta Isabel (Lc 1, 39-56). Após dar seu sim a Deus e se colocar à inteira disposição ao serviço do Reino de Deus, Maria, cheia do Espírito Santo e já grávida do Filho de Deus (cf. Lc 1, 26-38), se coloca ao serviço daquela que mais necessidade tinha: Isabel, grávida já a seis meses.
 
De forma simples, podemos dividir em duas partes a perícope: a visita de Maria propriamente dita (Lc 1, 39-45) e o Cântico de Maria, o Magnificat (Lc 1, 46-56).
 
Visita a Isabel: é preciso ter em mente quem é aquela que vai visitar Isabel. Lucas apresenta, na anunciação (Lc 1, 26-38), quem é Maria: ela é “cheia de graça” e o “Senhor está com ela” (cf. Lc 1, 28), por sua forma de viver, Maria encontrou graça diante de Deus (cf. Lc 1, 30) e, por isso, é a escolhida para ser a mãe do Salvador (Lc 1, 31), ou seja, recebeu a graça das graças. Por aceitar esta graça divina em sua vida (cf. Lc 1, 38), Maria é aquela que está protegida pela sombra do altíssimo e está plena do Espirito Santo (Lc 1, 35), ou seja, Maria dizendo seu sim, é plenificada em sua existência pela presença da Santíssima Trindade.
 
Maria é apresentada neste trecho como a perfeita discípula: cheia de fé na palavra de seu Senhor (cf. v. 45), dirige-se aos necessitados (cf. v. 39) levando o Cristo pelos caminhos da vida (cf. v. 42) e tornando aqueles que com ela se encontram exultantes de alegria e plenas do Espírito Santo (cf. 41).
 
O Cântico de Maria (comentário da Bíblia de Jerusalém): “inspira-se no cântico de Ana (1Sm 2, 1-10) e em muitas outras agens do Antigo Testamento. Além das principais semelhanças literárias [...], notem-se os dois principais temas: 1. pobres e pequenos são socorridos, em detrimento de ricos e poderosos (Sf 2, 3+; cf. Mt 5, 3+); 2. Israel, objeto da graça de Deus (cf. Dt 7, 6+ etc), desde a promessa feita a Abraão (Gn 15, 1+; 17, 1+). Lucas deve ter encontrado este cântico no ambiente dos ‘pobres’, onde era talvez atribuída à Filha de Sião; julgou conveniente pô-lo nos lábios de Maria, inserindo-o em sua narrativa, que é em prosa”. Seja como for, Maria é o sinal da preferência divina pelos pequenos e, assim, Maria proclama e torna-se símbolo da inversão escatológica dos valores do Reino de Deus em relação à lógica opressora e mortífera dos poderosos deste mundo que não vivem a fé e não abraçam a vontade divina.
 
Autor: Pe. Bruno Alves Coelho, C.Ss.R.
 
 

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