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3º DOMINGO DA PÁSCOA24/04/2020 706u4f


Autor: Pe. Bruno Alves Coelho, C.Ss.R. 302b14

Missionário Redentorista da Província do Rio.


 

3º Domingo da Páscoa

“Fica conosco, Senhor, é tarde e a noite já vem” (Lc 24, 29a)
 
 
 
Tema central da Liturgia
 
O Terceiro Domingo da Páscoa é um grande chamado à fé em Deus que não nos abandona, mas, compreendendo as dores de nosso coração sincero caminha conosco e nos atende em nossos pedidos. A fim de não permanecermos perdidos ou sem um rumo seguro para que o possamos encontrar, nosso Senhor deixou um importante sacramento de sua presença: em comunidade, ouvindo sua palavra e partindo o pão, temos condições de reconhecer sua presença em nossas vidas! Que a certeza da ressurreição seja nossa força para enfrentarmos dignamente as dificuldades próprias da vida presente.
 
1ª Leitura: At 2, 14.22-33
 
A fim de melhor nos situarmos neste texto bíblico, tomemos a introdução aos Atos dos Apóstolos da Bíblia da CNBB:
 
Os Atos dos Apóstolos (At) são a continuação do evangelho de Lucas, constituindo a segunda parte de sua obra. Narram a fase da História da Salvação que se seguiu à ressurreição e elevação de Jesus. Como o evangelho de Lucas, também este escrito não é historiografia no sentido científico moderno; não tem a pretensão de fazer uma reconstituição científica dos fatos, mas, baseando-se em fontes fidedignas, procura evocar o significado daquilo que aconteceu e, também, prestar homenagem aos primeiros evangelizadores e fundadores das Igrejas cristãs – especialmente Pedro, primeiro porta-voz da Igreja-mãe de Jerusalém, e Paulo, evangelizador dos gentios. Na parte que narra as viagens marítimas de Paulo, o autor se apresenta como companheiro de viagem, falando na forma “nós”.
 
O livro possui vinte e oito (28) capítulos e, do ponto de vista do conteúdo, pode ser dividido em três partes: I) Atos de Pedro: 1 – 15; II) Elo entre a primeira e a terceira parte: 13 – 15; III) Atos de Paulo: 13 – 28.
 
Nossa perícope encontra-se na primeira parte do livro e apresenta uma parte do discurso de Pedro à multidão. É preciso lembrar que este discurso petrino ocorre na festa de pentecostes, ou seja, após receberem o Espírito Santo, mas, os judeus encontravam-se reunidos em Jerusalém para a festa da colheita. O v. 14 serve de moldura à sequência da narração. Pedro chama a atenção de todo o povo ali reunido para a importância de suas palavras (cf. v. 22a). As palavras de Pedro são o testemunho da pregação apostólica primitiva, ou seja, o querigma, do qual aqui temos a primeira exposição: Jesus, o Nazareu, fora homem aprovado por Deus diante de todos com prodígios, sinais e milagres, tudo obra divina realizada por meio dele (cf. v. 22), ele foi entregue por presciência divina, ou seja, ele cumpriu o desígnio de Deus, mas, os judeus o mataram entregando-o aos romanos (cf. v. 23), entretanto, Deus o retirou do domínio da morte e o ressuscitou (cf. v. 24).
 
Pedro atrela seu discurso da novidade cristã à tradição bíblica ao afirmar que o Salmo 16, 8-11, citado nos v.25b-28, era já uma prenunciação de Davi sobre Jesus Cristo (cf. 29-32). E era justamente o cumprimento destas maravilhas que todos acabaram de testemunhar (cf. 33).
 
Salmo 15 (16), 1-2a.5.7-11 (R/. 11ab)
Este é um Salmo de Confiança no Senhor. Conforme Gunkel, “Estes salmos reformulam os salmos de lamento e mudam seu foco para uma expressão de crença e confiança, tanto que frequentemente a reclamação, a petição, e a certeza de ser ouvido desaparecem”. Outra característica importante é que este tipo sálmico geralmente falda do Senhor na terceira pessoa.
 
