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4º DOMINGO DA PÁSCOA: BOM PASTOR01/05/2020 5n2dr


Autor: Pe. Bruno Alves Coelho, C.Ss.R. 302b14

Missionário Redentorista da Província do Rio.


 

 

4º Domingo da Páscoa
 
“Eu vim para que tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10bc)
 
Tema central da Liturgia
 
O Quarto Domingo da Páscoa, popularmente também chamado de Domingo do Bom Pastor por causa da temática bíblica, é um chamado especial para os cristãos fazermos um profundo exame de consciência e honestamente percebermos se temos ouvido a voz do Pastor que, como homens e mulheres de fé deveríamos sempre distingui-la em meio à barulheira dos tempos atuais; todavia, não basta ouvir e não seguir! Assim, recolhamo-nos em nossos corações e criemos ânimo de fé e prática de vida de seguirmos o Pastor que só quer nos conduzir à vida, e vida em abundância!
 
1ª Leitura: At 2, 14a.36-41
 
A fim de melhor nos situarmos neste texto bíblico, tomemos a introdução aos Atos dos Apóstolos da Bíblia da CNBB:
 
Os Atos dos Apóstolos (At) são a continuação do evangelho de Lucas, constituindo a segunda parte de sua obra. Narram a fase da História da Salvação que se seguiu à ressurreição e elevação de Jesus. Como o evangelho de Lucas, também este escrito não é historiografia no sentido científico moderno; não tem a pretensão de fazer uma reconstituição científica dos fatos, mas, baseando-se em fontes fidedignas, procura evocar o significado daquilo que aconteceu e, também, prestar homenagem aos primeiros evangelizadores e fundadores das Igrejas cristãs – especialmente Pedro, primeiro porta-voz da Igreja-mãe de Jerusalém, e Paulo, evangelizador dos gentios. Na parte que narra as viagens marítimas de Paulo, o autor se apresenta como companheiro de viagem, falando na forma “nós”.
 
O livro possui vinte e oito (28) capítulos e, do ponto de vista do conteúdo, pode ser dividido em três partes: I) Atos de Pedro: 1 – 15; II) Elo entre a primeira e a terceira parte: 13 – 15; III) Atos de Paulo: 13 – 28.
 
A perícope de hoje é a imediata sequência da perícope do domingo ado. Mas, a atenção hoje recai sobre o efeito da pregação de Pedro em seus ouvintes. A todos que ouvem Pedro (cf. v. 14a) no anúncio do querigma cristão (cf. v. 14-36), agora, escutam o encerramento do discurso petrino com a categórica afirmação: “Saiba, portanto, com certeza, toda a casa de Israel: Deus o constituiu Senhor e Cristo, este Jesus a quem vós crucificastes” (v. 36). A conclusão argumentativa de Pedro demonstra que o Jesus rejeitado e crucificado é o mesmo que, pela ressurreição, foi constituído Senhor e Messias: por isso, salvador e redentor de seu povo.
 
O discurso petrino tocou fundo no coração de muitos (cf. v. 37a) e, daí, nasceram as primeiras conversões ao cristianismo efetuadas pela pregação apostólica. É interessante notar que estas primeiras conversões ocorrem a partir da acolhida da palavra no coração e da livre busca para colocar em prática aquilo ouviram numa nova forma de vida (cf. v. 37).
 
A nova vida nascida da fé a ser assumida consta de três ações importantíssimas: o arrependimento (cf. v. 38a), o batismo (cf. v. 38b) e a perseverança na instrução dos apóstolos (cf. v. 40). Aqui, apenas uma importante e breve explanação sobre o “ser batizado em nome de Jesus”: esta expressão está mais em vista da fé a ser abraçada, ou seja, de que Jesus é o Cristo de Deus e que nesta fé estes que recebem o batismo lhe serão consagrados. Isto é, aqui não está em pauta a fórmula do rito batismal que é um mandato expresso do próprio Jesus (cf. Mt 28, 19), mas, algo que dela deriva e expressa a fé assumida e professada publicamente.
 
Por fim, embora haja a primazia dos judeus (cf. v. 39a) como destinatários da promessa, esta, não está restrita a eles, mas, é oferecida aos pagãos e a todos que o próprio Deus chamar (cf. v. 39bc).
 
Salmo 22 (23), 1-6 (R/. cf. 1.2c)
 
Este é um Salmo de Confiança no Senhor. Conforme Gunkel, “Estes salmos reformulam os salmos de lamento e mudam seu foco para uma expressão de crença e confiança, tanto que frequentemente a reclamação, a petição, e a certeza de ser ouvido desaparecem”. Outra característica importante é que este tipo sálmico geralmente falda do Senhor na terceira pessoa.
 
