11º Domingo do Tempo Comum – Ano A12/06/2020 231z1z
“O Reino dos Céus está próximo” (Mt 10, 7b)
Tema central da Liturgia da Palavra
O centro da liturgia de hoje é a escolha de um povo consagrado por parte de Deus, demonstrando, assim, sua proximidade junto a seu povo, utilizando de missionários para garantirem a integralidade e santidade de sua vontade para com todos e demonstrando que sua proposta é de vida plena para quem livremente aderir ao seu Reino (Primeira Leitura e Evangelho). Assim, a proximidade de Deus junto ao seu povo dá-se na gratuidade de seu generoso amor para conosco e não por méritos pessoais (Segunda Leitura).

1ª Leitura: Ex 19, 2-6a
A Primeira Leitura nos apresenta o processo de Aliança feito entre Deus e o povo libertado do Egito. Após três meses de marcha pelo deserto (cf. v. 1), o povo chega ao Sinai, lugar em que será celebrada a Aliança (v. 2-3a). Moisés será o grande porta-voz de Deus para com o povo (v. 3b).
É interessante notar que a celebração da Aliança implica o reconhecimento de que Deus olhou com predileção para aquele povo humilde que outrora era escravo no Egito. Ou seja, antes de celebrar a Aliança, Deus manifesta sua predileção por Israel, por isso efetuou sua prodigiosa libertação e proteção nestes três meses no deserto (cf. v. 4) e agora revela o motivo deste grande feito: se ele [o povo] aceitar ser a porção divina, ouvindo sua voz e respeitando suas ordens [Aliança] (v. 5), Israel será abençoado pela pertença a Deus e será para todas as nações o sinal da presença divina no mundo e qual o sua vontade para os povos: que sejam, a partir de seu povo eleito, um reino de sacerdotes [adoradores do único Deus] e uma nação santa [sociedade de amor e justiça] (cf. v. 6a).
Salmo 99 (100), 2.3.5 (R./ 3c)
O salmo é um Hino de Louvor entoado por fieis e peregrinos quando entravam no Templo. No rito processional de entrada, o povo era solenemente convidado a adorar e a entoar louvores ao único Deus verdadeiro que está junto ao seu povo!
2ª Leitura: Rm 5, 6-11
A radicalidade divina em salvar a humanidade, porém, fica evidente no momento em que o plano salvífico foi levado a cabo por Cristo: quando ainda éramos pecadores Deus, em Cristo Jesus, deu sua vida para que toda a humanidade vida tivesse (cf. v. 6-7). Assim, o amor de Deus pela humanidade fica eternamente gravado em sua doação gratuita: Cristo por nós morreu quando ainda éramos pecados (v. 8).
O otimismo paulino do destino dos reconciliados é evidente, pois, se quando éramos inimigos de Deus [pela vida no pecado], agora que já recebemos a justificação pela entrega do Filho Unigênito e, por viver esta fé, o cristão sabe-se destinado à salvação (cf. v. 9-10). Assim, o destino que nos aguarda enquanto homens e mulheres de fé, e que já vivemos assim no presente da vida, isto é, degustamos os frutos da justificação que nos conduzem à salvação, não são méritos nossos, mas graça divina; portanto, nossa glória não vem de nós mesmos, mas, da bondade de Deus à humanidade (cf. v. 11).

Evangelho: Mt 9, 36 – 10, 8
O evangelho de hoje nos apresenta o grande Sermão da Missão. Tematicamente podemos subdividir nossa perícope em três:
A compaixão de Jesus e a urgência da missão (Mt 9, 36-38): O contexto para a eleição dos Doze e sua participação na missão de Jesus fica bem clara no v. 35 (omitido na liturgia de hoje), em que Jesus percorre todos os povoados e cidades, ensinando nas sinagogas, proclamando a Boa Notícia do Reino de Deus e curando todos os doentes. Após este desgastante trabalho, a ênfase narrativa não recai sobre o próprio Jesus, mas sobre a multidão: a realidade daquelas pessoas era como a de um rebanho desprotegido, sem pastor que lhe alimentasse e lhe desse proteção, por isso, a multidão estava cansada e abatida (v. 36). Esta deplorável situação do Povo de Deus encontra compaixão no coração de Jesus. Assim, há o reconhecimento por parte do Mestre de que o trabalho do Reino de Deus era imenso, mas, os trabalhadores estavam em falta (v. 37). Daí, o ensinamento de Jesus da necessidade de pedir ao Pai por vocacionados ao trabalho do Reino (v. 38) a fim de que a Boa Notícia alcance a todos!
A escolha dos Doze (Mt 10, 1-4): Posta a dificuldade do povo, Jesus elege os Doze dentre seus discípulos. É interessante notar que a compaixão de Jesus pelo sofrimento do povo lhe move em direção ao descentramento da missão, ou seja, ele a sua autoridade de missionário do Reino de Deus para seus discípulos. Doze como simbolismo da integralidade do sonho de Deus para seu povo, ou seja, representando as Doze Tribos de Israel, totalidade e integralidade de um povo unido junto de seu Deus. O chamado é pelo nome (v. 2-4) e implica assumir a missão do Mestre em sua integralidade, por isso, os Doze têm a autoridade de Jesus: fazer o bem expulsando espíritos maus e curando os doentes (v. 1).
Instruções missionárias aos Doze (Mt 10, 5-8): Aqueles que receberam a missão, têm que respeitar as instruções prévias para o bom êxito do anúncio do Reino de Deus (v. 5). Esta missão comporta uma mensagem muito clara: “O Reino de Deus está próximo” (v. 7), ou seja, apesar do abatimento e sofrimentos da vida presente, o missionário é chamado a compartilhar esta grande esperança com aqueles que sofrem: Deus não está ausente e seu povo não está abandonado! Portanto, o missionário não anuncia o desastre ou a condenação, mas, sim a esperança e a realidade de um Deus que caminha com seu povo! Além da mensagem que deve ser dada integralmente, o missionário deve respeitar algumas atitudes práticas: ir primeiro aos judeus, numa clara atitude de recordação e chamado para a vivência da Aliança que, porventura, o povo eleito havia se esquecido (v. 6). E como sinal da proximidade divina, os Doze deveriam fazer o bem e nunca agirem com prepotência, pois, a autoridade que dispunham era graça legada a eles por Jesus e, assim, deveriam agir com o povo a quem foram enviados (v. 8).
Autor: Pe. Bruno Alves Coelho, C.Ss.R.