2ª Leitura: 1Pd 1, 17-21
Damos continuidade à leitura litúrgica da Primeira Carta de Pedro. Este livro bíblico nos acompanhará como segunda leitura dominical até o 6º Domingo da Páscoa. Aprofundemo-nos um pouco mais neste importante texto neo-testamentário a partir da introdução da Bíblia de Jerusalém.
 
 
Duas epístolas católicas se apresentam como escritas por são Pedro. A primeira, que traz no endereço o nome do príncipe dos apóstolos (1, 1), foi recebida sem contestação desde os primórdios da Igreja; citada provavelmente por Clemente de Roma e certamente por Policarpo, é atribuída explicitamente a são Pedro a partir de Irineu. O apóstolo escreve de Roma (Babilônia 5, 13), onde se encontra em companhia de Marcos, que chama de “seu filho”. Embora sejam muito poucas as informações que temos a respeito do fim de sua vida, uma tradição muito segura afirma, com efeito, que se transferiu para a capital do império, onde morreu mártir no tempo de Nero (em 64 ou 67?). Escreve aos cristãos da “Diáspora”, especificando os nomes de cinco províncias (1, 1), que representam praticamente o conjunto da Ásia Menor. O que diz do ado deles (1, 14.18; 2, 9s; 4,3) sugere que são convertidos do paganismo, embora não se exclua a presença de judeu-cristãos entre eles. É por isso que lhes escreve em grego; e, se este grego, simples, mas correto e harmonioso, parece de qualidade boa demais para o pescador galileu, conhecemos o nome do discípulo secretário que pode tê-lo assistido na redação: Silvano (5, 12), comumente identificado com o antigo companheiro de são Paulo (At 15, 22+).
 
A finalidade desta epístola é sustentar a fé dos seus destinatários em meio às provações que os assolam. Houve quem procurasse identificá-las com perseguições oficiais, tais como as de Domiciano ou mesmo de Trajano, o que suporia época bem posterior a são Pedro. Mas as alusões da epístola não exigem nada disso. Trata-se, antes, de prepotências, injúrias e calúnias que os convertidos sofrem, por causa de sua pureza de vida, da parte daqueles cujos desregramentos eles abandonaram (2, 12; 3, 16; 4, 4.12-16).
 
 
A perícope de hoje é praticamente uma catequese batismal: chamados à fé em Deus, por meio de Jesus Cristo (cf. v. 21), precisamos entender e crer quem é Deus e quem é Jesus Cristo: nossa fé não está colocada num Deus que nos resgatou por alto preço, não por coisas perecíveis como ouro e prata, mas com o sangue de seu Filho (cf. v. 18-19). Este Filho já era desde antes da fundação do mundo, mas, por amor divino à humanidade agora foi revelado a ela (cf. v. 20). Assim, se cremos que Deus o ressuscitou dos mortos por nossa causa (cf. v. 21a), podemos chamar a Deus de Pai e termos a confiança de que perseverando em seu caminho não seremos abandonados (cf. v. 17a) e nossa consciência de peregrinos nesta terra deve nos motivar ainda mais à perseverança (cf. v. 17b).
 
Evangelho: Lc 24, 13-35
 
            O trecho do Evangelho de hoje é muito significativo para cada um de nós, pois, sua cena ocorre após a ressurreição. Porém, os dois discípulos em fuga de Jerusalém para Emaús não faziam ideia de que Jesus havia ressuscitado, assim, os únicos sentimentos que nutriam em sua caminhada eram o de fracasso, decepção e medo. Conversavam sobre o que havia acontecido com Jesus, ou seja, sua paixão e morte, e tinham semblante abatido (cf. v. 14.17b). Enquanto isso faziam, isto é, caminham em fuga e conversavam tristemente, o próprio Jesus ressuscitado se aproxima deles e com eles começa a caminhar (cf. v. 15).
 