Especialmente neste salmo Deus é identificado como o pastor que cuida integralmente do salmista, por isso, nada lhe falta (cf. v. 1); ademais, o Pastor o conduz para verdes pastagens e para águas tranquilas (cf. v. 2), restaura suas forças e lhe conduz pelo caminho da justiça (cf. v. 3), por isso, mesmo que o salmista e por imensas dificuldades, não precisará temer pois, à sua frente, encontra-se o pastor a lhe defender (cf. v. 4). Estes quatro primeiros versículos estão em estreita sintonia com a autodefinição de Jesus no Evangelho de hoje: ele é o Pastor que conduz suas ovelhas para a vida. E a postura do salmista é a exigida por Jesus de suas ovelhas: por conhecerem sua voz, vão em seguimento após ele e, por isso, não precisam temer.
 
Os v. 5 e 6 demonstram a inteira confiança do salmista em seu Deus: ele não será decepcionado, mas, ao contrário, será recebido por seu Senhor no festim messiânico, vida eterna, o que, nas palavras de Jesus, é receber a vida, e vida em abundância!
 
2ª Leitura: 1Pd 2, 20b-25
 
Damos continuidade à leitura litúrgica da Primeira Carta de Pedro. Este livro bíblico nos acompanhará como segunda leitura dominical até o 6º Domingo da Páscoa. Aprofundemo-nos um pouco mais neste importante texto neo-testamentário a partir da introdução da Bíblia de Jerusalém.
 
 
Duas epístolas católicas se apresentam como escritas por são Pedro. A primeira, que traz no endereço o nome do príncipe dos apóstolos (1, 1), foi recebida sem contestação desde os primórdios da Igreja; citada provavelmente por Clemente de Roma e certamente por Policarpo, é atribuída explicitamente a são Pedro a partir de Irineu. O apóstolo escreve de Roma (Babilônia 5, 13), onde se encontra em companhia de Marcos, que chama de “seu filho”. Embora sejam muito poucas as informações que temos a respeito do fim de sua vida, uma tradição muito segura afirma, com efeito, que se transferiu para a capital do império, onde morreu mártir no tempo de Nero (em 64 ou 67?). Escreve aos cristãos da “Diáspora”, especificando os nomes de cinco províncias (1, 1), que representam praticamente o conjunto da Ásia Menor. O que diz do ado deles (1, 14.18; 2, 9s; 4,3) sugere que são convertidos do paganismo, embora não se exclua a presença de judeu-cristãos entre eles. É por isso que lhes escreve em grego; e, se este grego, simples, mas correto e harmonioso, parece de qualidade boa demais para o pescador galileu, conhecemos o nome do discípulo secretário que pode tê-lo assistido na redação: Silvano (5, 12), comumente identificado com o antigo companheiro de são Paulo (At 15, 22+).
A finalidade desta epístola é sustentar a fé dos seus destinatários em meio às provações que os assolam. Houve quem procurasse identificá-las com perseguições oficiais, tais como as de Domiciano ou mesmo de Trajano, o que suporia época bem posterior a são Pedro. Mas as alusões da epístola não exigem nada disso. Trata-se, antes, de prepotências, injúrias e calúnias que os convertidos sofrem, por causa de sua pureza de vida, da parte daqueles cujos desregramentos eles abandonaram (2, 12; 3, 16; 4, 4.12-16).
 
 
A perícope de hoje integra a parte dos deveres dos cristãos, de forma mais específica dos deveres dos cristãos para com os senhores exigentes (1Pd 2, 18-25). Este trecho da carta indica a origem de muitos cristãos daquele contexto: eram escravos muitas vezes submetidos a pesados castigos e exploração por parte de seus senhores.
 
É importante notar que a carta não encarna o espírito reivindicacionista de justiça social de nossos tempos atuais. A carta é o testemunho de uma forma de ser no século I onde o regime escravagista não era visto como errado, mas, como comum, por isso, não fazia parte do campo teológico daquela época uma luta pelo fim da escravidão.
 
Contudo, o cristão sabia de sua dignidade como filho de Deus em Jesus Cristo e, por isso, sabia-se peregrino neste mundo. Daí, o chamado a ar os sofrimentos do tempo presente em vista da morada definitiva com Deus. Esta consciência, por sua vez, era um silencioso e pacífico protesto contra os desmandos e arbitrariedades dos poderosos, expresso no chamado a ar os sofrimentos injustos assim como Cristo os nossos pecados assumiu (cf. v. 20-24). O fato é que o sofrimento sem Cristo não tinha razão de ser mas, sofrer agora com e como Cristo, faz sentido porque não mais estamos como ovelhas desgarradas (cf. v. 25a). Ou seja, o sofrimento injusto deve ser assumido como caminho de fé, fortalecendo os os no exemplo de Jesus (cf. v. 21b-24) que em suas feridas curou o mundo (v. 24c). Portanto, não usando de violência ou revolta, nem deixando de perseverar na fé por conta do sofrimento injusto, o cristão se reveste de Cristo e, fortalecido, é cuidado pelo Pastor que o guia e o guarda (cf. v. 25).
 
Evangelho: Jo 10, 1-10
           
O capítulo 10 do Evangelho de João é muito importante para a compreensão da missão de Jesus. Embora para nós, cristãos do século 21, a imagem do Bom Pastor possa parecer algo afável e doce, não é bem isto que ela evoca dentro da Tradição bíblica. O v. 11, mesmo não pertencendo à liturgia de hoje, narra Jesus se apresentando como sendo o Bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas. O sentido de “pastor” é muito caro para o povo judeu, pois, diz respeito à profecia de Ezequiel (Ez 34, 1ss) que, resumidamente, é uma denúncia aos maus líderes do povo que, por serrem maus pastores, conduziram o povo ao exílio babilônico por causa de uma vida pecaminosa, porém, é também um sinal de esperança, pois, se o povo por causa de maus pastores sofria a humilhação em terra estrangeira, Deus suscitaria um “bom pastor” (messias) que reconduziria seu povo às bênçãos prometidas.
 
Assim, quando Jesus se apresenta como sendo o Bom Pastor, ele quer dizer que nele se cumpriu a antiga promessa e ele é quem conduzirá o povo à vida, por isso, todos que vieram antes dele, no caso os líderes corruptos do povo aqui encarnados como os fariseus, são mentirosos e ladrões (cf. v. 8).
 
Também na construção narrativa do Evangelho de João a imagem do Bom Pastor vem como imediata reação de Jesus aos eventos do capítulo anterior, referido à cura do cego de nascença (cf. Jo 9, 1ss), em que os fariseus presentes são publicamente acusados de serem maus líderes e, consequentemente, impedirem que o povo tivesse nova vida, que abraçassem a luz (cf. Jo 9, 39-41). Justamente por esta resistência, Jesus se apresenta como Pastor e conta aos seus ouvintes duas parábolas.
 
Jesus Pastor (Jo 10, 1-6): Jesus inicia a primeira parábola definindo bem quem são os maus pastores, ou seja, define quem é a atual liderança do povo (cf. v. 1): são ladrões, isto é, exploradores do povo em todos os sentidos, e também são assaltantes, ou seja, tomam de assalto o povo, usam de violência; mas, fazem isso de forma ilegítima porque usurparam a liderança: entram por lugar indevido, daí, não receberam autoridade divina para este pastoreio. Por outro lado, Jesus é o Pastor porque ele entra pela porta (v. 2), ou seja, tem a licença e a autoridade divinas para o pastoreio do povo, pois a este o porteiro (Deus) abre (cf. v. 3a). Por ar pela porta (por ter a autoridade de Pastor), Jesus se dirige às suas ovelhas individualmente, as conhece por seu nome (v. 3b), isto é, o Pastor se aproxima de cada pessoa respeitando suas histórias pessoais e compreende seus dramas; e as conduz para fora (v. 3c), significando que não permanecerão no redil da opressão judaica, mas, pastagens novas devem ser buscadas, vida nova deve ser acolhida.
 
Fica claro que o Pastor não se importa com grandes números, pois, só conduz para fora aquelas que são suas (v. 4a), ou seja, as que conhecem sua voz e livremente aceitam seu chamado, e vão caminhando após ele, pois, o Pastor é o guia e as ovelhas são os discípulos (cf. v. 4b). Assim, fazendo este caminho espiritual e existencial de aceitar o chamado do Pastor, reconhecer sua voz no vozerio do mundo e colocar-se após ele em atitude de caminhada e discipulado, fará com que estas ovelhas não sigam mais os maus pastores e, consequentemente, não mais serão exploradas e violentadas (cf. v. 5). Finalmente, o evangelista deixa claro que as lideranças bem instaladas e opressoras deste mundo não têm condições de reconhecerem sua voz, ou seja, não pertencem ao seu redil (cf. v. 6).
 
Jesus Porta (Jo 10, 7-10): aqui Jesus se identifica com a Porta das ovelhas (cf. v. 7), indicando sua natureza divina e a dignidade de sua missão. Sua autodefinição como porta tem dupla implicação para todo o povo, de um lado para os líderes e, por outro, para todo o povo em geral. No tocante à liderança, significa que todos os que assumiram o pastoreio do povo sem ar pela porta, ou seja, sem receberem a autoridade divina de conduzir o povo as pastagens livres de com vida em abundância, mas, ao contrário, apenas explorou o povo, não são líderes, mas ladrões (cf. v. 8.10a).
 
Assim, os líderes do povo, para terem real autoridade, devem ar pela porta e conduzirem as ovelhas à abundância, à vida e à construção de uma sociedade melhor (cf. v. 10). No que se refere ao povo em geral, às ovelhas, ar pela porta é critério único de se encontrar novas pastagens e salvação (cf. v. 9), pois, a missão de Jesus é que tenham vida e vida em abundância (v. 10bc). Todavia, para que as ovelhas em pela Porta é necessário ter em mente e no coração o caráter do discipulado evocado na parábola anterior, ou seja, quem não acolhe integralmente os valores do Reino de Deus e os coloca em prática, não tem condições de ar pela Porta.

 

 
 

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