            A aproximação do Cristo ressuscitado aos seus discípulos de ânimo abatido é muito importante para a fé cristã: do ponto de vista dos discípulos sofredores, eles não têm a menor condição de reconhecer quem era aquele peregrino e, meio que surpresos, chegam a censurar a pergunta daquele estranho desinformado (cf. v. 17-18). Já do ponto de vista de Jesus ressuscitado, a narração demonstra que os discípulos não o reconhecem – e isto é recorrente em todas as primeiras aparições de Jesus aos discípulos tanto na narração lucana quanto na joanina – num primeiro instante, mas somente alguma palavra ou sinal. A razão disso é que, permanecendo inteiramente idêntico a si mesmo, o corpo do Ressuscitado encontra-se num estado novo, que modifica sua forma exterior e o liberta das condições sensíveis deste mundo. Simplificando, Jesus é o mesmo de sempre, mas, sua forma exterior já é diferente porque ressuscitou! O que atesta isto é que embora ele tenha a mesma preocupação com seus discípulos, por isso deles se aproxima em seu sofrimento e pede para que contem o que houve, num claro gesto de ajuda, eles por sua vez não têm condições de reconhece-lo em sua forma física.
 
            Voltando à narração evangélica, fica evidente que os discípulos não acolheram a dimensão do sofrimento como projeto de Deus, pois, ao longo do caminho eles narram ao estranho o que eles entenderam da pessoa de Jesus (cf. v. 19-21): Jesus, o Nazareno, era um grande profeta em obra e palavras diante de Deus e diante do povo (v. 19); tinham a esperança de que ele fosse redimir Israel (v. 21a), mas ele fora condenado e entregue à morte de cruz pelos chefes e sumo sacerdotes (v. 20), e tudo isto já tinha ocorrido há três dias (v. 21b). Ou seja, os discípulos de Emaús se encantaram por Jesus em seu ministério público por conta de suas obras e palavras, tinham fé de que ele era o Redentor, por isso, esperavam ter se aliado a um líder que experimentaria apenas o sucesso, compartilhando tudo com seus seguidores. Quando ocorre o fracasso da cruz, eles mostraram que não acolheram as palavras de Jesus sobre seu sofrimento... justamente por terem suas expectativas frustradas tão drasticamente não tinham condições de esperar a ressurreição e meio que desdenham do testemunho das mulheres e da comunidade (cf. v. 22-24).
 
            Chegados a este ponto, após terem dito tudo que se ava em seus corações dolorosos, Jesus lhes vem ao socorro em sua misericórdia: com carinho e objetivo lhes censura sua fé fraca na Palavra de Deus (cf. v. 25) e começando por Moisés e percorrendo todos os Profetas (v. 27) demonstra como o Cristo deveria sofrer tudo o que eles testemunharam antes de entrar na sua glória (v. 26).
 
            Após boa caminhada e muita catequese ao longo do caminho, chegaram a Emaús ao fim da tarde e Jesus fez que ia mais adiante (cf. v. 28). Os discípulos já com Jesus acolhido no coração, mas, sem o notar conscientemente ainda, insistem para que o peregrino com eles fique (cf. v. 29). Eis que aqui a grande surpresa: ao pedir que o peregrino com eles ficasse e se colocando à mesa juntos, seus olhos testemunham Jesus abençoando e partindo o pão entre eles (v. 30), na mesma hora seus olhos se abriram e reconheceram o Senhor que, por sua vez, ficou invisível diante deles (v. 31), pois, não precisavam mais de sua presença física e visível, pois, o coração já estava novamente abrasado e aquecido (cf. 32) e o medo havia se dissipado e voltaram para Jerusalém(cf. v. 33). Chegados lá, têm sua fé confirmada pela comunidade que permanecia reunida (cf. v. 34).

 

            O relato dos discípulos de Emaús é fundamental para nossa caminhada de fé: independentemente da situação pela qual amos e se temos maiores ou menores condições de percepção da presença de nosso Bom Deus em nossas vidas, se mantivermos as portas do coração abertas para Ele, seguramente em sua misericórdia Ele de nós se aproximará. Outro ponto importantíssimo é que a boa instrução da Palavra de Deus é fundamental para compreendermos quem é Jesus e acolhermos sua pessoa real e não apenas aquilo que gostamos ou gostaríamos que fosse. Finalmente, o lugar teológico por excelência onde descobrimos a presença real do Cristo ressuscitado é na fração do pão, ou seja, na Eucaristia: a liturgia cristã principal que reúne a comunidade para fazer como Jesus fez e confirmarmos nosso caminho de seguimento.
 

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